UFG analisa utilizar apenas o Sisu

Conselho Universitário se reunirá ainda neste semestre para definir se utiliza processo de seleção único

 

Vandré Abreu 01 de fevereiro de 2014 (sábado)

 

A Universidade Federal de Goiás (UFG) vai reunir o Conselho Universitário ainda neste semestre para analisar as condições de ingresso de alunos na instituição para o ano que vem. A tendência é que a universidade acate a proposta de aderir totalmente ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) a partir de 2015. Neste ano, pela primeira vez, metade das vagas disponibilizadas estão sendo preenchidas por aprovados via Sisu, ou seja, que realizaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).  

De acordo com o Pró-reitor de Graduação da UFG, Luiz Mello de Almeida Neto, a decisão vai ser tomada apenas pelo Conselho, mas a adesão a uma única forma de ingresso de alunos, segundo explica, é “uma tendência das políticas públicas nacionais para a educação superior”. O aumento progressivo da adesão está descartado, ou seja, as duas únicas opções serão a manutenção de 50% das vagas para o Sisu ou a mudança para 100% das vagas.  

Os dados que serão analisados se referem ao índice de matrículas de alunos provenientes do Sisu em comparação aos aprovados pelo Processo Seletivo 2014-1 (PS 2014-1), que tiveram os nomes divulgados ontem, e também à qualificação destes alunos, como a manutenção deles na UFG. O resultado do PS 2014-1 foi divulgado no início da tarde de ontem e, dos 2.793 convocados, 515 já haviam sido aprovados pelo Sisu, 18,43%. No entanto, o dado não é representativo por não haver uma comparação histórica. “A gente ainda não sabe como esses alunos vão se comportar, as matrículas ainda estão em andamento”, diz o Pró-reitor.  

Até 2013, os alunos provenientes do Sisu disputavam apenas 20% das vagas e uma resolução do Conselho Universitário passou essa quantidade para 50%. “Não existe uma lei ou determinação para adesão do Sisu, é uma tendência nacional mesmo”, explica Luiz Neto. Atualmente, mais de 50 instituições de ensino públicas já aderiram totalmente ao Sisu. Este dado inclui instituições renomadas, como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).  

Além de seguir a tendência nacional, o Pró-reitor analisa que a UFG gasta muito esforço e dinheiro com a manutenção dos dois processos seletivos, especialmente com o custo de mais tempo e estrutura para as matrículas diferentes. Enquanto universidade federal, a instituição participa da elaboração da Enem e também fornece a estrutura e colaboradores para a realização da prova em Goiânia e cidades do interior em que atua. “As instituições que aderiram 100% ao Sisu conseguiram manter bons alunos e um processo seletivo de qualidade sem o vestibular tradicional.”  

Evasão  

Membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), o professor Mozart Neves Ramos afirma que o Sisu cria um ambiente positivo de educação ao fazer com que o aluno foque em uma determinada prova e maneira de estudos. “É muito comum isso em países da Ásia e Europa e vejo de forma positiva para a formação cultural e no amadurecimento do aluno”, explica. Segundo diz, a criação de um sistema unificado faz com que envolve todo o País e a classe estudantil em torno de um propósito.  

Por outro lado, Ramos acredita que o mesmo processo tem suas falhas que merecem ser repensadas ou que se tome cuidado, como a questão de ceder uma segunda opção ao aluno. “Muitas vezes o aluno quer um curso e coloca na segunda opção algum de uma mesma área, mas bem diferente. A nota que ele tem só o faz passar nesta segunda opção e ele, possivelmente, vai evadir da faculdade posteriormente”, explica, citando como exemplo cursos como Medicina e Odontologia, ou Jornalismo e Publicidade.  

O professor acredita que a universidade que aderir 100% ao Sisu deve realizar programas de monitoramento aos índices de evasão, que nesse primeiro caso se refere a uma decisão profissional do estudante. Outra situação que pode agravar a evasão é a questão pessoal. “A mobilidade que o Sisu permite faz com que o aluno se sinta mais livre para deslocar e fazer faculdade longe de onde mora.” Ramos diz que, caso fosse reitor de uma instituição, elaboraria um programa de assistência estudantil que acompanhasse estes alunos.

Fonte: O Popular