Luta armada “importou” guerrilha, se isolou da sociedade e fracassou

No Brasil, a lista oficial de mortos e desaparecidos pela ditadura entre 1964 e 1985 apresenta 475 nomes. A maioria encontrou a morte ao partir para a luta armada. Estudos apontam para a existência de 1 milhão de pessoas no aparato repressor e informativo do regime em 1970, de acordo com o historiador David Maciel, da Universidade Federal de Goiás (UFG). Denise Rollemberg, da Universidade Federal Fluminense (UFF), escreveu recentemente que havia menos de 5 mil guerrilheiros no Brasil, somados os réus em Inquéritos Policiais Militares (IPMs) por militância em organizações partidárias ou por participação em ação violenta armada.

Essa discrepância foi determinante no fracasso da luta armada. “Essa opção implica em isolamento. O militante deixa de dialogar com a sociedade e viaja para um lugar distante, faz treinamento, mas não mobiliza as pessoas”, explica David Maciel.

Os grupos que adotaram esse método eram influenciados pelas revoluções de Cuba e China, com foco na guerrilha rural. “No Brasil eles enfrentaram uma economia capitalista e um estado burguês muito mais avançado do que nesses dois países”, diz o professor Maciel. Ex-líder estudantil, Tarzan de Castro a princípio foi favorável à guerrilha rural, mas depois mudou de ideia e tornou-se um dos divergentes dentro da Ala Vermelha, uma dissidência do PC do B.

A mudança ocorreu em 1966, quando esteve na China fazendo treinamento militar. “A luta armada lá fez parte de um contexto complementar à luta política. Aqui seria uma inversão”, afirma. “Respeito todos os que fizeram essa opção, mas eles foram os heróis da solidão”.

 

Fonte: O Popular