Impressão em 3D, nova revolução

Modelo de impressora compacta e de fácil uso começa a ser vendido no Brasil, multiplicando possibilidades de criar produtos em três dimensões

 

Criar, desenhar ou mesmo reproduzir objetos e imprimir em três dimensões pode se tornar cada vez mais comum com o crescimento da comercialização das impressoras 3D, que já tentam chegar às casas com modelos compactos.

A primeira máquina voltada para o consumidor comum, no Brasil, começou a ser vendida no varejo em agosto pela internet. Além das lojas virtuais, a Robtec, empresa responsável por trazer a impressora para o País, levará a novidade também para a venda local. Goiás é um dos Estados que receberão representantes comerciais.

O preço mais acessível das impressoras e da matéria-prima, disponibilidade de desenhos em 3D na internet para impressão, programas de uso facilitado para criar produtos e até scanner – que digitaliza e transforma objetos em modelos tridimensionais – aproximam a tecnologia do público, sem a necessidade de conhecimento técnico.

A possibilidade de fabricar diversos produtos (veja no quadro) já sugere nova revolução na indústria, assim como aconteceu com o mercado fonográfico por causa da pirataria e reprodução de músicas pela internet.

“Não é mais restrito à indústria. O consumidor pode comprar direto e testar. O canal de vendas ficou mais fácil”, explica o diretor geral da Robtec, Luiz Fernando Dompieri, sobre como a inovação pode se popularizar como aconteceu nos EUA. De acordo com a Robtec, a procura pela impressora 3D no Brasil está 2,5 vezes maior este ano em relação a 2012. E as projeções são otimistas. Segundo a empresa Research and Markets, o mercado mundial de impressoras 3D será de 4,5 bilhões de dólares até 2018.

A Cube, primeira a ser vendida no varejo, é comercializada por R$ 6.690, na Saraiva. Alimentada por um cartucho com um tipo de fio plástico, a impressora derrete o material e a cabeça da impressão desenha o objeto em camadas finas sobrepostas para então resultar no objeto, desenhado em 3D com arquivo enviado pelo computador, wi-fi ou pen drive.

Já as impressoras profissionais não estão restritas aos materiais de plástico. Armas, casas e até mesmo órgãos do corpo humano estão entre as possibilidades futuras de impressão em 3D, o que também traz várias polêmicas para a tecnologia, que vão de segurança a direitos autorais.

Sob demanda

“A situação atual da aquisição ainda é distante do público geral, mas deve chegar a ele a médio e longo prazo”, aposta o professor do Instituto de Informática da Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutor em Ciência da Computação, Wellington Martins. Para ele, quem não quiser apostar em uma impressora 3D em casa, pode começar a dar forma às ideias enviando suas criações para que empresas façam a impressão. “Pode ser uma boa alternativa, semelhante ao que vemos acontecer com a personalização de camisetas”, defende.

Com essa mesma proposta, em um dos corredores da Universidade Berkeley, na Califórnia, uma impressora fabrica objetos sob demanda. Ela funciona como uma máquina de refrigerante. O usuário paga para enviar seu projeto ou para selecionar um modelo de uma lista. Quando fica pronto, uma mensagem é enviada para o celular. Outra proposta é o site 3D Hubs, que divulga contatos de proprietários de impressoras que desejam alugá-las. Ele já é usado em algumas cidades brasileiras. Em Goiânia, por exemplo, ainda não há proprietários querendo alugar, mas alguns interessados em usar a tecnologia já se cadastraram.

Para o professor da UFG, por ainda ser considerada cara para a maioria da população, a tecnologia disponível para o consumidor comum ainda tem muito a avançar. “É questão de aguardar um pouco mais para que os equipamentos fiquem mais sofisticados. À medida que se popularizam, ficam mais baratos e com melhores resultados.”

Martins avalia que a possibilidade de personalizar e desenvolver produtos já começa a causar impactos na indústria.

 

Autorreplicantes e sem limites para criações

09 de setembro de 2013 (segunda-feira)

Com a inovação das impressoras 3D, novos produtos estão nascendo das mãos de empreendedores e curiosos que hackeiam o mundo das coisas físicas. “A novidade permite fazer algo que gastaria muito tempo. Além disso, diminuem os custos de produção”, observa o professor do Instituto de Informática da Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutor em Ciência da Computação, Wellington Martins, sobre impactos da impressão tridimensional.

Martins cita como exemplo as chamadas máquinas autorreplicantes, como impressoras 3D que imprimem suas próprias peças para que assim seja montada outra máquina com a mesma função – projeto chamado de RepRap –, que torna a tecnologia cada vez mais barata e acessível.

Na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), por exemplo, projeto enviado pelo computador é executado pelo centro de usinagem. “O centro de usinagem é uma evolução da mecânica, em que tudo que era manual, agora, com as impressoras, será mais elaborado pela produção em mais dimensões”, explica o coordenador do curso de Engenharia de Automação, Wanderson Rainer.

Segundo Rainer, não terão limites as criações em 3D, desde a produção de objeto para melhor ilustrar uma aula a máquinas com microprocessadores (inteligência artificial) e assim a criação de novos equipamentos, a construção das mais diversas engenhocas eletrônicas. (K.A.)

Fonte: O Popular