Protesto vai parar na delegacia

Manifestação contra atraso em repasse de bolsas a estudantes termina em confusão entre PMs e estudantes

Gabriela Lima 07 de maio de 2014 (quarta-feira)
Um protesto de estudantes da Universidade Federal de Goiás (UFG) por conta de atraso no repasse de bolsas assistenciais, na tarde de ontem, terminou em confusão entre a Polícia Militar (PM) e manifestantes. Uma estudante acabou detida suspeita de injúria racial, por possivelmente ter chamado um policial militar “preto”.

A manifestação começou por volta das 14h30, em frente à Casa do Estudante Universitário (CEU), na Praça Universitária. Cerca de 50 alunos colocaram fogo em colchões e em sacos de lixo que estavam acumulados no local, interditando a Avenida Universitária.

Quando o Corpo de Bombeiros chegou para apagar o incêndio, os manifestantes se colocaram na frente dos jatos de água, para tentar impedir que o fogo fosse apagado. Nesse momento, a Polícia Militar lançou bombas de efeito moral, para pôr fim ao bloqueio. Alguns estudantes alegam terem sido agredidos. O protesto durou pouco mais de uma hora.

Reivindicações

Os estudantes reclamavam dos constantes atrasos no pagamento das bolsas de alimentação e permanência. Segundo eles, o repasse deveria ser feito no primeiro dia de cada mês. Mas, desde novembro do ano passado, não tem data certa para ser efetuado, variando de cinco a oito dias. “Tem gente que depende dessa bolsa para comer. Eu uso para o transporte e não tenho como ir para o Câmpus Samambaia amanhã”, disse o estudante de Ciências Sociais Allwaro Lino Santana, de 21 anos.

Os moradores da CEU também reclamam de condições precárias nos alojamentos. “A gente está chamando a atenção para o descaso da universidade com a assistência estudantil. Não temos gás, sabonete ou papel higiênico”, reclamou o universitário do curso de Biologia Paulo Vitor Rezende, de 23.

Greve

Pró-reitor de Assuntos da Comunidade Universitária desde de janeiro deste ano, Elson Ferreira de Morais confirmou que os atrasos têm acontecido por motivos diversos. Segundo ele, nos primeiros meses do ano, a demora ocorreu por consequência da greve dos servidores técnico-administrativos da UFG, parados desde 17 de março. Neste mês, por conta dos feriados, o governo federal demorou a liberar a verba, mas que o repasse já foi feito.

“Acredito que amanhã (hoje)o dinheiro estará na conta dos estudantes que tiverem conta no Banco do Brasil. Para os correntistas dos demais bancos, o depósito será feito no máximo até quinta-feira”, afirmou o pró-reitor.

Segundo Morais, a universidade dá três tipos de benefício para os estudantes que precisam de assistência: a bolsa alimentação, que varia de R$ 200 a R$ 310; a bolsa permanência, no valor de R$ 400; e a bolsa moradia, de R$ 200, para os alunos dos câmpus do interior, onde não há alojamentos. O pró-reitor não soube precisar o total de bolsistas da UFG. Disse apenas que as Casas do Estudante Universitário (CEUs) de Goiânia acolhem 311 alunos vindos de outras cidades.

Sobre a falta de material de higiene e a limpeza da Casa do Estudante, no Setor Universitário, o pró-reitor afirma ser outra consequência da paralisação dos servidores. “Tudo que envolve os técnico-administrativos está parado. O comando de greve não permite a retirada do material de limpeza e produtos de higiene usado nas Casas do Estudante. Também não liberam os funcionários responsáveis pela manutenção do prédio.”

Fonte: O Popular