A arte do bordado

Cooperativa de bordadeiras realiza desfile hoje no Bougainville para mostrar suas criações. Evento terá show de Paulinho Pedra Azul

Renata Dos Santos 28 de maio de 2013 (terça-feira)
Diomício Gomes
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Djanira, com o neto Victor: ela borda e ele desenha

 

Uma música do cantor e compositor Paulinho Pedra Azul, chamada Jardim da Fantasia, foi a inspiração para a coleção 2013 que a cooperativa Bordana, que reúne bordadeiras da capital, vai mostrar hoje, às 20 horas, no Shopping Bougainville. Nada mais natural, portanto, que o artista mineiro fosse convidado a também participar do evento: e ele fará um show, às 21 horas, no mesmo local, logo depois que o público conferir as criações do desfile Nas Asas do Bem-Te-Vi, que reúne os trabalhos das bordadeiras.

A coleção é resultado de uma parceria realizada entre a Bordana e o curso de Design de Moda da Universidade Federal de Goiás. O conjunto traz peças de duas linhas: casa e vestuário. São batas, vestidos, camisetas, capas para almofadas, entre outras criações com tecidos à base de algodão, como cambraia e brim. Os bordados coloridos exibem casas e ruas de cidades históricas goianas, além da fauna e da flora do Cerrado.

O evento marca ainda a abertura no shopping do Setor Marista de outras duas exposições. Uma é a feira de produtos artesanais produzidos pela Bordana e por outros expositores da Feira do Cerrado, onde a cooperativa apresenta seus produtos aos domingos. A outra é a mostra fotográfica Bordando a Rede da Vida, da fotógrafa Lu Barcelos, que registrou o processo de produção da peças do desfile durante os encontros das bordadeiras na Associação de Moradores do Conjunto Caiçara, sede da cooperativa. A feira e a mostra fotográfica serão abertas hoje às 10 horas e vão até o dia 9 de junho.

Trabalhos manuais

A dona de casa Djanira Beltrano de Sousa, 66, é uma das bordadeiras participantes da cooperativa Bordana desde a sua fundação, há 4 anos. Do total dos produtos vendidos na cooperativa, 60% vai para as bordadeiras. “Estou lá desde a segunda reunião, comecei como passatempo e para ganhar um dinheirinho extra. Nem acredito que faremos nosso primeiro desfile”, diz, entusiasmada.

Assim como as demais bordadeiras da cooperativa, ela faz trabalhos manuais que resgatam a arte do bordado, com pontos artesanais como haste, palestina e matiz. “O negócio cresceu e ainda vamos longe com um projeto social, acima de tudo. Lá eu coordeno o Reviver, grupo com idosos que se encontram na associação sempre nas tardes de sexta-feira. Saímos de casa, jogamos bingo, conversamos”, comemora.

Sua filha, Silvênia Helmes Teixeira, professora de 41 anos, começou na Bordana fazendo os desenhos, chamados pelas bordadeiras de “riscos”, de plantas e de frutos do Cerrado que são reproduzidos nos bordados. “A cooperativa não se resume aos trabalhos manuais. Fazemos atividades de roda e outras dinâmicas”, explica ela, cuja atividade agora está concentrada na administração da cooperativa. “Precisamos ramificar o projeto para outros cantos da cidade. Temos a meta de estrear uma empreitada com bordadeiras do Jardim Guanabara”, afirma.

Silvânia agora está orgulhosa do filho Victor, de 17 anos, o desenhista oficial das bordadeiras e quem criou os desenhos para a coleção Nas Asas do Bem-Te-Vi. O estudante participou do curso da UFG oferecido às bordadeiras e já decidiu investir na profissão de designer e prestar vestibular na área. “Eu adoro ver meus desenhos transformados em bordados. Fiz até um poema a partir do tema dado para esta coleção”, afirma.

Ele conta que o ponto de partida para seu trabalho foi um livro da artista plástica Evandra Rocha, que integrou o material fornecido durante o curso. “Agora as bordadeiras já estão pedindo riscos com bichos. Vou pesquisar a fauna do Cerrado para renovar a produção atual da bordadeiras”, diz o autor de desenhos como uma trilha de buritis com pássaros.

Evento: Nas Asas do Bem-te-vi, seguido de show de Paulinho Pedra Azul / Data: Hoje, às 20 horas / Local: Shopping Bougainville.Rua 9, nº 1855, Setor Marista. Fone: 3520-4300

Entrada franca

Fonte: O Popular