27 de Junho de 2014

Como estará o mundo às portas dos anos 3000? Até que ponto a evolução da ciência e da tecnologia vai influenciar a vida humana no futuro? Mote da ficção científica, o assunto que permeia o imaginário coletivo é o tema de BioCyberDrama Saga, história em quadrinhos dos artistas Edgar Franco e Mozart Couto lançada no ano passado pela Editora UFG e que hoje figura entre as indicadas ao troféu HQMix, maior premiação dos quadrinhos brasileiros, na categoria Edição Especial Nacional de 2013, em que concorre com mais seis adversários de peso como os da editora especializada Panini, líder de mercado no Brasil.

Na trama, situada a 900 anos no futuro na chamada Aurora Pós-humana, os seres humanos dão origem a duas novas espécies que disputam o poder ao redor do mundo: os extropianos, ciborgues com a consciência de um humano transplantada em um chip, e os tecnogenéticos, seres que sofreram hibridização genética entre humanos, animais e vegetais. No meio deles, uma pequena parcela da população, uma casta oprimida e em vias de extinção, insiste em preservar as características humanas, resistindo às mudanças.

No livro, a história é dividida em três partes, sendo que a primeira foi lançada em 2003 pela editora paulista Opera Graphica Editora – obra que recebeu o prêmio Ângelo Agostini de melhor desenhista de 2003, concedido a Mozart Couto. Nela, Antônio Euclides é um jovem “resistente” que aos poucos vai sendo seduzido pelas promessas de vida eterna ou plena oferecidas pelas culturas predominantes desse universo futurista. As duas partes seguintes, que, junto com a primeira, integram a saga lançada pela Editora da UFG, narram a intensificação de seus dilemas pós-humanos e da tensão ainda maior entre as espécies dominantes até o fim desta saga. De acordo com Edgar, a história seria uma reinvenção da Guerra de Canudos e de Antônio Conselheiro em um contexto pós-humano.

Edgar classifica de “ousada” a iniciativa da Editora da UFG em lançar a saga em quadrinhos, que saiu na coleção Artexpressão, dedicada aos livros de arte, iniciativa inédita para uma editora acadêmica brasileira. “A editora abraçou o projeto de uma maneira que as editoras de universidades federais ainda não haviam feito. É um livro luxuoso com 256 páginas e sobrecapa especial”, conta o quadrinista.

Pesquisa

Edgar é professor do curso de Artes Visuais da UFG. Já o ilustrador Mozart Couto trabalha no mercado de quadrinhos há quase 40 anos, já tendo colaborado com revistas das editoras Marvel Comics, DC Comics, Acclaim Comics, entre outras.

“Este é um trabalho de pesquisa que venho desenvolvendo desde meu doutorado em artes na USP. Ele lembra um jogo de RPG, com um mapa detalhado do planeta, características de cada um dos personagens... Enfim, é um universo ficcional complexo. E para realizar o trabalho convidei o Mozart, que comprou a ideia e entrou como parceiro”, ressalta o professor.

A indicação ao troféu HQMix é a segunda recebida pela obra. Na época do lançamento da primeira parte, a HQ foi indicada nas categorias de melhor roteirista e melhor edição especial nacional de 2003, mas não levou os troféus. “Para nós, foi uma grande surpresa e uma grande alegria”, recorda.

A premiação deste ano ainda não tem data definida, mas deverá ocorrer na última semana de julho. “Concorremos com HQs de tiragem de 50 mil exemplares, e o nosso tem apenas 500. Só de receber a indicação já é um grande reconhecimento”, afirma.

Os autores

Edgar Franco é professor do curso de Artes Visuais da UFG. Formado em arquitetura, dedicou suas pesquisas de mestrado e doutorado ao universo ficcional e às histórias em quadrinhos. Já o ilustrador Mozart Couto trabalha no mercado de quadrinhos há quase 40 anos, já tendo colaborado com revistas das editoras Marvel Comics, DC Comics, Acclaim Comics, entre outras.