Prazer em conhecer

Professora da UFG lança livro com propostas para o ensino da gramática

O Popular - 13 de novembro de 2012

O que é certo ou errado na utilização da Língua Portuguesa? A pergunta é simplória demais e os termos não contemplam a complexidade do nosso idioma, seja ao escrever ou ao falar, como ensina a professora aposentada da UFG, Elísia Paixão de Campos, no livro Por um Novo Ensino de Gramática – Orientações Didáticas e Sugestões de Atividades. A publicação será lançada hoje, às 20 horas, no Centro Cultural UFG. O livro foi editado pela Cânone Editorial.

Com mais de 40 anos dedicados ao estudo da Língua Portuguesa, 33 deles em sala de aula, Elísia é professora aposentada da Universidade Federal de Goiás e conta que seu maior interesse pela gramática foi, logo no início da carreira, a percepção da presença de vários vícios do ensino gramatical. “Antigamente havia muito o que se chama de decoreba, o repasse de conceitos e normas sem a possibilidade de reflexão. Isso me levou a querer colocar em discussão conceitos para entender o funcionamento da Língua Portuguesa, uma reflexão que eu levo para o livro e que não se aplica somente para a gramática”, esclarece Elísia.

Ela comenta, por exemplo, polêmicas recentes em que livros aprovados pelo Ministério da Educação estariam promovendo o “ensino do erro”. “Na verdade, o que é preciso é que o professor entenda o conceito de variedade linguística. Na escola pratica-se a variedade culta na fala e na escrita para o aluno. Porém, o professor tem de levar em consideração que a dinâmica entre as variedades vai muito além do certo e do errado. O aluno, no entanto, precisa aprender sobre a adequação do uso da linguagem culta”, destaca a professora.

Elísia lembra ainda que cada aluno já chega na escola como conhecedor de uma determinada variedade línguística e que a escola tem de valorizar esse conhecimento do aluno. Ela dá como exemplo o caso de dois irmãos, vindos do meio rural, que se matricularam numa unidade de ensino na cidade. Logo o jeito deles falarem foi classificado pelo professor como errado e caipira. Um dos irmãos, um menino, desistiu diante da humilhação e a menina acabou se tornando uma professora. “O certo é mostrar que há novas possibilidades de expressão além daquela aprendida em casa e na comunidade. O aluno que aprende essas variedade torna-se praticamente um poliglota dentro da própria língua”, observa Elísia.

O ensino da Língua Portuguesa enfrenta hoje algumas novidades com o advento da internet e também as recentes mudanças ortográficas. Para a autora, o chamado “internetês”, muito utilizado pelos jovens, é uma variedade como outra qualquer. “Ela não precisa ser negada nem demonizada: os jovens só precisam entender que seu uso é restrito. Por outro lado, acho até que a internet fez com que as pessoas voltassem a utilizar a escrita para se comunicar”, pondera.

Quanto às reformas ortográficas, observa, “não são tão problemáticas assim”. “As reformas referem-se a algumas regras, destacadamente o hífen. São questões simples de resolver com a consulta a um dicionário ou a uma gramática. Não podemos demonizar nada e sim lembrar que o aprendizado da Língua Portuguesa, e da gramática em particular, faz a gente aprender a se comunicar e a refletir.”, conclui.

Evento: Lançamento do livro Por um Novo Ensino de Gramática – Orientações Didáticas e Sugestões de Atividades

Autora: Elísia Paixão de Campos

Data: Hoje, às 19 horas

Local: Centro Cultural UFG (Praça Universitária)