Aprovada com protesto

O projeto de revisão do Plano Diretor foi aprovado ontem pela Câmara em segunda e última votação, com 24 votos favoráveis, sete contrários e uma abstenção. A sessão foi marcada por protestos e debates tensos entre os vereadores. Centenas de alunos da UFG e moradores de região afetada pelas mudanças do plano protestaram e tentaram invadir o plenário após a rejeição de uma emenda do vereador Djalma Araújo (PT).

O vereador Djalma Araujo chegou a pedir a suspensão da votação da matéria por 90 dias, mas o pedido não foi aceito.

Outras emendas e pedidos de destaque de artigos do projeto também foram rejeitados antes da votação. Entre elas, a emenda do vereador Elias Vaz (PSOL) que defende a Área do Batalhão Anhanguera como de interesse público.

Djalma disse que irá solicitar a anulação da votação na justiça. O petista lembrou ainda que a recomendação do Ministério Público para a suspensão da votação foi ignorada pelo presidente da Câmara Clécio Alves (PMDB). “A população não teve voz, a votação foi dirigida de forma autoritária pelo Clécio. Solicitei por várias vezes o uso da tribuna popular”, acentua Djalma.

O vereador, ouvido pelo DM após a votação, acentuou que vai continuar na luta com o apoio do Ministério Público e que irá tentar sensibilizar o prefeito Paulo Garcia (PT) para que faça novas mudanças no projeto. “Nossa luta agora é no poder judiciário e o MP vai agir em relação a postura dos vereadores. Vamos informar tudo a população”, afirmou.

O vereador Elias Vaz, que votou contra o projeto, também conta agora com a ação do Ministério Público. “A revisão foi votada sob vaias. Chegamos ao ponto da OAB pedir a palavra e ser negada. Não podemos aprovar nada que não seja de interesse público e sim com interesse econômico”, declarou Elias.

A vereadora Dra. Cristina (PSDB) também votou contra e se manifestou no plenário sobre a falta de estudos de impacto ambiental, que é a lei máxima que regula o ordenamento urbano de Goiânia. “Achei um absurdo o que aconteceu hoje, foi forçada uma votação a qualquer custo. As pessoas votaram sem análise crítica e essa revisão é muito séria, vai impactar imediatamente e por várias gerações”, afirmou Dra. Cristina.

O vereador Tayrone Di Martino (PT) avalia a situação de tumulto no plenário como ruim para todos, mas que são todos responsáveis. Ele defende que o plano tem que ser discutido com exaustão e acredita os debates foram suficientes. “Acho que a decisão foi debatida e foi necessária para Goiânia em vários pontos”, afirma.

O vereador Paulo Magalhães (PV), teve também uma emenda rejeitada ontem no Paço. A proposta de Paulo proíbe construções próximas ao Jardim Botânico, localizado no setor Pedro Ludovico. O vereador disse que agora irá entrar novamente com a proposta como lei complementar. Paulo não comentou sobre a aprovação do Plano.

O presidente Clécio Alves, afirmou no plenário que o projeto foi aprovado como veio, sem alterações. A reportagem do DM não conseguiu entrar em contato com o presidente após a votação.

Fonte: Diário da Manhã