Endurecimento de Miriam desgasta imagem de Dilma

Ministra Miriam Belchior não negocia com grevistas e leva funcionários públicos a radicalizar contra figura da presidente; policiais federais promovem enterro simbólico e até queimam caixão com a foto de Dilma em Goiânia; greve que agrega agora 26 categorias esboça anarquia no funcionalismo

09 de Agosto de 2012 às 20:08

247 – A presidente Dilma Rousseff começa a ser questionada diretamente na greve de servidores públicos federais que se espalha pelo País. Na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, pelo segundo dia consecutivo houve conflitos entre grevistas e policiais militares. Os manifestantes tinham como palavra de ordem a frase "A greve continua, Dilma a culpa é sua". Em Goiânia, policiais federais em greve resolveram radicalizar no protesto. Além de promoverem um enterro simbólico, com uma foto da presidente sobre um caixão, também foi ateado fogo na esquife. O ato foi realizado por cerca de 1,5 mil pessoas, que tomaram as principais avenidas da cidade e cercaram a Praça Cívica, onde fica a sede administrativa da capital goiana.

Em setores do governo, o desgaste sobre a imagem da presidente vai sendo atribuído à falta de tato no comando das negociações com a categoria da ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Ao não tomar a frente, publicamente, em entrevistas diárias sobre o movimento, a ministra estaria deixando de cumprir um papel estratégico como anteparo de críticas à presidente. Com Miriam ausente, Dilma passou a sofrer ataques diretos. No primeiro momento, a avaliação no ministério foi o que a greve não de adensaria, e por isso não houve pressa em se fazer contas para oferecer algum índice de reajuste salarial para as diferentes categoria. O impasse aberto com a falta de proposta foi, nos últimos 30 dias, aproximando cada vez mais entidades de servidores da greve, que agora já atinge 26 categorias profissionais. Elas formam um contingente de 350 mil funcionários. A radicalização dos protestos transforma o que inicialmente era um movimento isolado numa situação de anarquia generalizada entre o funcionalismo.

Apenas o Ministério da Educaçã conseguiu formular uma proposta concreta para os docentes em greve, com reajustes de até 40% nos atuais vencimentos. Essa proposta foi aceita pelas principais entidades da categoria. No global, porém, o governo ainda não tem uma proposta formalizada. "Precisamos de mais tempo para formular uma proposta consistente", diz a ministra Miriam, que vai sendo taxada pelos grevistas como extremamente dura. Para quebrar a resistência da ministra, que na prática é a líder do governo diante dos grevistas, até mesmo o ex-presidente Lula foi procurado por sindicalistas. Há uma corrente dentro do governo que defende o oferecimento imediato de uma proposta concreta para o fim da greve, enquanto no entorno da ministra do Planejamento ainda vigora a posição de endurecer nas negociações. Enquanto o governo não decide qual posição adotar, a imagem da presidente vai-se desgastando em praça pública, a cada nova manifestação dos servidores.

Protesto da PF em Goiãnia

Manifestação de policiais federais parou o trânsito no Centro de Goiânia na manhã desta quinta-feira 9. O grupo, composto por cerca de 1,5 mil pessoas, protestou pelas avenidas Anhanguera, Tocantins e Araguaia em ritmo de marcha fúnebre e ainda fecharam o anel interno da Praça Cívica, gerando tumulto no trânsito da região.

No ponto alto da marcha, os manifestantes chegaram a queimar um caixão com a foto da presidente Dilma Rousseff (PT). De acordo com o repórter da Rádio CBN Goiânia, Bruno Nascimento, alguns servidores públicos federais disseram que integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estavam infiltrados no protesto. Os profissionais exigem reajuste salarial e planos de carreira por parte do governo Dilma.

A manifestação foi organizada pelo Sindicato dos Policiais Federais em Goiás (SINPEFGO), dos Policiais Rodoviários Federais de Goiás (SINPRF-GO), dos Policiais Civis do Estado de Goiás (Sinpol-GO), dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (SINTSEP-GO), dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior do Estado de Goiás (SINT-IFESgo) e dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg).

UFG

Na contramão de outras categorias, os professores da Universidade Federal de Goiás (UFG) já caminham para aceitar de forma definitiva a proposta do governo federal e retomarem as aulas. A diretoria da Associação dos Professores da UFG (Adufg) realizou esta semana reuniões em unidades acadêmicas da universidade para debater o acordo assinado entre o ProIfes-Federação e o governo federal. Os professores do Instituto de Matemática e Física deliberaram pelo apoio ao acordo e pelo fim da greve.

A expectativa é de que a situação dos professores da UFG seja resolvida na próxima assembleia da ,Adufg que vai acontecer na próxima terça-feira no Centro de Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal, no Câmpus Samambaia.

Fonte: Portal de Notícias em Rondônia