Grupom: Marconi não tem sucessor

Para analistas, números da pesquisa Tribuna do Planalto/Grupom forçam Marconi Perillo a disputar mais uma vez a cadeira de governador

Há sete meses das eleições, o governador Marconi Perillo (PSDB) é o nome da base aliada mais lembrado pelo eleitor para a sucessão estadual de outubro. O atual gestor está empatado tecnicamente com o ex-governador Iris Rezende (PMDB) em todos os cenários em que os dois são colocados juntos de acordo com os números da pesquisa Tribuna do Planalto/Grupom, divulgada na edição passada. O vice-governador José Eliton (PP) figura que é sempre colocada como o substituto de Marconi, caso o tucano não dispute o pleito, foi lembrado por apenas 1% dos eleitores. Os dados abrem o debate: se o governador não for candidato à reeleição, a base teria algum nome viável para vencer a disputa?


Na opinião dos especialistas ouvidos pela Tribuna, a res­posta é não. Professor da Pontifícia Universidade Cató­lica de Goiás (PUC) e consultor de Marketing Polítco, Marcos Marinho Martins de Oliveira, acredita que o PSDB não formou um sucessor para o atual governador. “Sem o Marconi, a chapa da situação ficaria debilitada”, opina.


Já o cientista político e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Pedro Célio Alves Borges crê que a falta de um sucessor é característica de líderes “centralizadores” como, na sua opinião, é o caso do tucano. “Lideranças de tipo forte e centralizadoras vivem o drama de não permitirem o florescimento de outras lideranças à sua sombra. No limite, uma liderança que surge é vista até mesmo como ameaça. O preço a pagar é essa lacuna nos momentos de sucessão”, defende. (leia entrevista completa no fim da página..)


Marconi Perillo e Iris Re­zen­de vêm seguidos por Van­derlan Cardoso (PSB) e Antô­nio Gomide (PT), segundo a pesquisa. Diante deste cenário, é possível perceber que o PSDB ainda não conseguiu formar um nome capaz de substituir o tucano. Marconi até tenta, mas não consegue aumentar o status de José Eliton.

Estratégia
Pela terceira vez à frente da máquina pública, Marconi tem no próprio governo uma estratégia de campanha. Nesta altura do campeonato, não há muito o que fazer, a não ser governar e exaltar suas obras, tática que ele já vem fazendo por meio da peregrinação pelo interior do Estado.


“Marconi ainda não se declarou candidato porque ele não precisa”, argumenta Marcos Marinho. O professor acredita que até junho essa será a estratégia do tucano, que segue como governador, mas com atitudes de candidato. O marketing de Perillo está na inauguração de obras tidas como promessas de campanha e na aproximação com o eleitor, através de programas sociais, como o Governo Junto de Vo­cê,a antigo Governo Itinerante. A própria mudança de nome do programa é uma prova de que o marketing tem atuado fortemente no governo tucano.


O grande adversário de Marconi Perillo pode ser ele mesmo. A população, que no ano passado foi às ruas manifestar, quer mudanças. A equipe da base aliada terá de trabalhar para convencer o eleitor que Marconi tem novidades para mostrar. Embora alguns governistas insitem em dizer que o “Tempo Novo” ainda não se desgastou, especialistas em política creem que esse discurso já se tornou ultrapassado.


Para Paulo de Jesus, presidente estadual do PSDB, Mar­coni Perillo não é a única alternativa dos governistas. “Temos o Giuseppe Vecci, o próprio Jo­sé Eliton, Vilmar Rocha (PSD) e outros nomes que fariam um bom governo”, defende. Mes­mo assim, o presidente é enfático ao dizer que Marconi é sim o melhor nome. Paulo acredita que a lembrança do governador é clara porque ele está à frente da gestão.  Segundo o presidente, Perillo não sairá do go­ver­no até junho, pois está “a­tendendo ao pedido da população que o elegeu governador”.


A dúvida se Marconi será, ou não, candidato à reeleição vem dos desgastes que o tucano sofre junto 'a opinião pública. Isto é traduzido na sua re­jeição que, segundo a pesquisa Tribuna do Planal­to/Gru­pom, é de 39,1%. Mar­coni também li­dera a rejeição em todas as qua­tro cidades onde a Grupom realizou pesquisas nas últimas semanas – Rio Verde, Apareci­da de Goiâ­nia, Anápolis e Goiânia.


Além dos desgastes naturais de um governante, Marconi também precisa contornar consequências da Operação Monte Carlo, realizada em 2012 pela Polícia Federal e que envolveu o nome do tucano no esquema de jo­gos ilegais operado pelo contraventor Carlinhos Ca­choei­ra. O caso prejudicou a imagem do governador à época e deixa resquícios até hoje.

Iris
A pesquisa Tribuna do Planalto/Grupom mostra que o ex-governador Iris Rezende é o melhor nome da oposição para vencer Marconi Perillo. Iris goza de prestígio, principalmente, na Região Metropo­litana de Goiânia. O peemedebista foi prefeito da capital por mais de cinco anos e deixou a administração municipal em 2010 com uma ótima avaliação.


Até por isso, um dos principais focos da situação deverá ser, novamente, a capital. É uma das localidades onde a base tenta trabalhar melhor a figura de Marconi e alavancar o seu porcentual de votos. Iris, por~em, ainda precisa contornar a disputa interna com o empresário Júnior do Friboi. Na semana passada, ambos buscaram o diálogo entre si para acertarem a união. Esta, porém, ainda é incerta. “Quem levanta a cabeça em uma zona de guerra é o primeiro a levar o tiro do inimigo”, ironiza o professor de marketing político Marcos Marinho.

Sucessão terá surpresas ou será repeteco de 2010?

A pesquisa Tribuna do Planalto/Grupom divulgada na semana passada traça um cenário eleitoral polarizado, parecido com o de 2010: de um lado, a figura do ex-governador Iris Rezende (PMDB) e do outro o governador Marco­ni Perillo (PSDB). Atrás dos dois, novatos e reincidentes que tentam a cadeira principal do Palácio das Esmeraldas.


Dos cinco pré-candidatos que estão no páreo para concorrer ao governo de Goiás, apenas Iris e Marconi já ocuparam o posto, o que pode explicar a maior porcentagem das intenções de votos em todas as pesquisas realizadas. São figuras conhecidas do eleitor goiano. O tucano tem sua popularidade reforçada no interior do Estado, enquanto que o peemedebista tem raízes profundas na região metropolitana de Goiânia.


Marconi tem a máquina pública em mãos e usa sua administração para deslanchar sua performance eleitoral. Iris mantém, até o momento, um tom apaziguador e tem dito que está esperando a definição do partido, que também tem como pré-candidato o empresário Júnior do Friboi. Mesmo assim, ele não deixou de fazer reuniões com apoiadores e de traçar estratégias de campanha. Até mesmo montou um escritório amplo no Setor Ma­rista, no fim do ano passado.


Já o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide (PT), trabalha para que sua estrela possa brilhar assim como na cidade em que administra. A gestão do petista é aprovada por mais de 90% da população, como mostra a pesquisa Tribuna do Planalto/Grupom realizada no município. O deputado federal Rubens Otoni, seu irmão, tem percorrido todo o Estado e apresentando Gomide à militância petista.


Quem parece ter estacionado na corrida eleitoral foi o ex-prefeito de Senador Canedo, Vanderlan Cardoso (PSB). O pessebista possui os mesmos números que na disputa de 2010. O pré-candidato encontra uma dificuldade para encontrar aliados fortes para a campanha. A alternativa seria o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM), que debandou da chamada Terceira Via após o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, traçar uma aliança com a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Ela criticou Caiado logo que se filiou ao PSB e praticamente expulsou o democrata do grupo. Nos últimos dias, a base aliada acenou para Caiado que as portas da situação estão abertas para recebê-lo novamente.


O maior novato deste pleito, pelo menos neste primeiro momento, é o empresário José Batista Júnior, ou Júnior do Friboi, como gosta de ser chamado. Para o consultor de marketing político Marcos Marinho Martins de Oliveira, Júnior tem um ponto neste jogo que se transformou em bênção e maldição: sua estrtutura econômica. “Bênção porque é o candidato que mais tem dinheiro, e maldição porque ele só é reconhecido por isso”, opina. Para o especialista, Friboi deve ser menos empresário e mais político. O político tem que abrir mão de muitas coisas, já o empresário não. (J.V.G.)

Fonte: Tribuna do Planalto