Lixo transformado em arte

Um relógio de disco de vinil, potes para guardar mantimentos feitos de latinhas de extrato de tomate, um baú em madeira aproveitada de guarda-roupa, puff de embalagens de achocolatado, uma gaveta transformada em porta-temperos ou prateleira, um velho monitor de PC perfeito para abrigar um bichinho de estimação. Ionice Ferreira Marques Barbosa, de 40 anos, é uma verdadeira serralheira, marceneira e pintora na hora de reaproveitar o que tem em casa. “Alio a minha paixão pelos trabalhos manuais à consciência tranquila de saber que não estou colaborando para o caos ambiental que vejo nas reportagens de jornal, revista e TV. Estou fazendo a minha parte. E isso me faz muito bem”, argumenta.

Haja criatividade e espaço em casa para guardar tanta coisa reciclada! Ionice não comercializa os objetos que produz; no máximo, presenteia parentes e amigos. Formada no curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Goiás (UFG), com habilitação em Relações Públicas, ela não atua na área e conta que, atualmente, além do cuidado com a casa, com o marido e com os dois filhos adolescentes, se dedica à reciclagem por conta própria, atividade iniciada em 2004. A família já incorporou tanto o espírito “transformador” que, segundo Ionice, os mimos em datas especiais têm sido todos para contribuir com a causa.

“Em todo canto da minha casa tenho algo que fiz , sempre reaproveitando material. Antes, era tudo no serrote. Agora, já tenho uma serra elétrica que ganhei de presente, além de equipamentos de segurança, como óculos e luvas de proteção. Já soube que vou ganhar um kit completo e moderníssimo de ferramentas no Dia das Mães”, diz a dona de casa, feliz com o engajamento de todos. A habilidade para os trabalhos manuais é antiga - com bordados, corte e costura, entre outros -, mas o hábito de reciclar, em casa, o que poderia ser descartado sem critérios, nasceu há nove anos, diante de uma reforma da atual residência, no Bairro Hilda, em Aparecida de Goiânia.

“Foi uma reforma enorme, em que estava previsto mudar e trocar praticamente tudo”, lembra Ionice Barbosa. “Quando vi, não tive coragem de jogar aquele monte de coisas fora. Doei algumas coisas, tipo berço, cômoda de criança, geladeira, e o resto, o que deu, eu transformei”, acrescenta. O aprendizado para mexer daqui e dali veio da leitura de manuais e de pesquisa na internet. Quatro anos depois, em 2009, depois de alguma experiência adquirida e muito incentivo de coonhecidos, a dona de casa criou um blog (http://ionicetrabalhosmanuais.blogspot.com.br/) para partilhar o passo-a-passo do que vem produzindo em suas reciclagens, na tentativa de conquistar novos adeptos para ações ambientalmente conscientes.

A administradora de empresas Zezé de Souza também está de olho na preservação do meio ambiente. Aposentada por invalidez aos 43 anos, tempos depois ela decidiu investir profissionalmente no acúmulo de experiências adquirido ao longo das décadas. Hoje compartilha – por meio de um livro lançado em 2010, workshops gratuitos e um site pessoal (http://www.zezedesouza.com.br/) – receitas caseiras, econômicas e ecológicas de produtos de limpeza.