Mulheres abrem espaço em TI

Homens são maioria nas empresas e nos cursos ligados a tecnologia, mas ONG goiana quer mudar isso

 

Katherine Alexandria 24 de março de 2014 (segunda-feira)

A participação das mulheres no mercado de trabalho cresce, porém, a presença feminina no setor de tecnologia da informação (TI) ainda é reduzida. No Brasil, elas representam 20% dos trabalhadores em TI, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Mas por que tão poucas mulheres? Esse é o questionamento feito pelo grupo sem fins lucrativos Mulheres na Tecnologia, criado há cinco anos por goianas para incentivar a igualdade de gênero no setor.

A exclusão começa na formação. Na Universidade Federal de Goiás (UFG), nos cursos ligados à tecnologia da informação, dos 233 estudantes que ingressaram no ano passado, apenas 32 são mulheres. A minoria feminina se repete nos cursos de TI da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), em que os homens que iniciaram curso este ano representam 85,9% dos alunos. E já foi pior. Na PUC-GO, em 2010, o porcentual de homens nos cursos era de 90,3%. Na UFG, passou de 89,15%, em 2011, para 86,7% no ano passado. Mesmo com o aumento tímido, ainda persistem casos como o da turma que ingressou, no primeiro semestre de 2013, no curso de Sistemas de Informação, em que dos 33 alunos havia apenas uma mulher.

Questão de gênero

Fundadora e conselheira da ONG, Luciana Silva Oliveira, conta ao começar o Mulheres na Tecnologia, elas descobriram que nas mãos de homens estão 94% dos cargos executivos das cem maiores empresas de tecnologia do mundo. “O primeiro desafio é mostrar às meninas que TI não é área só de homens. É meio que socialmente estabelecido que não somos boas na área de exatas, e isso cria essas barreiras.” Porém, Luciana lembra que muitas multinacionais já estão mudando essa situação.

“As mulheres são as que mais usam tecnologia”, aponta a também conselheira da ONG, Danielle Gomes de Oliveira. Google, IBM, Facebook e Microsoft já abraçaram a causa e começam a estimular times mistos, que são mais lucrativos e inovadores.

A Ph.D em Ciência da Computação e diretora de tecnologia da ThougthWorks Brasil, Claudia Melo, avalia que as empresas do futuro vão precisar de características que só as mulheres têm e por isso é importante retê-las, criando oportunidades. “A estrutura organizacional não é preparada. Teria de ter um desenho de carreira diferenciado, pensar que vão ser mães, por exemplo.”

O presidente da Comunidade Tecnológica de Goiás, Luciano Lacerda, reforça a tese. “As mulheres são altamente competitivas, mais idealistas, comprometidas e têm maior fidelidade. É o que o mercado procura, e por isso estamos vendo mais mulheres líderes.”

Fonte: O Popular