Marconi confirma Paul McCartney, o show do ano

Apresentação do ex-beatle terá como palco o Serra Dourada em 6 de maio, uma segunda-feira. Ingressos vão de R$ 80 a R$ 600

O analista de T.I. Dan Paranhos, 25, carrega em sua carteira um  ingresso da apresentação realizada pelo músico Paul McCartney, no Rio de Janeiro, em 2011. É mais do que um simples pedaço de papel. Para ele, o bilhete é uma espécie de “amuleto” usado para aliviar os momentos de tensão. “Olho e lembro de um acontecimento importante em minha vida, de algo bom que fiz”, justifica, aos risos. Quase dois anos depois da apresentação em terras cariocas, Paranhos deve se reencontrar com Paul, agora em Goiânia.
O show, que ocorrerá no Estádio Serra Dourada no dia 6 de maio, uma segunda-feira, faz parte da sua nova turnê,  Out There! (Lá Fora!, em tradução livre), e foi confirmado oficialmente na quarta-feira, 27, em uma coletiva de imprensa no Palácio Pedro Ludovico. O evento já era especulado desde o início de março, quando um possível patrocínio do Governo de Goiás gerou bastante polêmica (leia correlata).  
O anúncio oficial da apresentação reuniu a direção da Planmusic Entretenimento, o governador Marconi Perillo, que articulou a vinda do músico para Goiás, e representantes da Organização Jaime Câmara (OJC), que apoiará o evento. Paul McCartney estreará sua turnê mundial no Brasil. O primeiro show ocorrerá no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, no dia quatro de maio. Depois da apresentação em Goiânia, o ex-beatle segue para o Nordeste, onde cantará no Estádio Castelão, em Fortaleza, no dia nove. 
A pré-venda das entradas começou no dia 28, quinta-feira, pelo site www.ingresso.com, apenas para clientes Ourocard Pessoas Físicas do Banco do Brasil e para fãs cadastrados no site  internacional de Paul McCartney. Já a venda geral de ingressos começa em 1º de abril, por meio do mesmo endereço eletrônico. Também será possível adquirir os ingressos na bilheteria do Estádio Serra Dourada, que funcionará de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados e domingos das 10h às 16h, até o término dos ingressos.Inovação
A Planmusic é a mesma empresa que promoveu todas as turnês anteriores de Paul McCartney no país, incluindo os lendários shows no estádio do Maracanã, em 1990. É o quarto ano seguido que Paul McCartney se apresenta no Brasil. Desta vez, o itinerário escolhido, tanto por aqui quanto no restante do mundo, obedece a uma regra. A ideia é visitar locais inéditos, como  a Polônia. 
O Serra foi vistoriado por representantes da Planmusic na segunda quinzena de março. Pelo menos 45 mil pessoas estão sendo aguardadas para o show. O produtor Luiz Oscar Niemeyer, da Planmusic, avalia que a escolha da capital simboliza a descentralização do eixo Rio-São Paulo no que diz respeito a grandes eventos. “Goiânia é um dos grandes destaques do cenário nacional”, elogia ele.

Expectativa
O repertório das apresentações deverá incluir canções das diferentes fases musicais de Paul, de Beatles e Wings até a bem-sucedida carreira solo - como nas últimas passagens dele pelo Brasil. Atualmente, o músico trabalha no novo álbum de estúdio, sucessor de “Kisses On The Bottom”, de 2012. Além disso, em 20 de abril, o músico deve lançar uma versão ao vivo de "Maybe I'm Amazed", gravada com sua banda, Wings, em 1976. 
Fã dos Beatles desde a adolescência, quando redescobriu os vinis da mãe, o analista de T.I., Dan Paranhos, diz ter ficado “em transe” e “extasiado” ao participar do  show do músico inglês, em 2011. “A carga emocional é muito forte”, resume o rapaz, ressaltando a presença de palco e o carisma de McCartney como pontos fortes. “É praticamente uma apresentação dos Beatles”, compara. 
Quem sonha em ver o mú­sico pela primeira vez, como o estudante de Publi­cidade e Propaganda, Djair Junior, 23, está de olho no preço dos ingressos. “Quanto mais barato, melhor”, se diverte, para em seguida ponderar que, para ele, os possíveis gastos representam um investimento. “Paul McCartney é Paul McCa­r­tney”, filosofa.
Junior conheceu o trabalho do músico por meio do pai, fã dos Beatles, falecido em 2006. Desde essa perda familiar, a relação do rapaz com o trabalho de Paul e de seus ex-companheiros de banda estreitou bastante. “Tenho saudade de uma época que não vivi. Todo fã de rock também é fã dos Beatles”, diz.

Possível patrocínio do Estado gera polêmica

A apresentação do ex-beatle Paul McCartney em Goiânia foi negociada por um dos homens fortes do Governo Perillo, o presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincón. Ele recepcionou a equipe que produzirá o evento desde as primeiras visitas à capital, inclusive durante as vistorias realizadas no Estádio Serra Dourada, na segunda quinzena de março.  
Especulações iniciais davam conta que o Estado estaria disposto a bancar metade do show, o que resultaria em um gasto de pelo menos R$ 1 milhão. O possível apoio do Governo ao evento cultural dividiu opiniões nas redes sociais (veja quadro) e gerou polêmica. Durante a coletiva para confirmação do evento, o governador Marconi Perillo esclareceu que o Governo não patrocinará a iniciativa, mas apoiará a realização do evento, sobretudo no que se refere a logística. 
O tucano vê no show do ex-beatle Paul McCartney a oportunidade de colocar a capital na rota dos eventos internacionais. Já ao final da conversa com os jornalistas, em clima descontraído, brincou com o produtor Luiz Oscar Niemeyer, pedindo que uma possível apresentação dos Rolling Stones também venha para Goiânia. Apesar de negar o patrocínio, Marconi deixou claro que aprovaria a ajuda estatal, caso ela ocorresse. 
O certo é que a importância do evento não pode ser contabilizada apenas pelos ganhos financeiros. Preterida como sede da Copa do Mundo e, mais recentemente, o epicentro de escândalos que abalaram o Brasil, como o envolvendo o bicheiro Carlinhos Cachoeira, Goiânia viu sua autoestima ser abalada. Nesse contexto, recepcionar um músico cujo o talento é reconhecido mundialmente se torna bastante simbólico.

Equilíbrio 
Porém, ainda há quem desconfie da infraestrutura de Goiânia para receber eventos com porte internacional. “Quero nem ver a baderna que essa cidade vai virar. Espe­rando ansiosamente...”, postou um internauta. Mesmo assim, a vinda de Paul McCartney deve ser vista como uma oportunidade para colocar Goiás n caminho desse tipo de evento, defende o pró-reitor de Exten­são e Cultura da Univer­sidade Federal de Goiás (UFG), Anselmo Pessoa Neto. 
Para ele, é preciso existir um equilíbrio entre os incentivos voltados para grandes eventos e o incremento da produção cultural regional.  “Tanto um quanto o outro possibilita um grau mais elevado de civilização”, avalia, ressaltando que o show do músico inglês é “uma oportunidade única”, tendo em vista a idade já avançada de McCartney. “Não sabemos se o ex-beatle terá condições de realizar uma outra turnê ou mesmo de voltar ao Brasil”, pondera.

Fonte: Tribuna do Planalto