Escolas se adaptam ao Sisu

Adoção do novo método de ingresso na UFG, que seguiu tendência nacional, fez instituições mudarem foco

21 de maio de 2014 (quarta-feira)


As escolas de ensino médio e os cursinhos pré-vestibulares de Goiânia já começaram a adaptar a metodologia para corresponder ao novo modelo de ingresso nas universidades do País, principalmente na Universidade Federal de Goiás (UFG). Com a adoção crescente do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), cujo resultado depende da nota do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), diretores, coordenadores e pedagogos se veem obrigados a elaborar estratégias específicas para preparar melhor os alunos. Entre os exemplos encontrados pelo POPULAR, existem desde a aplicação de simulados e questões que reproduzem o perfil do Enem até a criação de turmas extensivas de cursinho, que passam a se preparar o ano todo com foco exclusivo no exame.


A mudança, apesar da divisão de opiniões, existe e altera alguns elementos de uma metodologia que se provou eficaz nas últimas décadas, visto a expressiva aprovação dos alunos goianos nos grandes vestibulares do Brasil. Até então, acostumados a ler e analisar livros literários pré-selecionados para as provas de português e literatura, a se prepararem para a fase de “canetão”, ou seja, de respostas discursivas, e a estudar a fundo o perfil das provas das universidades escolhidas, os alunos agora têm a tão sonhada vaga na faculdade dependendo do desempenho em um exame aplicado em todo o Brasil e cujas questões são conhecidas pela interdisciplinaridade e por testar os conhecimentos gerais do concorrente.


Entre os cursinhos de Goiânia, o Simbios Pré-Vestibular aplicou uma mudança sensível. Segundo o diretor e professor de física Adriano Medeiros, a adoção integral do Sisu pela UFG, fato que só foi confirmado na semana passada, já era esperado e ele optou por arriscar, antevendo uma tendência que, na visão dele, só vai aumentar. Até então, as turmas de cursinho eram semestrais e viam todo o conteúdo de ensino médio em menos de seis meses. Com a mudança do cenário, Adriano e demais professores decidiram por criar turmas extensivas, com matrículas anuais e nas quais os alunos se preparam exclusivamente para o Enem.


“Como só é uma prova por ano e que só acontece no fim do ano, não fazia sentido a gente ter um cursinho por semestre. Por isso mudamos, mas eu acreditava que teríamos alunos matriculados para preencher umas duas turmas extensivas, apenas. No final das contas, deu para montar nove turmas e, ainda, com fila de espera que dava para dividir em mais duas, mas que iria sobrecarregar demais os professores”, expõe o diretor. Essa situação, segundo Adriano, nada mais é que o reflexo da mudança de perspectiva dos estudantes e o fato de que eles já estão percebendo a importância de focar os estudos no Enem.


No Colégio Visão, as mudanças também já começaram a acontecer. O coordenador pedagógico e professor de química, Rodney do Vale, acredita que a unificação do modelo de seleção por meio do Sisu vem para facilitar a vida de todos. Desde o ano passado, quando 50% das vagas da UFG foram ofertadas pelo Sistema Unificado e a outra metade pelo modelo tradicional, o colégio já vinha preparando os alunos de maneira direcionada, mas dividindo a metodologia de acordo com os dois modelos. “Agora, vamos trabalhar mais no formato do Enem, valorizando aulas práticas, aulas interdisciplinares e também os simulados específicos no mesmo molde e com a mesma quantidade de questões do Enem”, afirma.


Uma diferença básica entre o vestibular antigo da UFG e a prova do Enem é que o concorrente não precisa mais ler livros literários para responder questões de português e literatura. O foco é teoria e interpretação de texto. No Visão, as aulas da disciplina já estão voltadas para essa direção e o mesmo está ocorrendo no Colégio e Curso Millenium Classe, onde, segundo o diretor e professor de química Gustavo Silva, o modelo de redação também mudou para atender os critérios de correção do Enem.


Hoje, os alunos do Millenium Classe já recebem duas folhas diferentes de redação. Uma delas é intitulada Redação Enem e, no verso, vem a mesma relação de critérios adotados pelos corretores do exame nacional. “Isso é para treinar e acostumar melhor o aluno”, diz Gustavo. O colégio criou também uma oficina específica, chamada Português, Matemática e Enem, voltada para atender as dúvidas nas disciplinas de maior peso na nota da prova.


Fique atento


Veja como fazer para se inscrever ao Enem:


■ Para concorrer às vagas da UFG é preciso fazer o Enem, cujo prazo de inscrição termina na sexta-feira, dia 23.


■ A inscrição deve ser feita pelo site http://enem.inep.gov.br/


■ Evite as horas mais congestionadas do site; os melhores horários para fazer a inscrição no site do Enem são: até 9h; das 14h às 17h; após 21h.


■ Alunos de escola pública não pagam inscrição; os demais pagam taxa de R$ 35.

 


Reitor diz que método é mais moderno

Gabriela Lima


21 de maio de 2014 (quarta-feira)


Reitor da UFG, Orlando Amaral, vê vantagens no Sisu


Mais democrático, barato e moderno. Essas são algumas das principais vantagens da substituição do vestibular da Universidade Federal de Goiás (UFG) pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), na avaliação do reitor Orlando Afonso Valle do Amaral. O Sisu utiliza a nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para o ingresso nas universidades federais.


“A universidade definiu seu modelo de seleção. Antes, o modelo era híbrido e o aluno tinha de se preparar para duas provas. Isso criava uma confusão na cabeça dos estudantes. Agora ele vai se preparar para uma única avaliação”, afirmou Amaral.


Para o reitor, o Enem nivela a competição pelas vagas da universidade e traz uma prova com conteúdos mais próximos da realidade. “O exame nacional testa mais as habilidades e competências dos alunos, sua capacidade de compreensão, e é mais interdisciplinar. No vestibular, por ser dividido por disciplinas, as questões são mais específicas, e era preciso decorar datas e fórmulas”, comparou.


A adoção do Sisu barateou os custos de duas formas, segundo o reitor. A primeira dela é com a inscrição. A do vestibular custava R$ 130, enquanto a do Enem é R$ 35 para alunos de escolas particulares. Estudantes da rede pública não pagam a taxa.


Também possibilita a mobilidade sem custo adicional. “Antes, os nossos filhos precisavam viajar para prestar vestibular em federais de outros Estados. Agora, ele faz o Enem em sua cidade, ou o mais perto de onde mora, e, se tiver pontuação, pode escolher qualquer instituição do País”, argumenta. Segundo o reitor, a avaliação nacional é aplicada em um terço dos municípios brasileiros e em mais de 50 municípios goianos.


A mudança, segundo o reitor, desonera a força de trabalho da UFG. “O vestibular mobiliza muita gente para a elaboração, aplicação e correção das provas. Essa energia agora será canalizada para as atividades de ensino, pesquisa e extensão”, afirma.


Sobre o Centro de Seleção, Amaral disse que o órgão vai utilizar a credibilidade acumulada ao longo dos anos preparando o vestibular para captar a realização de concursos. “A UFG deve muito ao Centro de Seleção, que hoje tem sua competência reconhecida nacionalmente.”

 

Fonte: O Popular