Alunos não preenchem vagas de estágio

Muitos candidatos buscam colocação, exigência até mesmo para conclusão de curso, mas não possuem todas as qualificações exigidas pelas empresas

 

Lúcia Monteiro 29 de junho de 2014 (domingo)

 

Qualificação

 

O estudante Rodrigo de Melo está cursando o último ano do curso de Edificações no Instituto Federal de Goiás (IFG) de Aparecida de Goiânia. Para conseguir se formar, ele precisa ter 200 horas de estágio curricular. Mas Rodrigo e seus colegas buscam, sem sucesso, uma vaga de estágio desde o início do ano. “Já nos cadastramos nos sites de estágio, mandamos e-mails, fomos a várias empresas e fizemos entrevistas. Mas, até agora, a maioria não conseguiu nada”, conta.

Dos 17 alunos de sua turma, só 5 conseguiram estágio fora do colégio. “Não sei o que acontece, se faltam vagas ou interesse das empresas em dar uma oportunidade para quem quer aprender”, diz.

O estudante do 9º ano de Agronomia na Universidade Federal de Goiás (UFG), Valderlei José da Silva Júnior, também procura um estágio para aprimorar seus conhecimentos e adquirir experiência. Ele já se candidatou a vagas em algumas empresas, mas sem sucesso. “Acho que é muita gente para poucas vagas”, acredita. Por isso, ele pretende fazer alguns cursos, como oratória, para se sair melhor nas entrevistas.

Dificuldade

Enquanto isso, entidades responsáveis pelo encaminhamento de alunos para vagas de estágio garantem que a oferta de vagas é abundante em praticamente todas as áreas do nível médio e superior, assim como o ensino técnico. As unidades do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) têm hoje entre 350 e 420 vagas abertas para todas as áreas.

Muitos alunos são encaminhados para entrevistas. O problema é que muitas vagas não são preenchidas por falta de requisitos básicos, como boa comunicação e boa apresentação. “Muitas vezes, eles não têm nem o conhecimentos teórico do que estão aprendendo na escola. Não transmitem segurança para as empresas”, alerta a gerente do Programa de Estágio do IEL, Tarciana Nascimento,

Um dos principais problemas é a dificuldade de comunicação, ou seja, o candidato não sabe se expressar bem para falar sobre ele e sobre suas habilidades. Outras vezes, transmite pouco interesse pela vaga. “Muitos querem que a empresa se encaixe às suas necessidades pessoais, como carga horária, e não o contrário”, explica. A maioria das vagas exige carga horária de seis horas, mas muitos alunos só aceitam fazer quatro horas.

Muitas vezes, alerta, também falta conhecimento básico de português e de uma planilha de Excel. A gerente do IEL adverte que, hoje, os jovens não têm paciência para aprender tudo que precisam antes de procurarem uma vaga. Logo na entrevista, muitos já querem saber qual será o salário, quando conseguirão subir de posição dentro da empresa e quanto estarão recebendo daqui há um ano. Alguns nem comparecem às entrevistas, chegam muito atrasados ou nem possuem um currículo.

Enquanto isso, as empresas querem candidatos que tenham compromisso com o trabalho, queiram aprender e tragam novas ideias. Tarciana alerta que instituições como o Senai oferecem diversos cursos gratuitos que podem ajudar os estudantes a suprir muitas dessas dificuldades.

Cresce exigência por maior preparo

29 de junho de 2014 (domingo)

Hoje, faltam bons candidatos para preencher todas as vagas para estagiários de engenharia, por exemplo, e as instituições responsáveis pela captação fazem divulgação junto a instituições de ensino em busca de talentos. Para o gerente regional do CIEE Centro-Oeste, Cláudio Rodrigo de Oliveira, chega a existir um apagão de mão-de-obra no setor da construção. Nem todas as vagas são preenchidas porque muitos candidatos não conseguem nem fazer uma pequena redação.

O supervisor do CIEE em Goiás, Guilherme Rosa, diz que o mercado costuma oferecer menos vagas de estágio para cursos bem específicos como o de Edificações. De acordo com ele, há um movimento de abertura de mais vagas para cursos técnicos, que têm despertado mais o interesse de jovens e empresas.

Já os cursos como Engenharia vivem um bom momento e as empresas estão condicionadas à contratação desses estagiários. Em sites como o do IEL, os candidatos podem descobrir os requisitos que ainda precisam preencher para conquistar uma vaga. A gerente do Programa de Estágio do IEL, Tarciana Nascimento, lembra que os candidatos fazem seu cadastro no site, mas as vagas só aparecem para aqueles que preenchem os requisitos exigidos pela empresa. Segundo ela, os estudantes que fazem o login descobrem quais exigências não conseguem atender. Assim, eles têm a oportunidade de resolver esses gargalos que impedem a conquista do tão almejado estágio.

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Faltam maturidade e boa comunicação

29 de junho de 2014 (domingo)

De acordo com o gerente regional do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), Cláudio Rodrigo de Oliveira, a maioria das vagas para graduandos de cursos como Engenharia e Arquitetura é preenchida em pouco tempo. Mas sempre faltam bons candidatos para preencher todas. O problema, segundo ele, é que muitos estudantes não conseguem vencer o “funil” dos processos de seleção.

Isso porque, muitas vezes, faltam conhecimentos básicos para a vaga, como o domínio de algum aplicativo importante para o trabalho. Fabiano Santiago Costa, coordenador de Desenvolvimento Humano do Sindicato da Indústria da Construção em Goiás (Sinduscon-GO), alerta que para os profissionais de engenharia e edificações um dos mais importantes é o AutoCad, além da planilha de Excel. “Os estagiários precisam buscar essas qualificações por conta própria e rápido para conseguirem uma vaga”.

Muitas empresas têm bons programas de estágio e trainee, mas reclamam da dificuldade para preencher as vagas. Um dos maiores problemas, segundo Fabiano, é a falta de maturidade comportamental do candidato, como uma boa comunicação e postura profissional. “É muito importante que eles saibam se comunicar bem sobre o que aprenderam, seus projetos e planos de vida”, alerta.

Fonte: O Popular

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