Música goiana

Projeto Mazombo lança CD, hoje, no Teatro Sesc

27 de Junho de 2014

 

O Projeto Mazombo faz show de lançamento de seu primeiro álbum, hoje, às 20 horas, no palco do Teatro Sesc Centro. O grupo formado por músicos conhecidos do cenário alternativo da Capital surge como um tesouro enterrado em chão de terra vermelha, um trabalho artístico que nasceu da busca de Hugo Vaz Correia por aquilo que significa ser goiano metropolitano. Ele, um estudioso da cultura e entusiasta da linguagem, ao lado do cantor e compositor Lucas Adorno, concebeu o projeto que se tornou um registro musical extremamente sincrético e rico em poesia, ritmos, melodias e texturas.

O Projeto Mazombo se completa com os percussionistas Danilo Rosolem e Thiago Verano, fundadores do grupo Vida Seca, que constroem instrumentos musicais a partir de sucata; Pedro Bernardi, bacharel em violão clássico pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e mestrando em musicologia pela mesma instituição; e André Pettersen, licenciado em música pela UFG e professor de violão e contrabaixo. Estes seis homens juntos fazem música para se ouvir com os olhos e poesia pra se ler com a boca. Sentir, sinta quem senta. Sentar, senta quem ouve.

Interagindo entre os diferentes universos dos ritmos – rock, samba, música erudita, mpb – o Projeto Mazombo se propõe a fazer uma tradução musical do goiano metropolitano. Todas as músicas do CD Mazombo serão distribuídas gratuitamente pela internet, no site www.navioclandestino.com. O trabalho foi realizado com o patrocínio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.

Quando o idealizador do projeto Hugo Vaz voltou da Bélgica para morar no Brasil, sentiu-se impelido a se redescobrir como goiano metropolitano. Se a música local por excelência é a moda de viola, como isso poderia representá-lo se ele não era da roça? Ainda que elementos da cultura rural permeiem a cultura goiana metropolitana, este se constitui a partir de elementos alheios ao campo, inerentes à cidade e que definem os urbanoides que nela habitam. As canções eram uma busca por identificação. O produtor Fernando Santos se interessou pelo trabalho e produziu o álbum Mazombo, tendo como colaboradores músicos goianos de diferentes universos – rock, samba, música erudita, MPB e muito mais.

Mazombo

Termo africano cunhado no Brasil, filho de europeus nascido na colônia. Que caos na cabeça do bicho! Educado à portuguesa, vestes longas e quentes, barba e tudo, enfurnado nesse entretrópicos de rachar os tomates.

Entrevista com Hugo Vaz Correia 

DMRevista: O que é o projeto? Fale mais sobre ele.

Hugo Vaz Correia: O Projeto Mazombo resulta de várias parcerias construídas a partir da minha iniciativa de gravar um álbum. Músicos talentosos e de diferentes universos da música se juntaram para conceber o documento musical que agora foi transformado em um espetáculo itinerante. A estética particular do nosso trabalho é sincrética em reflexo à cultura goiana metropolitana. O rock se derrete em roupagens acústicas, o folk se eletrifica, a psicodelia tem sotaque caipira, a percussão é feita de lixo, peles e lábios... Daí que, em Goiânia, onde os universos rural e metropolitano se fundem, fazemos esse trem de doido aí.

DMRevista: Como você avalia a relevância cultural do projeto?

Hugo Vaz Correia: O Projeto Mazombo é parte da cena que vem consolidando o processo de construção da identidade goiana metropolitana. Esse processo teve início há algumas décadas e vem ganhando corpo através da música, do cinema, do teatro, circo, artes plásticas e grafite. É um fenômeno que consiste na afirmação de um povo limítrofe, já que Goiânia é uma região de fronteira cultural situada entres os universos rural e urbano. A autêntica música goiana metropolitana não é moda de viola nem rock em inglês. É “nóis”.

Projeto Mazombo – Lançamento do CD

Quando: Hoje, às 20h

Onde: Teatro Sesc (Rua 15, esquina com a Rua 19, Quadra 34 – Setor Central)

Quanto: R$ 10

Informações: (62) 3933-1748

Fonte: Diário da Manhã

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