Universo em perspectiva

No dia 2 de abril de 1997 morria Lyman Spitzer, o primeiro astrofísico norte-americano que sugeriu a instalação de um telescópio espacial na órbita da Terra. I ideia extremamente ousada levando-se em consideração que ainda não havia sido lançado sequer um foguete ao espaço. 
O intuito de Spitzer era captar imagens mais nítidas do universo, que até então só era observado a partir de telescópios posicionados em solo terrestre. 
O astrofísico demorou alguns anos para convencer outros cientistas sobre a plausibilidade de seu projeto. Até que finalmente, em 1975, a Agência Espacial Européia e a Nasa (agência espacial americana) começaram a colocar a ideia em prática. 
Mais tarde, em 1983, o telescópio espacial recebeu seu nome em homenagem ao astrônomo norte-americano Edwin Hubble. Colocado em órbita pelo ônibus espacial Discovery em abril de 1990, o Hubble deu um ritmo frenético às descobertas sobre o universo. 
Desde 1995 o telescópio já captou mais de meio milhão de imagens estonteantes. Cada uma delas representa um passo importante para a ciência, possibilitando novas concepções acerca da origem do universo. “Com ele nós conseguimos enxergar sem problemas de atmosfera. Então os efeitos atmosféricos de chuva e mau tempo não atrapalham a observação”, destaca o astrofísico e diretor do Planetário da UFG, Juan Marques Barrio. 
Devido ao tempo que a luz leva para chegar às proximidades da Terra, quanto mais distante o Hubble enxerga, mais ele está olhando para o passado. 
É por esse motivo que, em 2009, os astrônomos o usaram para registrar as imagens que mostravam a formação de galáxias há milhões de anos. 
Apontar para a principal contribuição dada pelo telescópio Hubble à ciência é uma árdua tarefa visto que até entre os astrônomos esse assunto gera divergências. “Sinceramente eu não saberia dizer qual foi a principal descoberta do Hubble. Acho que foi uma série de possibilidades de enxergar melhor o universo”, ressalta Barrio, professor do Instituto Socioambientais da UFG (IESA).


Tecnologia inovadora

Juan Marques Barrio ressalta que, para além das descobertas astronômicas, a construção do Hubble possibilitou o desenvolvimento de novas tecnologias que trazem aplicações práticas para o cotidiano das pessoas. “Muitas técnicas são desenvolvidas para colocar esse objeto em órbita. De que forma será feito o polimento dessa lente, como mantê-la, que tipo de material utilizar para fazer a sustentação etc. Evidentemente que essas descobertas podem ser transporta­das para o nosso dia a dia, possibilitando avanços na infor­mática e até na área da oftalmologia, por exemplo.”

Fonte: Tribuna do Planalto