Frente de Lutas Contra o Aumento realizará assembleia para analisar próximos passos do movimento e quais serão as prioridades
Alfredo Mergulhão 07 de julho de 2013 (domingo)
A Frente de Lutas Contra o Aumento fará uma assembleia no dia 27 de julho para definir o futuro de suas ações, na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), ocasião em que os estudantes decidirão se a questão do transporte coletivo será uma luta permanente ou se adotam a estratégia vitoriosa contra o reajuste da passagem de ônibus para outras bandeiras.
“Chegamos num ponto em que a principal reivindicação foi alcançada”, avalia um dos integrantes do movimento, que não tem líderes. “Nosso modelo de luta foi vitorioso, mas corre risco de sofrer abalos. Temos que repensar as estratégias para não perder apoio e parcerias”, diz.
A preocupação é com o uso das ferramentas mais radicais de mobilização, como fechar o trânsito e ocupar as ruas e outros espaços públicos. “É um mecanismo de negociação que temos, mas não podemos usar toda hora”, afirma o estudante de jornalismo da UFG. “Existem outros meios na legalidade, como encaminhamentos jurídicos”.
Para sociólogos, a estratégia vitoriosa de protestos pode saturar. “A população aceita até um certo grau de incômodo. Quando atrapalha muito, corre o risco de perder popularidade”, afirma o professor Dijaci de Oliveira, da Universidade Federal de Goiás (UFG). O sociólogo lembra que essa forma de manifestação sempre existiu e continuará sendo usada, mas sustenta que os movimentos sociais terão de pensar em formas simbólicas de protestar e fazer com que suas pautas sejam compreensíveis a quem assiste a manifestação.
A socióloga e antropóloga Nágila Ibrahim El Kati, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), entende que a recepção da opinião pública depende das conquistas do grupo. “Conseguindo atingir suas metas, a população vai apoiar os protestos, apesar dos transtornos que eles causam”, afirma.
A Frente também está atenta às questões jurídicas, pois 23 membros foram indiciadas por crimes como formação de quadrilha, corrupção de menores, agressão e depredação do patrimônio público. “Vamos lutar pela não criminalização dos protestos”, rebate. Ele relata que aumentou o número de participantes das reuniões do grupo. Como são estudantes, os membros da frente também passam por problemas acadêmicos, pois muitos perderam aulas para participar das mobilizações e agora precisam recuperar notas e fazer avaliações nas faculdades e colégios.
Protestos seguem até setembro
07 de julho de 2013 (domingo)
O calendário de manifestações não está tão cheio como há duas semanas, mas existem protestos marcados até 7 de setembro. No Dia da Independência haverá uma mobilização em sete capitais brasileiras, inclusive Goiânia. Quem puxa o movimento são grupos de jovens que se reúnem pela internet. A Frente de Lutas Contra o Aumento, responsável pela organização dos primeiros protestos na capital, não tem ações diretas nas ruas agendadas no momento.
Um dos idealizadores dos protestos é Kácio Fontinelli. Estudante de Ciências Contábeis da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), administra uma página no Facebook com 14 mil seguidores. “Todo mundo que se acha no direito de exercer a democracia está usando”, diz. Ele tem 20 anos e diz que tem parceria com o grupo Anonymous, conhecidos por não mostrar o rosto usando uma máscara de Guy Fawkes, popularizada no filme V for Vingança. “Não concordo em cobrir o rosto nem com vandalismo”, diz.
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Grupos se dizem apolíticos
07 de julho de 2013 (domingo)
Outro grupo formado na internet que está por trás dos últimos protestos em Goiânia chama-se Revolucionando Mentes, que discute “política e economia” no Facebook. Um dos seus membros chama-se Danyel Villarreal, de 20 anos. “Eu estava numa roda de amigos na manifestação do dia 20 de junho, que tinha foco na questão do transporte. Mas a gente resolveu protestar contra a corrupção”, relata.
Esses grupos se reuniram pessoalmente uma vez, no sábado da semana atrasada. “Resolvemos dar um basta nos políticos”, afirma Danyel. Ele se define como apolítico. “Não sou a favor de nenhum partido, porque todos estão do mesmo lado”, diz.
Idealizador do protesto da última segunda-feira, o funcionário público Patrique Augusto, também de 20 anos, não se reconhece nem como simpatizante da direita nem da esquerda tradicional, no espectro político. Ele organizou manifestações contra os gastos com a Copa do Mundo, por mais recursos para a saúde e o pagamento integral da data-base dos servidores públicos do estado.