A guerra que salvou vidas

Por um descuido, a história da medicina sofreu uma revolução. A descoberta da Penicilina, considerada a “mãe” de todos os antibióticos, foi o resultado de uma série de acasos que, anos depois, ajudou a salvar a vida de milhares de soldados durante a Segunda Guerra Mundial.
Foi a partir dessa invenção que se tornou possível o tratamento de inúmeras doenças que, até então, havia vitimado muitas pessoas. Durante a Primeira Guerra Mundial, milhares foram os combatentes que morreram em decorrência de infecções causadas por ferimentos.
Em 1928, o bacteriologista inglês Alexander Fleming, descobriu, por acaso, a Penicilina. Ele já vinha há algum tempo pesquisando substâncias capazes de matar ou impedir o crescimento de bactérias em ferimentos infectados, trabalho que ele começou a desenvolver a partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Ao tirar férias, Fleming esqueceu algumas placas com culturas de estafilococos (Staphylococcus aureus - um poderoso bacilo que causa infecção generalizada) sobre a mesa de seu laboratório. Normalmente, ele as teria abrigado na geladeira. 
Após um mês, quando retornou ao trabalho, observou que algumas das placas estavam contaminadas com mofo. Em vez de se chatear com o incidente, ele resolveu tirar proveito da situação e observar o que tinha acontecido ali. 
Percebeu que um fungo, chamado Penicillium notatum, havia matado as bactérias. Ao isolar a substância, ele ocasionalmente descobriu a penicilina, um bactericida não tóxico para o ser humano que poderia ser usado no combate às infecções sem enfraquecer as defesas do organismo.

Resultados práticos
Entretanto, somente anos depois é que a descoberta de Fleming, de fato, iria salvar vidas. Isso porque, na época, ele não dispunha de recursos para isolar e reproduzir o antimicrobiano em grandes quantidades. 
A comunidade científica não deu grande atenção ao experimento e o bacteriologista não recebeu incentivos para aprofundar suas pesquisas, deixando de lado sua maior descoberta. Somente em 1938 os pesquisadores Ernst Chain e Howard Florey, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, retomaram os estudos com a penicilina.
Na época, estourava a Segunda Guerra Mundial, o que reacendeu a necessidade em desenvolver um medicamento capaz de combater as infecções. Em 1940, a dupla conseguiu, por congelamento, desenvolver o pó da Penicilina para administração venal.
Os primeiros tratamentos foram feitos em crianças, que precisavam de quantidade menor da droga. Como os resultados foram animadores, a produção de Chain e Florey expandiu-se para uma escala maior, agora estimulados pelas necessidades em guerra.
Vários soldados feridos foram tratados e salvos, fazendo com que a fórmula da Penicilina se tornasse um grande segredo dos países aliados.  A produção em larga escala da “mãe dos antibióticos” logo chegou aos Estados Unidos e passou a ser fabricada a partir de melões podres. 
Em 1945, o ano em que a Segunda Guerra terminou, o trio de cientistas formado por Fleming, Florey e Chain dividiu o Prêmio Nobel de Medicina.

Fonte: Tribuna do Planalto