Situação de alto risco na capital

Pedro Palazzo 31 de março de 2014 (segunda-feira)

Sem licenciamento ambiental e com estrutura inadequada para absorver a crescente quantidade de lixo produzido na capital, o Aterro Sanitário de Goiânia não tem recebido a devida atenção das autoridades públicas. Falta escoamento adequado do chorume produzido diariamente, bem como o seu tratamento. O subproduto do lixo é recolhido por caminhões-pipa e levado, diariamente, para a Estação de Tratamento de Esgoto da capital, onde é diluído. Sem o tratamento adequado, o Aterro Sanitário coloca o bem-estar de milhares de famílias em risco. O mau cheiro prolifera pela Região Noroeste da capital e é um forte atrativo para insetos - principalmente moscas –, que incomodam muita gente. O POPULAR publica a partir de hoje série de reportagens sobre o lixo de Goiânia, mostrando que irregularidades no manejo e na destinação final têm provocado situações de risco ao meio ambiente e à saúde pública.

 O Aterro Sanitário de Goiânia, na saída para Trindade, para onde vai todos os resíduos sólidos da capital, está há dois anos e quatro meses sem licença ambiental por causa de diversas irregularidades que põem em risco os trabalhadores, a população e o meio ambiente. Os mais recentes relatórios de monitoramento, elaborados pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), apontam desde a produção excessiva de chorume e a falta de escoamento adequado da água da chuva até o risco de explosões e incêndios, decorrentes da liberação excessiva e a falta de captação adequada de gases de efeito estufa (GEE).

A disposição final do lixo é um dos pontos cruciais de uma política de desenvolvimento sustentável. É o segundo maior polo gerador de GEE em Goiânia, responsável por 33% das emissões. Perde apenas para os automóveis, que geram 46%. Os dados são de 2010 e constam em relatório elaborado pela consultoria Way Carbon, contratado pela Prefeitura e entregue no final de 2012. Também são os casos os responsáveis pelo fedor que paira na vizinhança. O mau cheiro chega a raio de mais de 1,5 quilômetro do monte de dejetos.

 Os relatórios e laudos elaborados pela Amma trazem reiteradas sugestões de adequação, que contribuiriam para reduzir a emissão de GEE e minimizar os demais riscos. O aterro funcionou entre 2009 e 2011 com licenças condicionadas a estes pedidos. Desde então, o órgão fiscalizador praticamente desistiu de cobrar e espera resposta da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), responsável por gerir o local.

 O presidente da empresa, Luciano de Castro, estima que sejam necessários mais seis meses para resolver as irregularidades: “Iniciamos a solução dos problemas apontados pela Amma no começo do ano passado.” O diretor de Coleta, Ailson Alves da Costa, afirma que os pedidos feitos pelo órgão fiscalizador estão sendo cumpridos “dentro de nossas limitações, para chegar ao ponto de ser autorizado o licenciamento.”

Para o coordenador do curso de especialização em Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Líquidos da Escola de Engenharia Civil (ECC) da Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutor em Engenharia Hídrica e Saneamento, Eraldo Henriques de Carvalho, os problemas na disposição final do lixo são decorrentes de má gestão: “O aterro já foi melhor operado. O problema maior hoje é gestão. Saber o que fazer, o pessoal técnico sabe. Eles têm conhecimento.”

Fonte: O Popular