“O canto goiano sempre marcou presença lá fora”

Com um currículo de atuação em ópera, música de concerto e música de câmara, o tenor Adriano Pinheiro, 40 anos, retornou ao Brasil depois de uma carreira de sucesso como concertista internacional e de aprovação em concurso na Universidade Federal de Pernambuco, onde criou o programa de extensão Opera Studio. O goianiense que canta desde a adolescência, quando integrava o coral da antiga Escola Técnica Federal de Goiás, , hoje IFG, graduou-se em música na UFG, mudou para São Paulo no final dos anos 1990 e, depois, viveu em várias cidades mundo afora. Em 2012, orientado pelo professor Neil Rosenshein, o tenor concluiu o Professional Studies in Voice na Manhattan School of Music em Nova York, onde também trabalhou como professor de canto no programa MSM Sunday. Em Roma e em Nápoles, na Itália, ele foi solista do grupo Brasilessentia. Em Paris, Adriano Pinheiro apresentou-se no Petit Palais como solista do Ensemble Vox Brasiliensis. Também apresentou-se em palcos da Espanha, da Itália e da Grécia.

 

Como é cantar em Goiânia?

Na verdade, essa é minha segunda volta. Eu fiquei uns nove anos sem cantar aqui, até outubro do ano passado, quando fiz Os Três Tenores, no Oscar Niemeyer, em parceria com a Orquestra Jovem. Fiquei muito feliz com o convite do Sesc e está sendo um desafio, pois, das sete obras, apenas duas eu dominava. Aprendi muito, pois são obras muito bonitas e de compositores que eu gosto muito, como o Alberto Nepomuceno.


Como será o concerto?

As obras são todas bem acessíveis para o público, que deve se divertir. A plateia deve gostar muito dos tangos antigos brasileiros, temos duas obras do Ernesto Nazareth e momentos que remetem ao período musical brasileiro marcado por artistas como a Chiquinha Gonzaga. O conjunto é belo e de apelo emocional.


Como é morar novamente no Brasil?

Eu estou achando muito bom poder compartilhar o que aprendi com minha experiência no campo erudito internacional, que enriqueceu muito minha interpretação como artista. O conhecimento e a capacitação que adquiri na Manhattan School of Music também me ajudaram bastante.


A que atribui o destaque de cantores líricos goianos fora de Goiás?

Acho que o canto goiano sempre marcou presença lá fora. A UFG tinha um curso técnico preparatório, para quem ia prestar vestibular, que fazia com que alunos chegassem ao curso superior melhor preparados. Hoje os institutos federais também estão fazendo algo nesse sentido com seus programas e cursos. Assim vamos abrindo caminhos, mas ainda sonhamos por exemplo com realidades como Nova York, que tem o Metropolitan com sete óperas por semana, enquanto o Municipal de São Paulo, quando muito, tem sete por ano. Acho que em Goiânia maestros como o Eliseu Ferreira, o Alessandro Borgomanero e, agora, outras pessoas com bagagem nas artes em Goiás estão com projetos culturais importantes na cidade. Os dirigentes precisam acreditar que, de cada real investido em cultura, o retorno é de cinco.

Fonte: O Popular