Paisagem natural

Mostras individuais simultâneas que têm a paisagem como tema levam à Galeria da FAV, na UFG, trabalhos de Ana Michaelis e Carlos Cordeiro

Taynara Borges 18 de março de 2014 (terça-feira)


Caminhando para as últimas exposições que encerram o calendário de trabalhos selecionados pelo edital correspondente ao biênio 2013/2014, a Galeria da FAV, a Faculdade de Artes Visuais da UFG, abre hoje duas exposições individuais: Jardins, da paulista Ana Michaelis, e Árvores, do mineiro Carlos Cordeiro. Os artistas plásticos participam hoje do vernissage, às 10 horas, na galeria da FAV, no Câmpus Samambaia. Os trabalhos ficam expostos até o dia 4 de abril.

Coordenadora da galeria, a ilustradora e professora de Ilustração e Design Editorial no curso de Design Gráfico da instituição, Ciça Fittipaldi (prêmio Jabuti de Ilustração), explica que os trabalhos são fruto de uma seleção realizada ano passado a partir de um edital que recebeu envios de artistas brasileiros e estrangeiros e que foram escolhidos para serem expostos ao mesmo tempo por trabalharem a mesma temática da paisagem sob uma perspectiva contemporânea e proporem a mesma indagação sobre a originalidade da ilustração no espectador.

“O que junta o trabalho desses dois artistas e que proporciona um bom diálogo é o fato de que eles trabalham de maneiras diferentes o mesmo tema da paisagem numa perspectiva que não é a do século 19, mas sim contemporânea. Isso indaga a natureza do olhar: à primeira vista, a impressão que se tem é que a cena está sempre sendo repetida nas telas, mas, na verdade, elas não estão, têm detalhes sutis que as diferenciam”, ressalta Ciça.

Árvores

Sobre Árvores, com desenhos feitos todos em nanquim sobre papel, o mineiro de Uberlândia, Carlos Cordeiro explica ser um trabalho realizado a partir da sua memória e imaginação, mas tendo como referência sua observação cotidiana das árvores e do próprio campo da arte. “As árvores que faço não têm folhas, os galhos são aparentes, o que me possibilita um trabalho muito próprio com a linha. Os galhos sem as folhas se desdobram em processo de abstração”, explica. Suas “árvores” não têm a preocupação de figurar de uma maneira naturalista, sendo abertas a figurações. “Desenhos podem remeter a abstrações”, reflete.

De acordo com Ciça, o trabalho do Carlos desnuda o desenho. Para ela, ao se utilizar da técnica do pontilhismo, desenvolvida no século 19 pelos artistas impressionistas e retomada mais tarde pelos psicodélicos, ele esvazia e confere um valor maior para os espaços em branco do que os preenchidos. “Você olha as árvores e indaga sua origem. Elas não estão em uma floresta, estão desterritorializadas. Esse estranhamento abre as portas da percepção das pessoas”, arremata.

Jardins

Já os Jardins, da carioca, mas radicada em São Paulo, Ana Michaelis, são formados pela série de 11 obras, todas intituladas Jardim, em que a artista levanta a questão de que porque a repetição é aceita na fotografia e na gravura e rejeitada na pintura. Assim, ela apresenta diversas telas bastante parecidas, mas que apresentam particularidades a um olhar atento. “Pinto em camadas. Não uso cor, só brancos e pretos, e vou velando as camadas com uma tinta branca bem diluída. Daí, pinto por cima uma nova camada e velo de novo. É quase como um véu transparente. E isso vai dando profundidade. É como se eu criasse uma sombra que vai sendo azulada, pois o preto contém muito azul, detalhe que não é percebido por todos. Dá uma sensação do silêncio”, diz de sua técnica.

Exposições: Jardins e Árvores

Artistas: Ana Michaelis e Carlos Cordeiro

Data: De hoje (abertura, às 10 horas) a 4 de abril

Visitação: Das 8 às 17h30

Local: Galeria da FAV (Câmpus Samambaia, Conjunto Itatiaia)

Informações: 3521-1445

Entrada gratuita

Fonte: O Popular