Casa histórica vira entulho

Iphan afirma que Prefeitura tinha acatado parecer contra demolição, que ocorreu ontem de manhã

História

A demolição da casa da família Sabino na manhã de ontem sensibilizou várias pessoas que, direta ou indiretamente, têm o casarão como parte de suas histórias de vida. Em contato com o POPULAR, o advogado aposentado Guido Geraldo Correia Viana, de 76 anos, assinalou que o imóvel foi a primeira sede da Reitoria da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele lembra, com saudosismo, que a casa foi alugada pelo pai dele, Itamar Correia Viana, então chefe do Departamento de Matrial e Patrimônio da instituição, para instalação do gabinete do primeiro reitor e fundador da UFG, Colemar Natal e Silva.

A derrubada da casa pertencente á família Sabino também sensibilizou o professor da Faculdade de Ciências sociais da UFG, Manoel Ferreira Lima Filho. Componente de uma equipe composta por arquitetos, historiadores, antropólogos e estudantes da UFG e da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Manoel Ferreira pesquisou a Rua 20, a primeira via oficial de Goiânia durante três anos.

Os estudos resultaram no livro Forma e Tempos da Cidade, no qual é feita uma reflexão sobre a primeira rua oficial de Goiânia. Manoel Ferreira destacou que a residência da família Sabino tinha morísticos entre os poucos estilos arquitetônicos ainda visíveis da Rua 20 e, exatamente por isso, merecia ser preservada.

Outro lado

A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Obras (Semob), argumenta que fez a demolição do imóvel a pedido da família de Homero Sabino, pelo fato de a grande casa, em ruínas, ter se transformado ao longo dos anos em refúgio de criminosos, ponto de uso de drogas e criadouro do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. A periculosidade do local para a população, conforme a Assessoria de Imprensa da Semob, teria sido confirmado em vistorias feitas pelo 1º Batalhão da Polícia Militar.

O comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Carlos Henrique da Silva, destacou, após a realização de vistoria no local, que “além de ponto de usuários de drogas, o imóvel servia de local para a prática de sexo e prostituição, dentre outros inconvenientes”. O comandante também destacou que fez uma pesquisa com a população vizinha, que se mostrou favorável á demolição.

A Prefeitura de Goiânia também argumentou como justificativa para a derrubada o fato de a casa na Rua 20 não ser tombada. A coordenadora técnica do Iphan, entretanto, acentua que o fato de não ser considerado patrimônio histórico não significa que o imóvel não tenha valor histórico e cultural.

A reportagem do POPULAR tentou ouvir os componentes do grupo técnico da Secretaria Municipal de Desenvolvimento urbano, mas não conseguiu localizá-los no órgão municipal.

Fonte: O Popular