Capoeira na ginga social

Convidados são Mestra Janja, Nani de João Pequeno, Fabiana Cozza e Núcleo de Dança Coletivo

Adalto Alves, sexta-feira, 11 de abril de 2014 | Por: Editoria
A terceira edição do Ginga Menina começa hoje, vai até sábado e tem a ver com o jogo da capoeira Angola. Um tipo de capoeira enraizada nas tradições africanas. Que luta contra o preconceito em suas manifestações explícitas ou camufladas. Jogando luz sobre o papel da mulher na sociedade. Em termos de negritude, resistência e legitimação de direitos adquiridos. A mestra Janja, a professora Nani de João Pequeno, a cantora Fabiana Cozza e o Núcleo de Dança Coletivo 22 são os convidados do evento.

Coletivo 22 foi configurado como um curso de graduação em Dança na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em 2010, Renata Lima, diretora artística do grupo, tornou-se professora do curso de Dança da Universidade Federal de Goiás (UFG). O Coletivo 22 passa, então, a ser um projeto de extensão da Escola de Música e Artes Cênicas (Emac) da UFG.

Hoje, às 19 horas, Coletivo 22 apresenta o espetáculo Rubro, no teatro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG). Premiado pelo edital Klauss Vianna 2011, Rubro, solo interpretado pelo bailarino Wellington Campos, parte do contato com as deusas iorubás. Elas incorporam no corpo de um homem, que dança as mulheres Oxum, Oya, Nanã e Yemanjá, com os elementos água, vento, lama e sangue.

Coletivo 22 estará, amanhã, às 9 horas, no Centro de Dança Lenir Miguel de Lima, da Faculdade de Educação Física, no Campus Samambaia, coordenando o workshop, que eles chamam de vivência, O Feminino e sua Representação na Mitologia dos Orixás. O grupo pede aos interessados que usem roupas claras e que as mulheres levem saias.

Às 18h30, Rosângela Costa Araújo, a Mestra Janja, confere a palestra Capoeira e Educação para Diversidade, com mediação da professora Luciene Dias, no auditório da Faculdade de Educação, na Praça Universitária. Formada em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), Mestra Janja pratica e pesquisa capoeira há mais de 20 anos. Fundadora do Grupo Nzinga de Capoeira Angola, ela preserva os fundamentos da linhagem de Mestre Pastinha, Vicente Ferreira Pastinha, morto em 1981.

Depois da palestra, às 21 horas, no teatro do IFG, a cantora paulista Fabiana Cozza apresenta Canto Sagrado em homenagem à mineira Clara Nunes. Fabiana tem currículo extenso e a experiência de cantar com Elza Soares, Leny Andrade, Leci Brandão, Dona Ivone Lara, Luiz Melodia e outros. O saxofonista japonês Sadao Watanabe a convidou para cantar lá fora. Ela acumula passagens por festivais em Israel, Alemanha, França, Canadá, Estados Unidos.

Dos quatro CDs lançados, o terceiro, com seu nome, ganhou o Prêmio da Música Brasileira 2012, na categoria Melhor Cantora de Samba. Fabiana gravou Canto Sagrado, Uma Homenagem a Clara Nunes, ano passado, ao vivo, em São Paulo. O DVD traz um documentário em Caetanópolis, onde Clara nasceu. Sábado, às 13h30, fora do Ginga Menina, Fabiana vai se apresentar na Confraria Gamboa. Lá tem de pagar pra ver (25 reais o convite individual e 80 reais a mesa para quatro pessoas).

Antes, no sábado, a partir das 8h30, Mestra Janja, a professora Nani de João Pequeno e o Coletivo 22 se revezam na aplicação de exercícios de capoeira e dança, narração de histórias e mostras de vídeo, na edição do Ginga Erê, para crianças acima de 4 anos, no Centro de Dança Lenir Miguel de Lima. Nani ou Cristiane Miranda é neta de Mestre João Pequeno, que foi aluno de Mestre Pastinha. Nani, capoeirista e professora de Educação Física, coordena o projeto Pequenos do João, na periferia de Salvador.

À tarde, no mesmo Centro de Dança, o Coletivo 22 exibe duas performances. De Lá Pra Cá Nzinga Vem Gingar, às 14 horas, e Daquilo que Sou Feita, às 18 horas, depois da roda de capoeira de Mestra Janja. A primeira peça aborda a cultura africana e afro-brasileira através da história de NzingaMbandiNgola, guerreira que comandou a resistência dos povos de Ngola e Matamba contra a dominação portuguesa.

O elenco de De Lá Pra Cá Nzinga Vem Gingar é formado pela atriz e capoeirista Lorena Fonte, Diego Amaral, Noel Carvalho, Vinícius Bolivar e Flávia Honorato. Marlini Dornelles, Vivian Maria e Jordana Dolores encenam Daquilo que Sou Feita, sobre a musicalidade das caixeiras do Divino Espírito Santo, do Maranhão.

A programação do Ginga Menina, realizada pela Corpopular Intersecções Culturais, é aberta ao público, de maneira franca, respeitada a lotação dos espaços.

Fonte: O Hoje