Goiano consegue primeiro lugar no Enem

Filho de pai militar e mãe professora, Gustavo Henrique conseguiu mais de 800 pontos na prova, agora vai cursar Medicina, na UFG

 

Nayara Reis


Olhar tranquilo, serenidade nos gestos, semblante de quem tem a certeza de ter adquirido uma grande conquista e sorriso fácil. Essa descrição resume bem o estado emocional de Gustavo Henrique Pereira da Silva, 19, o prodígio que passou para Medicina em primeiro lugar entre os cotistas de escolas públicas em duas federais, as universidades federais de Campina Grande (UFCG-PB) e a de Goiás (UFG-GO), e de quebra faturou uma bolsa integral para cursar a mesma faculdade na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), sem contar que alguns resultados de instituições em que ele prestou ainda não foram divulgados.

A nota final do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de Gustavo Henrique foi de superior a 800 pontos (a nota varia de 0 a 1.000), as duas áreas do conhecimento em que ele foi melhor são Português e Matemática, com destaque ainda para a redação, quase perfeita que somou nota 9,6.

Gustavo terminou o Ensino Médio em 2011, no Colégio da Polícia Militar de Goiás, Hugo Ramos de Carvalho e de lá para cá deu foco ao sonho de criança, se formar em Medicina. O primeiro resultado no Enem não foi muito animador, já em 2012 o adolescente passou para Engenharia Civil na Universidade Federal de Goiás (UFG), mas não era o que ele queria, então fez a prova pela terceira vez. Ele também conseguiu passar para medicina no meio do ano, no vestibular da Universidade José do Rosário Vellano (Unifenas-MG), feito apenas para ganhar experiência, mas confiante preferiu testar seu desempenho no Enem no final de ano.

Dedicação

O resultado é fruto de muita dedicação, ele estudava entre 14 e 16 horas por dia de segunda asábado, e aos domingos dormia até o meio-dia, hora em que começavam os estudos. Ele seguia até às 20h. Passeios mesmo só com os livros dentro de casa ou no cursinho, onde tinha aulas pela manhã, à tarde estudava e tirava dúvidas no plantão do cursinho. Em casa, já à noite Gustavo estudava até à meia-noite e às vezes até além deste horário.

Para ficar atento tantas horas o rapaz afirma que tomou pó de guaraná algumas vezes, mas a mãe acabou orientando a não utilizar nem esta substância. No entanto, Gustavo relata conhecer casos de jovens que usam drogas para melhorar o desempenho nos estudos. “Vi gente que estava vendendo. Eu sabia de alguns colegas que utilizavam remédios para se manter acordados. Alguns logo passaram mal e desistiram”, conta.

APOIO

Gustavo Henrique mora em um apartamento Jardim Goiás, o pai, Esio Pereira da Silva é sargento da Polícia Militar, a mãe, Rita Aparecida, professora da rede estadual de ensino e a irmã, Mayara Virgínia. Os pais deram todo o suporte ao garoto, nos momentos difíceis Ésio Pereira era o conselheiro e psicólogo do adolescente.

“Eu conversava com ele, falava que é assim mesmo, dava apoio para ele”, lembra. Já a mãe, monitorava o rapaz, a professora fiscalizava os horários de dormir do filho, insistia para ele comer e, mesmo à distância, não deixava de acompanhar Gustavo. “Quando a gente viajava eu ligava, falava para ele comer, orientava sobre os horários para ele dormir”, relata.

Tanta pressão às vezes realmente exigiam os conselhos do pai. “Quando eu fazia a prova da PUC chegava aqui em casa e chorava, porque eu corrigia e sabia que não tinha passado” (risos). O lazer de Gustavo era bem restrito, geralmente, uma ida ao cinema ou boliche com os amigos, duas vezes por mês, tudo em prol do objetivo.

Para Gustavo, os professores tiveram um papel fundamental para a conquista, a metodologia contribuiu bastante para que ele alcançasse a nota. Eles comentavam as provas anteriores do Enem, falavam o que poderia cair. No (cursinho) Olimpo eles mesmos fizeram uma aula só sobre o Enem, deram cartilhas, o que ajudou bastante”, diz.

ESCOLHA

O jovem vai ficar mesmo por aqui, escolheu a UFG para realizar o sonho. “Está mais perto da família, isto conta bastante. Federal é Federal”, confessa. Ansioso e muito animado para o início da faculdade, Gustavo quer conhecer melhor a Medicina e só depois escolher com cautela a área em que vai se especializar. Ele acredita que vai estudar menos horas por dia, mas com o passar dos semestres a formação em saúde vai exigir novas maratonas de dedicação próximas aos companheiros, os livros.

Fonte: Diário da Manhã