Prédio já apresenta série de fissuras e trincas

Inaugurado há um ano e cinco meses ao custo de R$ 65 milhões, o prédio do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em Goiás, no Setor Bueno, na Região Sul de Goiânia, apresenta problemas de infraestrutura, como uma série de trincas e fissuras no piso, nas paredes e até em uma parte do concreto, conforme constatou ontem O POPULAR. Sem alvará de funcionamento, o edifício tem uma média de movimento de 1,5 mil pessoas por dia, e além de 800 magistrados, servidores e estagiários que cumprem expediente no local. Toda essa situação levou a um pedido de interdição do prédio e criou um impasse entre a Defesa Civil do município e o Núcleo de Engenharia do Fórum Trabalhista na capital.

Os problemas começaram na execução das obras, que ficaram a cargo da Gilberti Construtora Ltda, com a qual o TRT só rescindiu o contrato, em 27 de setembro de 2012, cinco meses depois de o edifício ser inaugurado, irregularmente e ainda inacabado. Basta andar pelo prédio, para constatar que as fissuras saltam aos olhos. Estão por todos os lados, até na cantina e no banheiro. A estrutura também está castigada por infiltrações.

O engenheiro Crebilon de Araújo Rocha Filho, chefe do Núcleo de Engenharia do tribunal, confirma que o prédio, construído com estrutura metálica e concreto armado, não tem alvará de funcionamento e apresenta falhas. “A execução foi inadequada”, apontou. “Por mais que a empresa tenha sido alertada, houve negligência por parte dela”, emendou ele, referindo-se à Gilberti.

José Carlos Gilberti rebate. Ele diz que o problema não foi a execução, e sim a especificação inadequada. “Toda estrutura metálica balança. Lá não chega a este ponto. Deveria ter colocado um piso flexível, não granitina. Estruturalmente não existe nada que comprometa o prédio. ”

José Carlos diz ainda que em abril do ano passado, logo após a inauguração do prédio, professores da Universidade Federal de Goiás (UFG) foram até o local e verificaram a estrutura do prédio. “O próprio TRT tem laudo sobre isso”, diz.

Apesar de ter rescindido o contrato, o TRT entregou uma placa de homenagem à construtora, durante a inauguração do Fórum Trabalhista de Goiânia, “pela excelência do trabalho e, em especial pelo respeito à vida e dignidade do trabalhador”, conforme consta da peça.

Mesmo assim, o chefe de Engenharia do TRT aumenta ainda mais o imbróglio, ao dizer que tem laudo que aponta uma série de inconformidades em relação ao acabamento da obra. “O piso foi executado de forma inadequada”, observou ele, pontuando que também existem problemas na parte elétrica e de ar-condicionado. O tribunal, conforme disse, reteve recursos destinados à construção e que agora estão sendo usados para resolver as “inconformidades.”

Interdição

A briga já ultrapassou o acerto de contas e já passou a envolver até a Defesa Civil municipal. Depois de receber uma denúncia anônima, na manhã da última sexta-feira, o chefe de Apoio Técnico da Comissão Municipal de Defesa Civil (Comdec), Cidicley Santana, ligado à Secretaria Municipal de Defesa Social, foi até o prédio e checou a situação. Ele constatou fissuras e trincas no primeiro dos 10 pavimentos do prédio e primeira rampa e, à tarde, apresentou um auto de interdição dessa área. Mas, ontem, Cidicley pediu a desinterdição do prédio, após conversar com Crebilon, que, conforme disse, havia se negado a mostrar laudos que atestam a segurança do fórum.

O chefe do Núcleo de Engenharia do TRT desqualificou o laudo produzido por Cidicley, frisando que um documento desta natureza, para que tenha validade e credibilidade, deve ser anotado no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO), por profissional habilitado. “As afirmações são totalmente sem embasamento”, acentuou Crebilon. A expectativa dele é de que a situação seja regularizada até o final do ano.

Gestora do Departamento de Fiscalização do Crea-GO, Rosane Brandão explicou que precisa tomar conhecimento do problema, para adotar alguma medida. Segundo ela, o conselho poderá enviar um engenheiro ao TRT, para fazer o levantamento do problema, caso haja necessidade.