Moradores reclamam de torres

No Jardim Novo Mundo, a torre de transmissão de energia passa por 2 km da Avenida Wilson e da Lincoln

Pedro Palazzo 20 de abril de 2014 (domingo)
O medo é um sentimento constante nos moradores do Jardim Novo Mundo que têm suas casas sob a linha de transmissão de energia Anhanguera - Goiânia Leste, da Celg Geração & Transmissão (Celg GT). São 230 mil volts (Kv) sobre suas cabeças, o que especulações e histórias sobre eventos “estranhos” e não comprovados. Há ainda o risco iminente de despejo, porque parte deles construiu dentro da chamada zona de servidão elétrica (veja quadro).

As avenidas Wilson e Lincoln seguem exatamente o mesmo traçado da linha de transmissão por 2 quilômetros. A maioria dos lotes lindeiros às vias está total ou parcialmente instalada na zona de servidão pertencente à estatal. Uma sucessão de erros, descontrole e ineficiência do Poder Público permitiu que a situação acontecesse e perdure ainda hoje.

Não deveria ter asfalto sob o equipamento elétrico, instalado na década de 1950. Nem loteamento autorizado pela Prefeitura. Nem ligação de água. Nem ligação de energia elétrica, esta feita pela Celg Distribuição (Celg D), que, apesar de quase homônima, é uma empresa diferente da Celg GT, dona da linha de transmissão.

Saúde

A moradora Regina Macedo é proprietária de um sítio no bairro, com frente para a Avenida Lincoln. Ela afirma ter a escritura do terreno e reclama dos transtornos provocados pela linha. “Constantemente tenho morte de animais por descarga elétrica, fora os prejuízos à saúde pela emissão e contato com campo de energia, além do prejuízo financeiro pois não posso alugar, criar nela ou vender a área.”

Alem destes, Regina tem outro problema: não consegue nem ser atendida pela concessionária para buscar uma solução. “Já entrei em contato várias vezes solicitando providências da Celg para análise de remoção da rede de alta tensão ou compra da área de risco, não consigo sequer ser atendida.”

Especialistas ouvidos pelo POPULAR afirmam que não há evidências científicas que comprovem os efeitos do campo eletromagnético na saúde de humanos ou animais.

“A Organização Mundial de Saúde indica que não existe evidência técnica científica que comprove algum elemento de causa e efeito em relação a doenças em seres humanos ou algum perigo a saúde humana”, afirma o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutor em Engenharia Elétrica Bernardo Pinheiro de Alvarenga.

Exposição maior

O fato de as pessoas estarem dentro da zona de servidão aumenta a exposição. Ainda assim, os níveis são aceitáveis. Alvarenga sugere que sejam feitas medições. “É difícil dizer que a linha de transmissão causa algum problema. O que pode ser feito é verificar se os campos estão dentro dos limites.”

O diretor técnico e comercial da Celg GT, mestre em Engenharia Elétrica Asley Stecca Steindorff, afirma que não há vinculação entre o campo eletromagnético e problemas de saúde, mesmo embaixo das linhas de transmissão.

“O campo ali é maior. Mas dentro de uma subestação de energia, onde há emissões muito maiores, o nível fica dentro do permitido”, afirmou o diretor.

Ele diz também que nestes locais onde há grandes campos eletromagnéticos, é possível que se tome choques. “Mas é o mesmo choque que tomamos na porta do carro. É provocado por estática. Não é nada que vai causar dano à saúde”, afirma Steindorff.

Regina diz que há cerca de dez dias um bovino morreu eletrocutado ao encostar na torre. Quanto a isso, o diretor afirma que a estrutura das torres de transmissão é feita para evitar este tipo de acontecimento. “E, se existir falha, existem proteções para desligar sistema.”

Medição

Steindorff afirma que a Celg contratou recentemente uma empresa para medir a intensidade do campo eletromagnético nas subestações e linhas de transmissão. A mediação deve começar em breve. Alvarenga também está adquirindo equipamento com capacidade de medir os campos. O professor

Fonte: O Popular