Economize com a inflação em alta

Consumidor precisa ficar atento nas compras de supermercados, pois é possível a conta ficar mais barata

Lídia Borges 19 de maio de 2013 (domingo)
Ricardo Rafael
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Divina Santana tem o hábito de comprar apenas os produtos que estão em promoção
Ricardo Rafael
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Eliete Barbosa prefere pagar mais caro do que trocar algumas marcas de sua preferência

 

Fazer economia e organizar os gastos pessoais é importante e necessário em qualquer situação. Mas, neste momento, em que a inflação tem apertado o orçamento doméstico e os preços de alimentos e de outros produtos do dia a dia não param de subir, é preciso ter atenção redobrada com aquele que se tornou o maior vilão: o supermercado.

Para quem está acostumado apenas a observar as promoções anunciadas na TV, um alerta. É importante saber que (parafraseando Shakespeare) existem muito mais coisas entre uma oferta e a contenção de despesas, do que “supõe” a nossa vã calculadora. A primeira armadilha começa ainda antes de sair às compras.

Cuidados

Sem limitar quanto de seu salário deve ir para as despesas de supermercado por mês (ou por semana), o consumidor perde a noção do que pode ou deve gastar. Com a quantidade dos gastos definida, fica mais fácil estabelecer as prioridades. É aí que entra outro item importante para auxiliar nessa organização: a lista de compras.

Anotar os itens de necessidade da casa já ajuda a limitar os excessos. Mas para que esse hábito se torne mais eficaz, o ideal é enumerar os produtos de maior necessidade primeiro e checar a quantidade que será consumida até a próxima compra, sem excessos, explica a coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (ProTeste), Maria Inês Dolci. “É preciso economizar de forma racional, pensando na quantidade de produto que se deve comprar e na forma que será consumido, para evitar desperdícios”, frisa.

Já dentro do supermercado, muito dinheiro fica perdido na hora da escolha dos itens. A dona de casa Eliete da Silva Barbosa, 36 anos, diz que não troca algumas marcas de sua preferência para produtos como arroz e margarina. “Nesses casos, prefiro pagar mais caro”, afirma. Optar sempre pelos produtos mais reconhecidos pode representar um grande prejuízo no orçamento doméstico.

Teste

A reportagem do POPULAR fez o teste. Foi até um supermercado e apurou os preços de oito itens básicos nos gastos das famílias: arroz, feijão, açúcar, café, óleo de soja, margarina, sabão em pó e amaciante. Ao separar os produtos pelas marcas líderes, o total da compra foi de R$ 57,42. Por outro lado, ao avaliar opções com as mesmas quantidades, de marcas mais baratas, mas também conhecidas, a soma caiu para R$ 41,86.

De uma opção para outra, o consumidor economizaria, neste exemplo, 27% de seu dinheiro. Se levar em consideração que as compras feitas para suprir todo o mês abrangem um número muito maior de produtos, dá para se ter a dimensão de quanto a economia pode impactar no orçamento das famílias.

“E se, além de optar por produtos de marcas mais baratas, o consumidor escolher três supermercados mais próximos de casa para fazer pesquisa de preços entre eles, a economia seria maior ainda”, destaca o gerente de Pesquisa e Cálculo do Procon Goiás, Gleidson Tomaz.

Atos falhos

Segundo o professor especialista em Finanças Ricardo Limongi, da Universidade Federal de Goiás (UFG), embora o brasileiro não seja muito fiel a marcas, existe um hábito comum entre os consumidores: depois de comprarem de forma recorrente o mesmo produto, eles tendem a deixar de observar os preços e até mesmo de compará-los.

“Com isso, não se monitora o quanto aquele produto encareceu ao longo do tempo e tende-se a repeti-lo, sem noção de preço e economia”, analisa o especialista sobre o comportamento de consumo.

Outro ato falho pode ocorrer com as famílias que costumam comprar no atacado para obter um preço melhor. Ao fazer estoque, é preciso observar duas características importantes. Primeiro, é a data de validade, que deve ser compatível com o tempo em que se pretende estocar o produto. Segundo, é o impulso de consumo: diante da maior quantidade, a tendência é consumir mais.

“Se você compra um pacote de sabão para passar o mês, tem de ter o controle para que ele dure todo este tempo. Do contrário, você vai ter pagado mais por um pacote maior e terá de desembolsar mais dinheiro em menos tempo”, exemplifica Limongi.

 

Cuidado com as pegadinhas, alerta o Procon

19 de maio de 2013 (domingo)
Ricardo Rafael
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Além dos preços, Isla observa a qualidade dos produtos

Sempre atenta às ofertas, a dona de casa Divina de Oliveira Santana, 72 anos, tem o hábito de comprar apenas os produtos que estão em promoção. Ao chegar ao supermercado na última sexta-feira, por exemplo, e verificar os valores de hortifruti, se limitou a comprar apenas pepino. “O quilo custava 4,19 e hoje (sexta) eu achei de R$ 3,19. O resto está tudo mais caro. Só vou levar o pepino”, justifica.

Esta é uma atitude incomum entre os consumidores, mas correta para evitar as armadilhas feitas pelos supermercados nos dias de promoção, afirma Gleidson. Segundo ele, em dia de oferta, quando o cliente é atraído por alguns produtos mais baratos, as empresas costumam aumentar o valor de outros que não estão anunciados.

Quem não estiver atento, pode perder toda a economia de um produto dentro da própria loja. “Se a pessoa vai ao supermercado comprar o leite que está com preço baixo, ela deve se ater apenas àquilo e evitar comprar outros itens que estarão mais caros”, frisa.

A estudante Isla Leal, 21 anos, é responsável pelas compras da casa e diz que além dos preços anunciados, ela também observa a qualidade do que pretende comprar. “Não adianta comprar verdura mais barata e sem qualidade, por exemplo, para depois ter que jogar fora e desperdiçar dinheiro”, diz. Por isso é tão importante observar a data de validade, reforça Maria Inês, do Proteste.

Pegadinhas

O orientação dos especialistas é para nunca comprar os produtos que estão na promoção, sem antes olhar os preços dos outros similares. Nem sempre o que está em destaque nas gôndolas é o mais barato.

Outra dica é para que o consumidor observe os alimentos que estão na parte inferior das prateleiras. Normalmente, eles têm preços menores do que aqueles que estão mais ao alcance dos olhos.

Fonte: O Popular