Formação para as ciências

Núcleo de Pesquisa da UFG realiza trabalho direcionado ao aprimoramento das práticas pedagógicas do professor

A falta de laboratórios e de professores capacitados para ensinar química, física, biologia e matemática faz do ensino de ciências um dos dos maiores desafios a serem superados na rede pública de educação. 
Mas, em Goiânia, os docentes não estão mais sozinhos para enfrentar esse difícil cenário. Eles já podem contar com o Núcleo de Pesquisa em Ensino de Ciências (Nupec) da Universidade Fe­de­ral de Goiás (UFG), um espaço de dis­cus­são e de aprimoramento de práticas pedagógicas ligadas a essas disciplinas. 
Coordenadora do núcleo, a professora Agustina Rosa Echeverría explica: “O professor já não ganha bem e ainda está sozinho, sem apoio. O Nupec é um lugar de convívio para contribuir com a formação continuada desse profissional, que é uma das obrigações da universidade, além da formação inicial.”
Criado em 2002 com o objetivo de aproximar a universidade das escolas da rede pública de Goiás, o Nupec atua com cursos de formação continuada aos professores de ciências e também fornece apoio às unidades educacionais que querem desenvolver projetos nessa área. 
Ela cita como exemplo uma experiência desenvolvida no Colégio Estadual Parque Amazônia. “Lá nós desenvolvemos, junto com os alunos e professores, um coletor solar que aquece a água a partir de materiais recicláveis. Agora, os estudantes podem tomar banho quente”, comemora Agustina. 
Mas o apoio do núcleo extrapola o pedagógico. Agustina conta que, no início das atividades, a equipe do Nupec foi até as escolas para divulgar e convocar os professores para os cursos oferecidos por eles. Nessa interação, a coordenadora notou que grande parte das escolas não tinha estrutura mínima para o desenvolvimento das aulas.

Fazendo papel de outro 
A solução encontrada por ela foi radical. O núcleo ganhou, através de um edital, uma verba de R$500 mil do Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, órgão ligado ao Ministério da Educação), para a construção de um prédio para abrigar suas atividades. 
Agustina direcionou parte desse dinheiro para financiar laboratórios e equipamentos para algumas escolas da rede estadual de Goiás. “Havia instituições de ensino que nem data-show possuíam. Então compramos equipamentos e construímos laboratórios e a outra parte do dinheiro usamos para a construção do nosso prédio. Como faltaram recursos, a UFG completou o restante.”
Apesar de assumir uma responsabilidade que não pertence ao Nupec, já que a estrutura das unidades educacionais do estado compete à Secretaria de Educação de Goiás, Agustina reconhece as limitações que enfrenta diariamente. “Nós não damos conta de tudo, porque o ensino de ciências no Brasil tem muitos problemas que tem a ver com políticas públicas. Hoje falta mais de 250 mil professores dessas disciplinas e eles ganham mal, não tem plano de carreira e as escolas ainda não oferecem condições físicas. Nós contemplamos o aspecto pedagógico, mas não temos capacidade de seduzir os professores com esse salário”, acrescenta.


Carreira científica

O MEC divulgou na última sexta, 3, que lançará um programa de estímulo voltados aos alunos do Ensino Médio que pretendem seguir carreira na área científica ou na docência da Educação Básica. A meta é atender 100 mil estudantes de  nível médio e outros 100 mil de graduação através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid).
As universidades, institutos e centros de pesquisas também deverão ofertar bolsas de incentivo a estudantes, professores de Educa­ção Básica e pesquisadores. O MEC ainda desmentiu os boatos de que a proposta vincularia o pa­ga­mento de titulação de pós-graduação ao desempenho dos estudantes.

Fonte: Tribuna do Planalto