Conservadores revivem passeata

Grupo favorável a intervenção militar se reúne na Praça Cívica. Até a tarde de ontem, 85 pessoas estavam confirmadas no evento

 

Vandré Abreu 22 de março de 2014 (sábado)

A Marcha da Família com Deus pela Liberdade, ocorrida em 1964, às vésperas do golpe militar, vai ser revivida 50 anos depois em cerca de 200 cidades brasileiras. Em Goiás, o evento está marcado em dez cidades. Em Goiânia, será realizado no Coreto da Praça Cívica, às 15 horas. Até o fechamento desta edição, 85 pessoas confirmaram presença por meio de páginas em redes sociais.

Convocada por redes sociais, a nova versão da marcha busca propósitos parecidos com a que já ocorreu: o fim do socialismo, o apoio à propriedade privada e a intervenção militar, entre outros. “Nossa intenção é ficar ali sem fechar o trânsito das avenidas, para informar a todos que passarem no local sobre os nossos ideais e os problemas que assolam o Brasil e toda a América Latina com o advento da visão esquerdista”, afirma o coordenador da marcha em Goiânia, o professor de História no Estado Alexandre Seltz, de 26 anos.

Em São Paulo, a Marcha vai ocorrer na Praça da República e segue até a Praça da Sé, mesmo trajeto realizado no dia 19 de março de 1964, a primeira passeata que serviu de resposta ao comício feito pelo então presidente João Goulart na Central do Brasil. Na ocasião, Jango anunciou as reformas de base, com ampliação do direito ao voto e leis contra os latifúndios. Segundo Seltz, o grupo que organiza a Marcha é o mesmo em todo o Brasil, que se comunica também por redes sociais.

Nas comunidades virtuais, a realizada em São Paulo é a que apresenta um maior número de pessoas confirmadas, cerca de 3 mil. Em 1964, historiadores estimam que 100 mil pessoas participaram. “As marchas expressaram o apoio de uma parte da sociedade ao golpe, especialmente a burguesia, latifundiários e a classe média. Depois elas ocorreram em defesa do golpe”, explica o professor da Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás (UFG), David Maciel.

Seltz explica que a reedição da Marcha apoia sim a intervenção militar no Brasil, “como única maneira de tirar o PT, que é socialista, do poder”. Para ele, não houve entre 1964 e 1985 uma ditadura militar no Brasil, mas uma revolução que eximiu a chance do País se tornar comunista, como a China e Cuba. “Queremos a deposição do PT e de todos os partidos socialistas, além da criminalização do Movimento dos Sem Terra”, afirma Alexandre Seltz. O grupo também é a favor da volta do voto impresso, por acreditar que os resultados das urnas eletrônicas são fraudados.

Sobre a falta de participação popular, Seltz afirma que isso se dá porque as pessoas não sabem o que ocorre na política e nas “ditaduras de esquerda, como na Venezuela, apoiadas pela presidente Dilma Rousseff”.

Fonte: O Popular