Desenvolvimento motor e cognitivo

Além de criar no aluno uma rotina mais ativa, a Educação Física escolar auxilia nos aspectos da memória, criatividade e noção espacial. Segundo Rubens dos Santos Silva, presidente do Conselho Regional de Educação Física (Cref) de Goiás/To­cantins, uma boa aula pode, inclusive, dar noções de sociedade e cooperativismo.
Além de formar as competências corporais da criança, essas aulas são fundamentais para o chamado aprendizado cognitivo. Quem afirma isso é Anegleyce Teodoro Rodrigues, diretora da Faculdade de Educação Física (FEF) da Uni­versidade Federal de Goiás (UFG).
Ela explica que nos primeiros anos de vida é fundamental que a criança adquira experiência com movimentos corporais. “Acontece que o modelo que temos hoje não coloca o desenvolvimento motor como prioridade nas turmas que vão até a 5ª série, e sim o cognitivo. Foca-se na linguagem e escrita, mas se esquece que elas devem andar juntas do desenvolvimento motor.”
Doutora em Educação, Anegleyce ressalta o fato de que a qualificação do pedagogo seja concentrada na formação de intelecto e deixe, em segundo plano, os desenvolvimentos corporais e artísticos, que são estudados justamente por aqueles que optam pelos cursos de Educação Física e Artes, e que hoje não são obrigatórios do 1º ao 5º ano. “As capacidades de concentração, memorização e coordenação do pensamento estão todas ligadas ao desenvolvimento motor e também afetivo. Este último é trabalhado principalmente pelas aulas de Artes. Para desenvolver tudo, é preciso trabalhar com jogos, brincadeiras de correr, saltar etc”, atenta a doutora, explicando que somente um professor formado em Educação Física é capaz de reconhecer qual a brincadeira ideal para cada momento.
Com os alunos que tem até 7 anos de idade, por exemplo, as brincadeiras são simbólicas, quase um faz de conta, que auxiliam a criança a compreender os papéis sociais existentes em sua cultura. A partir dos 8 anos, o universo simbólico se torna um pouco menor e as regras passam a ser mais explícitas. Jogos que envolvam regras básicas e comportamentos em grupo são comuns.
Anegleyce sugere trabalhar também com jogos de outras culturas, como forma de aprendizagem interdisciplinar. “A partir do 5º ano, os jogos ficam mais elaborados, com papéis definidos e regras diversas. É interessante praticar esportes comum dos adultos, ou então algumas lutas, mas tudo dentro de um universo educacional”, opina.

Diversidade de atividades
Sobre o fato de muitos alunos terem aulas de um único esporte, como o futebol, a doutora alerta: “É preciso evitar a especialização precoce”. A diretora da FEF denuncia o fato de muitas escolas, em especial da rede particular, obrigarem o aluno a fazer uma única atividade o ano todo.
Assim o que era para ser um momento de lazer, pode se tornar algo desagradável. “A escola deve propor um conjunto diversificado da expressão corporal para seu currículo”, ressalta ela, dizendo ainda que o importante é que essas atividades estejam focadas no desenvolvimento motor.

Fonte: Tribuna do Planalto