Dilma lança edital para hidrovia no Rio Tocantins

Licitação é o primeiro passo para concretizar o projeto de hidrovia que inclui ainda o Rio Araguaia

A presidente Dilma Rousseff (PT) lançou ontem, em Marabá (PA), o edital de licitação da obra de derrocamento (remoção de pedras submersas) do Pedral do Lourenço, que permitirá a navegação na hidrovia do Tocantins e impulsionar a economia do Pará, Tocantins e até de cidades do Noroeste de Goiás.

A presidenta disse que a criação da Hidrovia Araguaia-Tocantins é estratégica para o escoamento da produção, principalmente de grãos, das Regiões Norte e Centro-Oeste do País, que hoje saem pelos portos de Santos e Paranaguá.

“Isso mostra a importância da hidrovia em termos de custo, de ligação dessa região, onde está uma parte do futuro do Brasil, porque chegamos nessa região por último – o Brasil começou pelo litoral. Este século é o século da interiorização do Brasil, do Centro-Oeste, do Norte. Daí porque hoje é um momento histórico, estamos fazendo o primeiro grande movimento para viabilizar uma das mais importantes hidrovias do País”, destacou a presidente.

O derrocamento tornará navegável durante todo o ano um trecho de 43 quilômetros do Rio Tocantins, por meio da construção de um canal com calado mínimo de 3 metros e largura de 145 metros a 160 metros. A medida vai facilitar ainda o escoamento da produção pelo Centro-Norte do País e servirá de alternativa ao modal rodoviário.

IMPACTOS

O professor da Universidade Federal de Goiás (UFG),Maximiliano Bayer, especialista no assunto, afirma que, apesar dos impactos socioambiental, a medida vai dinamizar a economia. “Há muitos anos que está provada a facilidade de navegação do Rio Tocantins. Seu fundo é formado por pedras, que precisam ser retiradas. Obviamente, que uma obra como esta afeta a biodiversidade, mas, por outro lado, sabemos que é um agente de expansão econômica muito importante.”

Segundo ele, a realização de um derrocamento não funcionaria para garantir a navegabilidade do Rio Araguaia durante todo o ano.

“Há locais em que as dunas e as ondas de areia do leito do rio chegam a se movimentar até 7 metros por dia. Fica difícil de manter o canal principal. Para uma hidrovia, seria complicado, já que teria de haver dragagens anualmente. Seriam necessárias várias intervenções por ano para manter a navegabilidade”, afirma o professor da UFG.

Capacidade de transporte será de 20 milhões de toneladas por ano

Com essa obra no Rio Tocantins, as eclusas da hidrelétrica de Tucuruí deixarão de ser subutilizadas – a demanda atual é pouca porque as embarcações não conseguem chegar até o local, justamente por causa do Pedral do Lourenço.

Segundo o ministro dos Transportes, César Borges (PR), o derrocamento é necessário para permitir a navegação de cerca de 500 quilômetros da foz do rio Tocantins até Marabá, no Pará.

“Vai baratear os nossos custos de exportação e importação. Aqui estamos mais perto dos Estados Unidos e da Europa do que os portos de Paranaguá e Santos. Será uma região muito mais competitiva, o que vai possibilitar atrair indústrias e emprego”, discursou o prefeito de Marabá, João Salame (Pros).

O edital de licitação será publicado hoje no Diário Oficial da União. A obra será licitada por meio do Regime Diferenciado de Contratações (RDC) e, pelo cronograma, tem previsão para conclusão até 2018. Por ser via RDC, o governo federal não divulgou um custo estimado, já que nesta modalidade de licitação os valores não são divulgados.

“Qual é a ideia estratégica que está por trás dessa hidrovia? É escoar a nossa produção em direção ao Norte e fazê-lo por todos os modais possíveis, enfatizando o modal hidrovia”, afirmou a presidente Dilma Rousseff.

A estimativa do Ministério dos Transportes é que, com o derrocamento, a rota na hidrovia terá capacidade nominal de transportes de até 20 milhões de toneladas por ano para 2025, em grãos, minérios e cargas em geral.

Fonte: O Popular