PMDB e PT divergem da sugestão de Duda

Integrantes dos dois partidos acham difícil derrotar o governador Marconi Perillo se não houver união já no primeiro turno

 

domingo, 2 de fevereiro de 2014 | Por: Editoria  

Loren Milhomem

 

DUDAA passagem do publicitário Duda Mendonça por Goiânia para assumir de vez a campanha do pré-candidato ao governo do Estado Júnior Friboi (PMDB) levantou pontos que entraram na pauta de discussões das cúpulas do PMDB e PT, reascendendo duas questões que encalçam as decisões relativas à aliança: a afirmação de que sem o apoio e participação ativa do ex-prefeito Iris Rezende (PMDB) será muito difícil vencer as eleições, e a sugestão de que seria interessante que os dois partidos seguissem separados, para que a presidente Dilma Rousseff (PT) possa ter dois palanques em Goiás.  

Embora a importância da participação de Iris – na chapa majoritária ou de fora dela – já venha sendo discutida no PMDB e levada em consideração até por alguns membros do PT, a insinuação de que é positivo que a aliança se desfaça para atender ao objetivo principal do PT e dos partidos da base da presidente Dilma, de reelegê-la, não foi bem recebida por integrantes dos dois lados. A maioria dos membros de ambas as siglas continua a defender a unidade. Cientistas políticos consultados pela reportagem não acreditam que PMDB e PT possam estar separados no Primeiro Turno, pois enxergam que vencer o governador Marconi Perillo (PSDB) já será tarefa árdua, mesmo com uma grande aliança oposicionista.  

“Não sei de olho em quê que Duda Mendonça fez essa afirmação, mas se PMDB e PT saírem divididos será catastrófico para eles. A recomendação é de que mesmo unidos será muito complicado vencer o governador. Mas eles já perceberam isso, e acredito que é uma possibilidade muito remota desfazerem a aliança”, afirmou Pedro Célio, cientista político professor da Universidade Federal de Goiás (UFG). Para ele, alguns fatores colaboram para que a busca pela unidade seja mantida, como o fato de não haver consenso no PT pela candidatura do prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, à sucessão estadual. “Os dois lados têm capital político para disputar, mas cada eleição tem seu momento estratégico e, para vencer a deste ano, eles precisam estar unidos”, disse.  

Cientista político professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Wilson Cunha enxerga que o PT se beneficia mais da aliança do que o PMDB, mas o pensamento de que é preciso estar juntos para ganhar as eleições acabou por tomar conta das estratégias dos dois partidos. “O PMDB nunca precisou do PT para vencer as eleições em Goiás. O PT é um partido que caminha sempre a reboque, mas Iris, quando se aliou ao PT por estratégias pessoais, fez o partido perder o bonde da história. Para o PT foi muito positivo porque ele sabe que não tem possibilidade de vencer em Goiás. Isso é muito claro para o ex-presidente Lula e para o Duda Mendonça. Então, esse discurso de separação é jogo para a plateia”, avaliou.  

Os cientistas não descartam a possibilidade de que o PT tenha lançado a pré-candidatura de Gomide visando as eleições de 2018. “Ela não deve se viabilizar, mas ele mostra independência e começa construir futura legitimidade para disputar”, analisou Cunha.  

Líder do PMDB na Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto disse que o partido continua a acreditar que o melhor é manter a aliança, mas não ficará na dependência do PT. “O trabalho é intensivo para viabilizar a unidade. Acreditamos que ela será real, até porque acho muito pequena a chance de o PT realmente lançar o Gomide”, afirmou.  

O presidente regional do PT, Céser Donizete disse que a direção nacional do PT não trabalha com a hipótese de a aliança não se consolidar. “Duda é um profissional renomado, mas isso não se aplica ao cenário goiano. Poderia até concordar com ele se acreditasse que essa eleição terá só um turno, mas não terá”, argumentou.

Fonte: O Hoje