Dados ultrapassam armazenamento disponível

Para guardar cada vez mais fotos e vídeos, arquivos mantidos em nuvem são tendência, cujo volume vai dobrar até 2020

Katherine Alexandria 28 de abril de 2014 (segunda-feira)

Três fotos e um vídeo, contas e documentos digitalizados para manter a organização, PDF do trabalho da faculdade e o álbum da banda que acabou de conhecer. Para o estudante Rodrigo da Silva Marques, de 21 anos, esse é o resumo do que reúne em um dia comum. No celular não cabe e o computador de casa está ficando cheio. Para conseguir guardar tudo, ainda usa dois serviços de armazenamento em nuvem – que são servidores compartilhados e acessados pela internet.

Como ele, milhares procuram mais e mais espaço. A necessidade tem crescido tanto que, de acordo com 7° estudo EMC Digital Universe, os dados estão ultrapassando o armazenamento disponível no mundo. E o universo digital deve aumentar dez vezes até 2020 – de 4,4 trilhões de gigabytes para 44 trilhões de gigabytes. Em todos os tipos de mídia, a capacidade cresce mais devagar do que os bytes para armazenar.

Em 2013, já comportava apenas 33%. E será possível guardar menos de 15% daqui a seis anos. Isso porque, felizmente, segundo o estudo, a maioria dos dados é temporária e não precisa ser arquivada, como fluxos do Netflix, interações em jogos e TV digital. Os mercados emergentes estão produzindo mais e a expectativa é de que países como Brasil, China, Índia, México e Rússia serão responsáveis pela maioria dos dados.

O crescimento brasileiro (veja no quadro) é atribuído ao aumento do uso de smartphones, internet e redes sociais. Além de investimento em Tecnologia da Informação (TI), por parte das empresas, e a redução no custo da tecnologia que captura, gerencia, protege e armazena informações, e a Internet das Coisas – bilhões de objetos do dia a dia, capazes de gravar, identificar e receber dados automaticamente.

O surgimento de tecnologias sem fio, produtos inteligentes e negócios definidos por software terão importante papel nos próximos anos. “Mas a grande maioria dos dados ainda é gerado por seres humanos”, pontua o gerente do Executive Briefing Center da EMC, Rodrigo Gazzaneo. Ele lembra que toda essa pressão de dados também reflete a inclusão digital e a criação de oportunidades.

Nuvem

Sendo assim, o uso da nuvem para auxiliar usuários comuns e empresas se populariza e deve dobrar volume no mundo até 2020. Aumentam opções e o custo já começa reduzir. “É uma tendência estar tudo integrado com o ambiente virtual, não só pelo volume como também pela segurança, do ponto de vista de backup”, afirma o professor do Instituto de Informática da Universidade Federal de Goiás (UFG), Vagner Sacramento, sobre ter todos os dados à mão, sem o perigo de perdê-los.

Apesar da comodidade da nuvem, de ter acesso por diversos dispositivos, o estudante Rodrigo ocupa metade do computador somente com vídeos e planeja comprar um HD externo. “Se a internet fosse melhor, estaria completamente na nuvem”, pontua sobre o que para ele ainda é uma barreira. A qualidade da conexão influencia, mas, segundo o professor da UFG, não impede drasticamente de usarmos.

“Já sobre os hardwares, temos uma certeza: eles vão falhar”, afirma Sacramento ao defender que a nuvem é um caminho inevitável e que se torna mais usual à medida que se massifica. “Se for pensar, o físico é mais perigoso que a nuvem, porque pode ser roubado e os dados caírem na mão de pessoas erradas”, completa a head de marketing do Google Enterprise na América Latina, Izabelle Macedo.

Quanto à invasão, Macedo esclarece que existem diversos certificados de segurança, o que torna o risco menor do que em um servidor interno de uma empresa, por exemplo. Porém, em época que se discute a governança das informações, deixar os dados em servidores fora do País, exposto a leis de outras nações, além de não terem padrão de armazenamento são algumas críticas ao serviço.

“Só seria resolvido com amparo jurídico, mas na internet não existe uma lei para todos. E os dados deveriam ser meus e simplesmente serem configurados para migrar”, explica Sacramento, que acredita ser com a popularização o caminho para trazer cada vez mais garantias e proteção para os usuários.

Fonte: O Popular