Substituição das redes de água de cimento amianto tem caráter técnico

 

Quinta, 27 de Fevereiro de 2014 - 09:19
Fonte: Sanesul

 

As obras da Sanesul de substituição das tubulações das redes antigas de cimento amianto (CA) por novas têm objetivo de modernizar o sistema, reduzindo a perda física de água e diminuindo os serviços de reparo nas redes antigas, que foram instaladas na década de 1970. Tal modernização ocorre em diversos municípios do estado, sobretudo em redes com mais de 30 anos de existência.
 
Em Dourados, por exemplo, já foram implantados 22,6 quilômetros de redes de PVC destinados à substituição das redes de CA. Os recursos para as obras são do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com contrapartida do Governo do Estado, e estão inseridos em um pacote maior, de R$ 9,1 milhões, que abrange ainda a implantação e setorização de novas redes e padronização de ligações.
 
De acordo com o engenheiro Ivan Pedro Martins, chefe do Núcleo Técnico (Nutec) da Secretaria de Estados de Obras Públicas (Seop), setor responsável pela fiscalização das obras de saneamento do PAC 1, na qual está inserida a substituição das redes de CA, a empreiteira contratada para fazer as interligações recebeu somente o pagamento pelos serviços que foram executados por ela e que equivalem a 19% do que foi contratado junto à empresa. “A Seop pagou por aquilo que a empreiteira executou e tinha direito, e nada a mais”, afirma o chefe do Nutec. Para finalizar as interligações, a Sanesul abriu um pacote técnico licitatório no valor de R$ 763,4 mil, que está em andamento.
 
Conforme o gerente regional de Dourados, Paulo César Torraca, dos 22,6 km de redes antigas que foram substituídas por redes de PVC, cerca de 60% das ligações já estão interligadas à nova rede e em operação, dentre elas, toda a área central da cidade, que já está operando na rede de PVC. “As obras que serão licitadas vão garantir a desativação do restante da rede de cimento amianto já substituída”. Torraca informa que resta ainda uma pequena quantidade de redes antigas em alguns trechos e que serão trocadas por PVC para que a modernização e padronização do sistema sejam totalizadas.
 
A desativação das redes de CA tem caráter técnico e não está ligada, de forma alguma, a questões de saúde, haja vista que os estudos científicos não apontam qualquer relação entre câncer e a ingestão de água tratada que trafega em tubulações de cimento amianto. “A manutenção dessas redes é difícil porque não encontramos peças para a reparação. E, por serem tão antigas, estão mais sujeitas a quebras. Por isso, estamos fazendo as substituições”, explica o presidente da Sanesul, José Carlos Barbosa.
 
Um parecer técnico do Instituto de Defesa do Patrimônio Nacional (IDPN), assinado pelo médico pneumologista ocupacional e ambiental Dr. Carlos Roberto Crespo, do próprio Instituto, e publicado no site do Ministério do Meio Ambiente, aponta estudos realizados no Canadá e Estados Unidos os quais demonstraram que não existem fibras de amianto na água que percorre as tubulações de CA em quantidade ou forma que venham a representar quaisquer riscos à população que a utiliza, pois o mesmo não se encontra “in natura”, e sim agregado ao cimento, o que impede o desprendimento das fibras, e os riscos de causar problemas à saúde são praticamente inexistentes.
 
Em outro trecho do parecer, eles afirmam o baixo potencial patogênico dos artefatos de fibrocimento, como as tubulações de CA. “Não existe na literatura médica mundial nenhum estudo científico sério que comprove, seja do ponto de vista clínico, estatístico ou epidemiológico, qualquer risco à saúde pública que possa ser causado por exposições domésticas, ambientais ou ocupacionais aos artefatos que contenham amianto agregado. O amianto, da forma em que é utilizado no Brasil, agregado ao cimento ou a resinas, não representa nenhum risco à saúde pública ou ambiental, não se justificando qualquer ideia que venha a restringir o seu uso, em condições seguras”.
 
O pesquisador mestre em engenharia mineral e coordenador de tratamento de minérios da Universidade Federal de Goiás (UFG) do município de Catalão, André Carlos Silva, também desconhece qualquer pesquisa conclusiva que correlacione a ingestão da água que percorre as tubulações feitas de cimento amianto com a incidência de algum tipo de câncer ou até mesmo asbestose, que é uma doença causada pela inalação de partículas de amianto quando exposto todos os dias ao minério e se a poeira da extração for prolongada, a quantidade de fibras no organismo é renovada e fica acumulada. “A principal forma de contaminação pelo amianto é a inalação de suas fibras. Não conheço estudos que apontem que a ingestão da água advinda de redes de CA possa causar câncer”, disse em entrevista.
 
Além disso, um levantamento feito pelo Instituto Crisotila Brasil aponta os estudos científicos realizados em diversos países que ainda utilizam redes de água de cimento amianto, como Estados Unidos e Canadá, os quais concluem que não há evidências consistentes e convincentes do aumento do risco de câncer atribuível à ingestão de água de consumo, mesmo quando as concentrações de amianto foram relativamente altas. Um estudo realizado no estado de Illinois (EUA) em 15 sistemas de abastecimento de água não apresentou diferenças significativas nas quantidades de amianto na água antes e depois de passar pela rede de CA. Estas e outras conclusões podem ser encontradas no endereço: http://www.crisotilabrasil.org.br/site/pesquisas/_pdf/Amianto%20na%20agua.pdf.
 
Uma nova realidade
 
Com uma mudança de foco e de postura, na atual gestão, a Sanesul conquistou um lugar de destaque em âmbito nacional. Essa nova realidade está mudando, de vez, o cenário do saneamento em Dourados e nas demais cidades do interior de Mato Grosso do Sul. Somente em Dourados a Sanesul investe R$ 150,3 milhões e deverá ter este montante aumentado em mais R$ 119 milhões com a liberação de recursos da 4ª seleção do PAC 2.
 
Atualmente, são R$ 6 milhões em desenvolvimento institucional, como a aquisição de picapes, caminhões, retroescavadeiras e melhorias prediais, entre outros. Para a melhoria e ampliação do sistema de abastecimento de água, estão sendo investidos cerca de R$ 40 milhões, que irão garantir a manutenção da qualidade da água distribuída para toda a população e acompanhar o crescimento da cidade. E no setor de coleta e tratamento de esgoto, Dourados recebe mais R$ 104,1 milhões, de recursos próprios, estaduais e federais, fazendo com que o município tenha, ao final de 2014, índice de cobertura da rede de esgoto de 85%.
 
Para José Carlos Barbosa, os investimentos em Dourados sintetizam a meta histórica da empresa, que é a de investir em oito anos R$ 1 bilhão no saneamento de Mato Grosso do Sul. “As ações e os números da Sanesul confirmam cada vez mais seu papel como principal agente do saneamento básico em nosso estado”, afirma.

Fonte: Portal Acrítica