Negócio bom pra cachorro

26 de janeiro de 2014.

 

Com crescimento vertiginoso nos últimos anos, o setor pet movimentou cerca de R$ 15,4 bilhões em 2013, um incremento de 8,1% em relação ao ano anterior de acordo com dados da Associação Brasileira de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Embora não haja estimativa do mercado goiano, a fatia do bolo é milionária, segundo representantes do setor.

Acompanhando essa escala de crescimento, a comercialização de filhotes de cachorros com pedigree quadruplicou nos últimos dez anos. Em Goiânia, os preços variam entre R$ 800 e R$ 6 mil, em média, dependendo da raça e sexo.

Nos últimos cinco anos, a valorização de preços de alguns filhotes de cães desperta atenção. Em 2009, uma filhote da raça pug, por exemplo, podia ser comprada por R$ 900. Hoje, é vendida por mais que o triplo do preço - R$ 3 mil (233%). Neste mesmo período, o valor de um filhote de bulldog inglês dobrou – saiu de R$ 3 mil para R$ 6 mil. Somados ao bulldog francês e shih tzu, são os principais protagonistas do aquecimento das vendas de pets.

Tecnicamente, a explicação para a disparada dos preços de algumas raças está ligada ao melhoramento genético. Mas saindo da seara da ciência, o aspecto comportamental contribui com um baita empurrão para a evolução do aumento tanto da demanda quanto dos valores.

Melhoramento

Há 12 anos, Carlos Davi Lôbo Rezende, criador da raça dachshund, estrela da propaganda Cofap, trabalha com o melhoramento da raça. “Criação séria e responsável tem seu custo que reflete no preço de venda do animal”, argumenta.

Por isso, ele cria filhotes de dachshund provenientes de acasalamentos corretos, cães com pedigree (certificado de registro genealógico) e melhoramento genético na busca de animais funcionais e aptos ao padrão da raça. Um filhote custa R$ 1,7 mil. Nos últimos cinco anos o valor subiu 40%. “Ouvi dizer que filhotes dessa raça, mas sem pedigree, podem ser encontrados, atualmente, por R$ 350”, diz.

A docente da disciplina criação de animais de companhia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Kellen de Sousa Oliveira, explica que o investimento em uma raça mais apurada pode minimizar ou inibir a manifestação de algumas doenças ou comportamento.

Ela acredita que essa seja uma das possibilidades para o retorno da escolha da raça Doberman como cão de guarda. “É uma raça que diziam ser traiçoeira, que podia atacar o próprio dono”, afirma.

Embora alguns médicos veterinários afirmem que exista muita lenda envolvendo a raça alemã, o certo é que o cachorro de guarda comum na década de 1980, foi perdendo espaço até ficar praticamente esquecido.

“O melhoramento da raça está contribuindo para que ele volte com força total”, afirma Kellen. Ela aponta características positivas do doberman: não é um cachorro grande demais, custo de manutenção mais baixo (alimenta em menor quantidade), guarda tanto casa quanto empresa e tem um latido forte. Em 2012, foram registrados 862 exemplares da raça no Brasil. “É um número expressivo já que não se ouvia mais nem falar dele”, diz. O valor da retomada vem a passos largos. Um filhote pode custar até R$ 6 mil.

Para o proprietário de um canil em Goiânia que não quis se identificar, em função de recentes assaltos a esse tipo de estabelecimento, a dificuldade genética de algumas raças, como bulldog inglês e bulldog francês, em gerar filhotes também eleva o custo do animal. “As cadelas dessas raças costumam ter problema antes e durante o parto. Além disso, muitos filhotes não vingam”, afirma Rodrigo (nome fictício). Em virtude dessa características, muitos criadores desistiram do negócio, resultando em queda de produção.