"Enem como seleção única é uma grande conquista", diz ex-reitor da UFG

Cursos de Medicina foram ampliados

Adriana Marinelli

 

14/05/2014

Goiânia - Ex-reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e atual presidente do Centro de Estudos Brasileiros da instituição, Edward Madureira Brasil vê a adoção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como processo seletivo na universidade como grande avanço. Com a implantação do novo formato, que ainda aguarda aprovação Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura (Cepec), a UFG não contará mais com os tradicionais vestibulares.

"Acho que agora se concretiza um projeto que anunciamos logo no início da criação do Enem. Nosso propósito, ainda naquele tempo, era conhecer melhor o Exame e ir migrando aos poucos para um processo unificado. Hoje, o Enem, por mais que ainda precise de ajustes e enfrente problemas, como no caso das Redações, já está consolidado. Acho uma mudança muito válida", diz. Mas ele acrescenta: "O ideal seria ter, pelo menos, dois exames anuais."

Ainda na opinião de Edward, que visitou a sede do jornal A Redação na terça-feira (13/5), "não é viável para o aluno ter dois processos, considerando vestibular e Enem. "Isso gera desgaste, sem falar que os contextos das provas são completamente diferentes. Eu acho o Enem um processo extremamente democrático, no sentido de que a gente acaba com o turismo forçado de pais e filhos pelo país em buscar de universidades. É muito mais fácil para o aluno fazer uma única prova e utilizar o resultado em qualquer lugar do país", completa.

A UFG ficou mais perto de extinguir o próprio vestibular depois da última segunda-feira (12), quando Câmara de Graduação da unidade deliberou pela adesão integral ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Atualmente, a instituição destina metade das vagas para o Sisu e a outra para o vestibular tradicional.

A utilização do Enem como única porta de entrada para a universidade integra uma tendência nacional neste sentido. As instituições federais de ensino têm até o final do mês de maio para definir pela adesão ou não ao sistema.

Medicina em Jataí (GO)

 As 60 novas vagas, sendo 30 de imediato, para o curso de Medicina na unidade e Jataí (GO) são outro ponto comemorado pelo ex-reitor. As vagas fazem parte das 420 novas oportunidades autorizadas pelo Ministério da Educação para serem divididas em oito instituições, sendo a maioria para o Nordeste do país.

"Era um anseio muito grande para nosso Estado. Por mais de 40 anos, a UFG oferece as mesmas 110 vagas para o curso de Medicina em Goiânia. Além de ampliar em quase 60% as vagas na UFG, as 60 novas oportunidades vão ajudar a interiorizar um curso de alta demanda."

 De acordo com Edward, a UFG está trabalhando para levar o curso de Medicina também para a cidade de Catalão. "O município tem total condições de abrigar esse curso. Sem falar que estamos discutindo a ampliação de vagas em Goiânia também", garante.

Mais Médicos

 Durante a entrevista, Edward destacou que as novas vagas autorizadas pelo governo federal vão resultar em mais médicos formados para atender as demandas do país. "Afinal, não é novidade para ninguém que temos um número desses profissionais por habitante abaixo do que deveríamos ter", afirma.

Questionado sobre a eficiência do Programa Mais Médicos, que consiste na atuação de médicos, inclusive estrangeiros, em diversos municípios com déficit de profissionais, Edward afirma que vê grandes qualidades no projeto.

"Eu, particularmente, acredito que o programa ajuda muito a população, principalmente aquelas que vivem longe das capitais e precisam do atendimento básico. Já contamos com poucos médicos e ainda convivemos com a má distribuição desses profissionais, que, quase sempre, tendem a atuar nas capitais", destaca.

"Mas eu preciso dizer também que acredito que esse programa é uma medida passageira, já que o governo federal se propôs a autorizar 15 mil novas vagas de Medicina no Brasil. Sendo assim, no futuro não haverá mais necessidade de levar médicos ao interior. É uma questão temporária."

Fonte: A Redação