UFG, uma universidade que inclui

No começo dos anos 80, com o início da organização de várias categorias de trabalhadores, inclusive os das Ifes (Instituições Federais de Ensino Superior), começou a ser formatada a ideia de que ações deveriam ser implementadas com o intuito de permitir que pessoas pertencentes às classes menos favorecidas pudessem ingressar nessas universidades e nelas adquirirem a formação almejada. Tal pensamento se alicerçava na comprovação, de acordo com os estudos estatísticos, que o processo seletivo nos moldes como era aplicado era excludente porque não permitia o ingresso de alunos pertencentes a essas classes em determinados cursos devido há varias razões: aluno pobre estuda em escola pública, onde a qualidade do ensino é comprovadamente inferior; não tem acesso às informações, tais como livros, revistas, jornais, bibliotecas, internet, dentre outras; condições precárias de vida, onde falta às vezes até o alimento. 

Na hora da disputa pela vaga, principalmente nos curso mais concorridos, como Medicina, Engenharias, Odontologia, Computação, Direito, 99% ou até mesmo 100% eram ocupadas por alunos da classe A. Alguns defendem de forma falaciosa que isso é fruto da meritocracia, ou seja, quem tem competência se estabelece, e ainda o que é pior, que se houvesse mudanças desse método seletivo as Ifes iriam colocar no mercado profissionais incompetentes, julgando eles que esses candidatos não teriam a mínima condição de acompanhar a formação ministrada, esquecendo esses que em condições de desigualdade não se mede capacidade. 

No início do 1° reitorado do professor Edward Madureira Brasil, essa, que até então ainda era uma ideia, virou projeto, foi discutido na comunidade universitária da UFG e aprovado pelos conselhos superiores desta instituição, não sem a apresentação das críticas daqueles que defendiam a manutenção do status e da reserva de vagas para poucos privilegiados. Com a aprovação da resolução que estabelecia o sistema de quota, embora não tenha sido a primeira, essa honraria cabe à Fundação Universidade de Brasília (UnB), a UFG entra para a lista das Ifes que dá um passo gigantesco na contribuição para pôr fim a mais uma injustiça social. 

Cônscia de que a inclusão não termina, mas apenas começa. Com o processo seletivo, a UFG implantou medidas que complementam esse processo, tais como concessão de bolsa permanência, onde o aluno carente a recebe para custear sua manutenção enquanto estuda; auxílio para a alimentação, Casa do Estudante Universitário, moradia para estudantes necessitados oriundos de outras cidades. Tal conjunto de medidas não se encerra aí, a UFG ainda propicia para todosos seus alunos colação de grau a custo zero, incluindo beca e até fotos desta solenidade, permitindo assim que aquele que não tem condições de participar dos outros eventos da formatura de sua turma possa fazê-lo na mais importante, obrigatória e institucional sem nenhuma discriminação. 

Com essas ações, a UFG cumpre seu papel não apenas de formadora de profissionais, cientistas, educadores, mas, através das mesmas, revela também uma profunda preocupação com a formação do cidadão, dando a ele condição de inserção em um mundo que antes só existia em sonhos. 

(Joaquim Leite de São José, servidor da UFG, conselheiro titular do CEPEC-UFG, conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura – UFG)

Fonte: Diário da Manhã