Mantovani Fernandes
Siron Franco, Doris Pereira e Aguinaldo Coelho, ao lado de instalação do artista no MAG
O Museu de Arte de Goiânia (MAG) vai receber 20 obras do artista plástico Siron Franco. A aquisição é resultado do Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça, do Ministério da Cultura. O projeto Siron Franco no MAG, de autoria do próprio museu e de Aguinaldo Coelho, professor da Faculdade de Artes Visuais da UFG, foi selecionado em segundo lugar na categoria de artes plásticas do concurso, específico para aquisição, no valor de R$ 350 mil. As obras, produzidas entre 1987 e 2000, serão entregues para o acervo do museu ainda neste ano. Em 2014, será montada uma exposição com os trabalhos.
O MAG possui quatro telas de Siron Franco, todas criações dos anos 70, e um trabalho de 2002, uma instalação em cimento – um caminho com pegadas, que se situa na entrada do museu.
“Quando me convidaram para este projeto eu achei ótimo, porque eu não queria que a minha obra ficasse tão dispersa. E o MAG é muito especial para Goiás e para mim especialmente. Já doei algumas obras minhas para cá, feitas no período da ditadura, mas através deste projeto o museu vai ter em seu acervo obras que contemplam períodos bem mais recentes do meu trabalho, inclusive uma série inspirada na tragédia do césio 137”, disse Siron Franco ao POPULAR.
O artista elogiou as condições de conservação do acervo do MAG. “A gente gosta de ver os filhotes bem cuidados e aqui é um ambiente superseguro”, afirmou.
Visibilidade
Ele destacou também que espera que essa premiação e seus desdobramentos possam dar mais visibilidade para as artes plásticas em Goiás. “Queria deixar um recado não só para o poder público mas também para a iniciativa privada. Os empresários brasileiros, infelizmente, não têm a compreensão de contribuir com a sociedade, valorizando a arte”, concluiu Siron.
A justificativa principal do projeto é que o MAG possui apenas trabalhos da fase inicial da carreira do artista goiano de projeção internacional. “Esse é o museu dos artistas de Goiás, e o Siron é um artista ímpar. Não dá para imaginar uma instituição como essa sem exemplares do trabalho mais recente dele, para que o público tenha a chance de fazer um acompanhamento do percurso do artista”, explica Doris Pereira, diretora do museu.
“Essa premiação, na qual competimos com museus de todo o País, vai contribuir com o conhecimento sobre um importante aspecto da história da arte local, da história de Goiás e da história nacional”, destaca a diretora do MAG.
Projeto concorreu com museus de renome
14 de setembro de 2013 (sábado)
Artista
Acervo do MAG vai receber obras de Siron Franco
O projeto Siron no Museu de Artes de Goiânia é uma parceria entre o artista plástico Siron Franco e o MAG e tem como proponente jurídico o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental (Idesa). O professor Agnaldo Coelho, idealizador e elaborador do projeto, foi o consultor técnico e curador.
A proposta ganhou nota 98,64, ficando em segundo lugar na seleção do Prêmio de Artes Marcantonio Vilaça 6ª Edição – Fundação Nacional da Artes do Ministério da Cultura. O primeiro lugar, com 98,82 pontos, foi da Associação de Amigos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A premiação tem três categorias, estipuladas de acordo com o valor do prêmio – R$ 70 mil, R$ 150 mil e R$ 350 mil – e cada uma contempla cinco projetos.
“O júri do prêmio observa vários quesitos ao analisar propostas do Brasil todo, ligadas a instituições como o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. O nosso projeto foi uma parceria e a própria qualidade do museu contribuiu para a premiação. O MAG tem uma boa estrutura física e de profissionais e, claro, com padrões corretos de conservação de seu acervo, mas ele precisa de investimentos para crescer”, ressaltou Aguinaldo Coelho.
“A diretora Doris Pereira apresentou ao projeto um rico dossiê, com informações detalhadíssimas sobre o museu, quadro técnico e estrutura, com muitas imagens, e isso foi fundamental para a nota alta obtida”, complementou.
Destaque
“Sem a generosidade do Siron, um nome reconhecido e respeitado, participar da seleção seria impossível, pois o total da premiação está abaixo do valor de mercado de suas obras”, destacou o curador. A proposta foi de aquisição de um total de 20 obras, de técnicas e tamanhos diversos e o destaque é a série Rua 57.
“Essa série é notória e faz parte da história de Goiás e da história da arte de Goiás, pois foi realizada na época do episódio do acidente radioativo com o césio 137”, frisa o curador, lembrando que ela representa uma prática bastante presente na obra do artista, de trazer a “reportagem do social para a arte”.
O projeto inclui ainda a série Embalagens, exposta na embaixada do Brasil na França, e que chamou a atenção pelas telas envoltas em arame farpado. “Essa incorporação ao trabalho possibilita o diálogo entre os diferentes materiais e a representação simbólica do arame farpado, que denota conceitos de segregação, controle, propriedade, territorialidade, violência, entre outros”, explica Aguinaldo Coelho.
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O Museu
14 de setembro de 2013 (sábado)
Inaugurado em 1970, o Museu de Arte de Goiânia (MAG) é o primeiro museu público municipal de artes plásticas da Região Centro-Oeste. Construído dentro do Bosque dos Buritis, no Setor Oeste, atualmente o museu tem três salas de exposição – duas delas na sede do bosque e outra na sala de exposição do Palácio da Cultura, na Praça Universitária. O MAG tem uma sala reservada para a exposição de acervo, a Sala Amaury Menezes, além da sala Reinaldo Barbalho, destinada a eventos e exposições. O museu tem seções voltadas para intercâmbio, conservação e restauração e reserva técnica. O MAG também oferece oficinas de artes plásticas e biblioteca especializada para a comunidade. Atualmente, o acervo do MAG contempla as categorias de desenho, pintura, escultura, objetos, instalação e gravura, num total de 942 obras – todas adquiridas através de doações.
O prêmio
O Prêmio Marcantonio Vilaça – Funarte/MinC é um dos mais importantes para a arte contemporânea brasileira, já que é voltado para a formação de acervo de instituições museológicas públicas e privadas sem fins lucrativos. O edital frisa que o objetivo do concurso é contribuir para o fomento, a difusão e a criação das artes visuais no Brasil e sua consequente formação de público. No ano passado, um projeto goiano, também elaborado pelo professor Aguinaldo Coelho, foi aprovado na mesma categoria: o projeto Arte Contemporânea no Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás, dirigido por Carlos Sena. Este projeto consiste em aquisição de obras dos artistas Daniel Senise (RJ), Leda Catunda (SP), Cristina Canale (RJ) e Ângelo Venosa (RJ). Segundo o consultor, todos estes artistas são expoentes da arte nacional, integrantes da geração 80, e a exposição deve ser montada em breve.
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As obras
14 de setembro de 2013 (sábado)
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■ 3 obras da Série Rua 57 (Césio 137), 1987, desenho, têmpera vinílica sobre papel, 1 x 0,70 m
■ 11 obras da Série Rua 57 (Césio 137), 1987, desenho, têmpera vinílica sobre papel (Fabriano 360), 0,70 x 0,50 m
■ 1 obra da série Rua 57, 1987, pintura técnica mista (terra, vestido e têmpera) – 2,20 x 1,60 m
■ 4 obras da série Embalagem, 1995, pintura a óleo e arame farpado – 1,90 x 1,80 m
■ 1 obra, pintura a óleo, 2013 – 1,50 x 1,00 m, a ser confeccionada