Goiânia deverá registrar em 2013 novo recorde nos casos de dengue. A Prefeitura calcula que o número de infectados possa chegar a 50 mil. O máximo de casos foi registrado em 2010, quando 44.187 pessoas contraíram a doença. O cenário desanimador é provocado por nova epidemia, desta vez do tipo 4 da doença. Há também aumento nos registros do tipo 1.
A diretora de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Flúvia Amorim, afirma que o município está preparado para atender 50 mil casos. A Prefeitura começou ontem a instalar 80 leitos nos auditórios de 4 Centros de Assistência Integral a Saúde (Cais): Vila Nova, Novo Horizonte, Campinas e Goiá. “A gente estima ficar igual ou maior que 2010”, afirma.
Amorim diz que as dez primeiras semanas do ano - que coincidem com o período de chuvas e calor do verão - são a fase crítica de disseminação dos vírus: “Ainda não chegamos nas semanas com o número máximo de casos. Temos dez semanas com crescimento e ainda estamos na quarta.”
O último boletim, divulgado na quarta-feira, registra 8.486 casos. Da primeira para a segunda semana houve aumento de quase um terço nos casos. Da segunda para a terceira o crescimento foi de 17,4%; e da terceira para a quarta, 11,2%. Embora o porcentual de aumento esteja diminuindo, Flúvia Amorim afirma que o período mais crítico ainda não chegou.
A diretora explica que os ovos do Aedes aegypti eclodem mais em dias alternados entre chuva e sol. Em dias como os dois últimos - com muita chuva e pouco sol - a enxurrada carrega os ovos e a falta de calor dificulta o nascimento da larva e a evolução até a fase de mosquito adulto.
Além do aumento nos leitos para tratamento da dengue, a Secretaria Municipal de Saúde ressalta aos profissionais a importância de incluir a doença entre os possíveis diagnósticos dos pacientes. Amorim afirma que, como houve redução nos casos em 2011 e 2012 - em comparação com 2010, “parece que cai meio no esquecimento”.
AGRAVAMENTO
“Temos trabalhado na capacitação do profissional para aumentar o diagnóstico precoce e o manejo adequado do doente”, diz a diretora. O agravamento da doença - e a possibilidade de aumentar também o risco de morte - acontece quando o cidadão foi infectado mais de uma vez.
A série histórica da doença na capital mostra que em 1994 houve um surto de tipo 1. Entre 2000 e 2001, o tipo 1 continuou predominante. De 2002 a 2003, a maioria dos registros foi da dengue tipo 3. A epidemia de 2010 foi novamente do tipo 1. O novo pico aconteceu porque, durante o período de domínio do tipo 3, aumentou, na cidade, a população ainda não infectada pelo tipo 1.
O tipo 2 já foi registrado em Goiânia, mas não de forma epidêmica, como acontece atualmente em Campo Grande (MS). Como neste ano a epidemia é de um novo tipo, o 4, aumenta-se, consequentemente, o risco de ocorrerem mais óbitos. Daí a importância do diagnóstico precoce. O tratamento da doença é simples: hidratação.
PREVENÇÃO
Professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Goiás (UFG) e coordenadora do Grupo Integrado de Ações contra Dengue, Ellen Synthia Fernandes de Oliveira reafirma a importância do combate ao vetor como principal forma de prevenir a dengue. “O principal ponto é o apoio da população no controle do vetor. A doença, por ser transmitida por inseto, pode alcançar um raio inimaginável”, afirma.
Ellen Oliveira participou ontem de reunião do Comitê Estadual contra Dengue, realizada no Conselho Regional de Enfermagem, no Setor Marista, onde houve avaliação do cenário. “A previsão é de cenário epidêmico, com foi em 2010. Desde o fim do ano passado já tinha essa perspectiva de aumento no número de casos”, afirma.
A professora diz que a população precisa se envolver no combate ao mosquito. “Não é só esperar do gestor: temos de fazer a nossa parte. E é importante valorizar quem faz o trabalho de vistoria”, afirma. Ela relata casos de desrespeito a agentes de combate ao Aedes aegypti. As orientações são as mesmas de sempre, exatamente pelo fato de não haver outra solução: evitar acúmulo de lixo, o descarte de garrafas descartáveis e outros objetos que possam acumular água.
Dilma chama prefeitos
(Agência O Globo)01 de fevereiro de 2013 (sexta-feira)
Os prefeitos de Palmas, Enrique Amastha, e de Campo Grande (MS), Alcides Bernal, estiveram ontem com a presidente Dilma Rousseff para tratar de um problema em comum: a epidemia de dengue. Na capital do Mato Grosso do Sul foram registrados 16.762 casos da doença em janeiro, e cinco pessoas morreram, sendo duas confirmadas como casos da doença e três ainda sob investigação. Já em Palmas, a infestação chega a 7%. O encontro, que durou uma hora e meia, foi pedido por Dilma, preocupada com a situação nas duas cidades. “Já houve mortes, infelizmente, estamos perdendo o controle. Estamos com 6,7% de infestação, quando o máximo é 1%”, disse Amastha, apontando que 90% dos criadouros do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, estão dentro de casas. O governo federal prometeu ajudar os dois municípios.
Segundo o prefeito de Campo Grande, a presidente perguntou por que o problema chegou a este ponto. Ele respondeu que não houve, por parte de seu antecessor, ações de prevenção, embora alertas já haviam sido dados no ano passado sobre o risco de uma epidemia.