Alunos de universidades federais não terão visto para trabalhar na Disney

Greve faz universitários perderem direito a visto para intercâmbio.
Governo dos EUA não dará visto que permite o trabalho temporário. 

Um grupo de estudantes de universidades federais não vai poder participar de um programa de intercâmbio de turismo e trabalho nos parques da Disney, nosEstados Unidos. O visto para estudantes de instituições federais foi negado pelo governo dos Estados Unidos porque, de acordo com a embaixada norte-americana, no período do intercâmbio (de dezembro a fevereiro de 2013), os alunos estarão repondo as aulas perdidas durante a greve, que durou quatro meses e terminou em meados de setembro.

A recusa do consulado em emitir o visto do tipo J1, que permite a estudantes de intercâmbio trabalhar temporariamente, causou revolta entre os estudantes que participaram do processo de seleção do programa chamado Disney International College Program, representado noBrasil por algumas agências credenciadas, entre elas a Agência STB (Student Travel Bureau). Segundo estudantes ouvidos pelo G1, além de ter frustrada a expectativa de participar do programa, eles perderam dinheiro. Alguns tiveram de viajar de um estado para outro para fazer provas da seleção e já tinham comprado as passagens. Cerca de 200 alunos estariam como o problema. A STB, porém, não confirma o número.

O programa prevê uma temporada três meses nos Estados Unidos. Nos dois primeiros os brasileiros trabalham nos parques da Disney e no último viajam. Para o embarque, além do visto, o estudante precisa ter uma liberação da universidade, já que o intercambista tem de voltar para o Brasil e aos estudos.

Julia Peres é aluna da UFG, e teve o visto negado
(Foto: Arquivo pessoal)

Estudante de relações públicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), Júlia Jessica de Lima Peres, de 20 anos, foi uma das barradas pelo consulado americano por causa da mudança no calendário acadêmico. A jovem diz que quando a instituição paralisou as atividades, em junho, a empresa responsável pela seleção do intercâmbio teve ciência e manteve os estudantes no processo.

“Fiquei muito chateada, criamos expectativas, já comprei passagem, gastei uns R$ 4.000. Sei que a experiência seria muito boa para meu futuro pessoal e profissional. A greve foi um movimento imposto, os professores têm o direito de reivindicar, mas não podemos ser prejudicados”, afirma Jéssica. A estudante diz que a Disney é a maior empresa de entretenimento do mundo e trabalhar lá traria muito aprendizado e peso ao currículo. Além disso, Jéssica afirma que tem o apoio da UFG e que não haveria prejuízo perder aulas no período da viagem.

Daniel da Silva Felipe Amoreira, de 20 anos, é aluno do curso de relações internacionais de uma universidade particular do Rio de Janeiro, e vai fazer o intercâmbio. Ele não teve problemas com o visto porque sua escola é particular, não aderiu à greve e o calendário escolar não terá mudanças.

“Eu vou, mas meus amigos não. Tem gente de todo o Brasil, mas acho que metade é aluno de federal. Acho que perder aulas ou não tinha de ser uma escolha do estudante, não da embaixada americana”, diz Amoreira.

Uma estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que pediu para não ser identificada nesta reportagem, afirmou que em nenhum momento foi alertada de que a greve nas universidades federais poderia prejudicar sua participação no intercâmbio. “Já gastei R$ 2.100 com passagens e um seguro de R$ 400. Além disso, meus professores já tinham me liberado para viajar”, afirma a universitária.

'Decisão do consulado é soberana'
Em nota, a STB informou que ao longo do processo seletivo do programa, todos os participantes estavam cientes, de que caso ocorresse alteração no calendário acadêmico, o embarque poderia estar comprometido. A empresa ainda afirmou que entende que a decisão do consulado é soberana e a respeita, por mais que esteja contra os seus interesses e de seus clientes.

A STB disse que avalia soluções personalizadas e que os estudantes que não puderem embarcam estarão automaticamente aprovados e convidados a participar da segunda etapa do processo seletivo do programa, em 2013/2014, desde que atendam aos critérios.

Programa prevê trabalho nos parques da Disney
(Foto: TV Globo/Reprodução)

De acordo com o regulamento para a participação do programa Summer Work Travek, disponibilizado no site do Governo dos Estados Unidos, os estudantes do último ano podem participar durante as férias de sua graduação, ou imediatamente após a formatura. Além disso, “a menos que sejam estudantes do último ano, os participantes devem demonstrar idoneidade enquanto alunos que estão mantendo seu status de estudante e estão buscando ativamente seu diploma pelo seu sistema educacional local. Os alunos devem estar realmente frequentando as aulas”.

De acordo com a assessoria de imprensa da Embaixada dos Estados Unidos, o programa tem a duração de três meses para que os estudantes possam fazê-lo durante as férias sem afetar de forma alguma o calendário acadêmico. Como por causa da greve os alunos terão apenas alguns dias de férias, entre Natal e Ano Novo, o o Departamento de Estado decidiu, após discussões com o consulado, não permitir a participação destes alunos de universidades federais. Ainda segundo a embaixada, os estudantes das federais que estavam aprovados no programa terão de fazer todo o processo seletivo novamente. O reembolso terá de ser solicitado com a agência de turismo onde as passagens foram compradas.

O problema pode voltar a se repetir para 2013, uma vez que muitas unviersidades federais terão o início do ano letivo entre abril e maio do ano que vem, e as aulas poderão invadir inclusive o início de 2014.

Fonte: G1