A comunicação com foco no racismo

O Programa de Estudos e Exten­são Afrobrasileiro (ETG/Proa­fro), da Pontifícia Universi­dade Católica de Goiás (PUC), realiza entre os dias 20 e 22 de março, o 3º ciclo de estudos do Proafro com o tema “Mídias e Representações Negras”.

A conferência de abertura será realizada por Jairo Pereira, ator, comunicólogo, poeta, cantor e blogueiro. O militante multidisciplinar acredita que a discussão terá como foco os prós e os contras na utilização da mídia atual, principalmente destas novas formas de comunicação, no combate contra o racismo e para a valorização da cultura e identidade.

Entre as questões a serem discutidas, Jairo cita o desempenho da mídia atual, que ele considera “fraco”. “Ainda não tem ocorrido uma representação dos meios de comunicação, perante a sociedade, para um mundo sem racismo”, considera ele.

Na sexta, 21, a programação do evento inclui uma oficina de Criação Literária com Cidinha da Silva. A escritora e contista abordará, a partir da apresentação de algumas características, procedimentos e técnicas do processo criativo. “Pretendo discutir com os integrantes o cotidiano do fazer literário, considerando a experiência de cada um com a literatura”, adianta ela.

A lista de realizações profissionais de Cidinha não é pequena. São dezenas de crônicas, contos e  histórias curtas. Livros são sete. Racismo no Brasil e Afetos Correlatos, da Editora Conversê, é o mais recente.

Segundo ela, as “africanidades, as relações raciais estão presentes em minha literatura como tema, como perspectiva de visão e análise e assim serão abordadas”, ressalta.

Sobre a tarefa de proporcionar reflexão ao levar a conscientização negra para as pessoas através da literatura, Cidinha responde: “A literatura é propícia para a fluição de todos os temas. Eu busco produzir boa literatura e, por meio dela, discutir os temas que me interessam. O racismo e as relações raciais assimétricas são exemplos do meu interesse, mas não são únicos ou exclusivos”, conclui.

Repensar a mídia

“Representações de Gênero e Raça nas Mídias” será o tema abordado por Luciene Dias no sábado, 22. Doutora em Antropologia Social, jornalista e professora do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Goiás (UFG), ela considera que cabe a cada pessoa, declaradamente preocupada com o respeito às diferenças, construir novas formas de fazer mídia e comunicação.

Luciene lembra que, após a adoção das políticas de ações afirmativas no Brasil, a população negra, feminina e de baixa renda passou a ocupar espaços antes não imaginados. “Em função disso é essencial pensar como as pessoas negras são tratadas pelas mídias, mas fundamentalmente como profissionais negros trabalham estes novos espaços”, afirma.

A jornalista lembra a postura da maior emissora de TV do Brasil [Rede Globo] no último dia 8 de março, Dia da Mulher. “Dedicar um dia para colocar mulheres, que compõem um perfil hegemônico em sua programação, não é a mesma coisa que garantir espaço para vozes diferentes e divergentes”, diz ela.

E continua: “Essa postura somente comprova que mulheres, negros, população LGBT e outros ainda têm muito a conquistar”, acrescenta.

A programação do encontro previa inicialmente um show da cantora Ellen Oléria no encerramento. Seria no domingo, 23, mas a apresentação foi transferida para o dia 13 de maio.

 

Saiba mais

Confira a programação do 3º Ciclo de Estudos do Proafro

Dia 20 de março

* 19 horas - Abertura

* 20 horas - Conferência "Mídias e Representações Negras", com Jairo Pereira (SP)

Auditório 1 C da área 2 (antigo Básico)

Dia 21 de março

* 9 horas - Exibição seguida de debate do filme "Se eu Fosse uma flor" Debatedores: Marta Cezária, Cinthia Marques e Júlio Vann

Auditório 1 C da área 2 (antigo Básico)

* 14h30 - Oficina de Criação Literária Coordenação: Cidinha da Silva (SP) Auditório 1 C da área 2 (antigo Básico)

Dia 22 de março

* 9 horas - Mesa de debates: "Representações de Gênero e Raça nas Mídias"

Debatedoras: Luciene Dias (UFG) e Ceiça Ferreira (UFG)

Auditório 1 da área 2 (antigo Básico)