Baixa quantidade de vagas se reflete na falta de especialistas

Déficit na rede básica de Saúde de Goiânia atualmente é de 66 especialistas. Crescimento dos cursos pode agravar quadro

 

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Residência médica

Baixa quantidade de vagas se reflete na falta de especialistas

Déficit na rede básica de Saúde de Goiânia atualmente é de 66 especialistas. Crescimento dos cursos pode agravar quadro

Deire Assis 20 de janeiro de 2013 (domingo)

 

Goiás oferece hoje praticamente a metade de vagas de residência médica necessárias à formação de especialistas, considerando a quantidade de vagas oferecidas pelas faculdades de medicina existentes hoje: 420 vagas em instituições de ensino superior e 226 para residência médica em hospitais do Estado. O reflexo dessa equação é o déficit de especialistas nas redes pública e privada, condição que deve se agravar segundo estudos já realizados. Nas unidades básicas de saúde da capital, esse déficit é atualmente de 66 especialistas. Ao todo, 15 mil médicos se formam no Brasil a cada ano, onde são oferecidas apenas 2,6 mil vagas de residência médica.

O número de vagas é tão baixo que a concorrência em alguns serviços se assemelha a um vestibular. No Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), 540 médicos disputam o processo seletivo atualmente em curso para o preenchimento das 88 vagas de residência oferecidas pela instituição. A situação em Goiás, especialmente, tende a piorar tendo em vista que apenas a UFG e a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) já formam turmas anuais. No final deste ano, entretanto, será formada a primeira turma da Faculdade de Medicina do Centro Universitário de Anápolis (UniEvangélica), que realiza dois vestibulares por ano com 55 vagas cada. Aprovado este ano, o curso de Medicina da Universidade de Rio Verde também lançará no mercado 120 médicos por ano.

De acordo com o médico anestesiologista coordenador da Comissão de Residência Médica do HC-UFG, Onofre Alves Neto, as principais dificuldades em se ampliar o número de vagas de residência estão relacionadas com a organização dos serviços de saúde, com a disponibilidade de médicos professores, com a falta de estrutura e organização dos hospitais e com a burocracia existente atualmente em relação à residência médica. Soma-se a isso, destaca, a dificuldade de pagamento das bolsas de residência médica, atualmente em torno de R$ 2.400,00 por cada residente/mês.

“Toda Faculdade de Medicina deveria oferecer, no mínimo, o mesmo número de vagas de seus formandos/ano. A Faculdade de Medicina da UFG está perto disto: forma 110 alunos/ano e em 2013 está oferecendo 88 vagas para a residência médica. Mas existem faculdades que formam um sem número de alunos e não oferece nenhuma vaga de residência médica”, critica o coordenador.

É por meio da residência médica que o profissional que concluiu seus seis anos de curso deixa de ser generalista e passa a atuar em determinada especialidade. Determinada unidade só pode oferecer residência médica, após ser avaliada e credenciada pela Comissão Nacional de Residência Médica, órgão do Ministério da Educação. Para tanto, é preciso que o hospital preencha vários requisitos, como número de atendimentos, número de cirurgias, números de professores/orientadores, abrangência do serviço, e local de estudo/ensino para os residentes, entre outros.

“Existem faculdades que formam um sem número de alunos e não oferece nenhuma vaga de Residência Médica.”

Onofre Alves Neto, médico anestesiologista e coordenador da Comissão de Residência Médica do HC-UFG.

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Fonte: O Popular