Horário Flexível Atrai Profissional

Modalidade é cada vez mais procurada por pessoas que buscam aprimorar seus conhecimentos

Há um ano, o eletrotécnico Éder Barbosa Michelson, 35 anos, que mora em Jataí, cumpre a rotina de viajar 320 quilômetros até Goiânia, duas vezes por mês, para assistir às aulas práticas de Automação Industrial. Esta é uma área pela qual há muito estava interessado, mas só agora tem a chance de se aperfeiçoar, por meio de um curso à distância. Casado, pai de quatro filhos e com um emprego que, muitas vezes, ultrapassa as oito horas diárias, estudar de longe foi a forma que ele encontrou de viabilizar a participação no curso.

“Costumo estudar três horas por noite, ao menos três vezes na semana, em casa. Mas, no dia em que preciso trabalhar na empresa até mais tarde, por exemplo, tenho total oportunidade de recuperar o tempo de estudo no dia seguinte. E isso para mim, é essencial”, destaca o eletrotécnico. Assim como no caso de Éder, a flexibilidade de horário de estudo é o que mais atrai os estudantes para a Educação a Distância (EAD).

Segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 25% dos entrevistados apontam este como principal motivo da escolha por EAD; outros 24% dizem que é devido ao preço e 18% afirmam que é pelo fato de não haver deslocamentos diários. As três características juntas permitem que o ensino a distância viabilize uma oportunidade importante para que profissionais, em especial do interior, sigam em aperfeiçoamento.

No levantamento, 79% disseram acreditar que a modalidade é uma solução para levar educação a mais pessoas. Mesmo assim, o índice da população que já cursou a modalidade ainda é baixo: apenas 6%, considerando todos os níveis de escolaridade. A adesão é maior entre profissionais que possuem ensino superior completo - 17% deles tiveram experiência com EAD, contra 6% de nível médio e somente 2% de nível fundamental.

O intuito do estudo da CNI é subsidiar a oferta de vagas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Sesi), que pretende oferecer ainda neste ano mais 74,4 mil vagas (além das mais de 16,2 mil já realizadas) em cursos a distância de iniciação profissional, educação continuada, habilitação técnica, aperfeiçoamento e qualificação profissional -

Para alguns de curta duração, as inscrições estarão abertas já na próxima semana. Para agosto, são 1.800 novas vagas em cinco cursos técnicos, todos gratuitos, com dois anos de duração. “O Senai e o Sesi têm vagas abertas o ano inteiro em EAD e, normalmente, não cobram por isso. Temos, atualmente, 850 alunos em cursos que estão em andamento. Mas, no segundo semestre, nossa prioridade é atender a demanda do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico)”, afirma a gerente de Tecnologia e Inovação do Sesi/Senai em Goiás, Cristiane Dos Reis Brandão Neves.

MERCADO

A certificação ou diploma em cursos a distância são totalmente aceitos no mercado de trabalho, assim como os emitidos na modalidade presencial, garante a gerente do Sesi/Senai. Ela explica que tem muita demanda das empresas para formação de seus funcionários em EAD. “É uma forma de torná-los mais práticos em vários conhecimentos”, frisa.

Para a coordenadora pedagógica do Centro Integrado de Aprendizagem em Rede (Ciar), da Universidade Federal de Goiás (UFG), Lilian Ucker Perotto, prova da aceitação e da qualidade dos cursos de graduação a distância da instituição são os inúmeros exemplos de alunos que concluíram os estudos por esta modalidade e que foram aprovados em concursos públicos e em programas de mestrado.

Alguns, cita a coordenadora, chegaram a assumir também lugares de destaque nas secretarias de educação e de cultura das suas cidades. “Se ainda existe preconceito (sobre a Educação a Distância), pouco a pouco, ela vai se desfazendo”, frisa Lilian, que também é professora de EAD na Faculdade de Artes Visuais da UFG.

A coordenadora destaca ainda que, muitas vezes, o receio em relação à EAD parte dos próprios alunos, que iniciam o curso com uma série de preconceitos e imaginam que a modalidade será mais fácil que a presencial. “No decorrer do curso, percebem que ,se não existir comprometimento da parte deles, não conseguirão finalizá-lo”, explica a coordenadora.

Desafio é manter a disciplina, diz aluno

O microempresário José Carlos Gomes, 40, mora em Jussara (230 quilômetros de Goiânia) e participa, pela primeira vez, de um curso a distância (Automação Industrial), com aulas presenciais na capital a cada 15 dias.

Ele afirma que tem facilidade com a dinâmica da EAD, porque pode organizar seus horários, fazer pesquisas a aproveitar as aulas e tirar dúvidas por meio de chats e vídeos.

Entretanto, diz que o grande desafio é justamente manter a disciplina e resolver sozinho os problemas.

“É um pouco complexo. Mas quem tem interesse consegue aprender bastante, inclusive superar quem está na sala de aula”, opina. José Carlos, que tem ampla experiência na área de manutenção industrial, pretende adquirir mais conhecimento em automação para elaborar projetos para outras empresas. “Hoje, tudo é automatizado, desde um portão de uma casa até o processo final na indústria. Por isso, é uma área muito promissora”, ressalta.

Uma dos pontos positivos nos cursos de EAD é exatamente o perfil da maioria dos alunos que buscam esta modalidade.

Conforme a gerente de Tecnologia e Inovação do Sesi/Senai em Goiás, Cristiane Neves, são pessoas acima de 25 anos, que estão empregadas, buscam aperfeiçoamento para galgar mais espaço na própria empresa ou para atuar em áreas em quea ainda não têm conhecimento. “Ele não está no curso só para cumprir uma carga horária, como pode ocorrer no presencial. São alunos participativos, mais dedicados e que nos dão um grande retorno.”

Para quem pretende ou já está cursando EAD, Cristiane orienta que sejam dedicados, pelo menos, três horas por dia aos estudos, pesquisas e simulações. “Quem não cumpre uma agenda, não acompanha o cronograma e não terá sucesso no curso a distância”, lembra a gerente.

Fonte: O Popular

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