Dificuldades na Rede

Data: 30/06/2014 (versão online) e 01/07/2014 (versão impressa)

Veículo: Diário da Manhã/Editoria "Economia"

Notícia DM_30_06_2014

Dificuldades na Rede

De acordo com o Procon Goiás, as principais reclamações sobre a internet no Estado são a baixa velocidade e a intermitência do sinal

Problemas apresentados podem estar relacionados à falta de infraestrutura de rede e falha na fiscalização da Anatel 

Não há, na atualidade, um aumento significativo acerca do número de reclamações dos serviços de banda larga. Nada que possa ser considerado anormal, ao menos. “Há uma variação devido ao aumento da demanda, o que é absolutamente natural”, é o que diz a Gerência de Atendimento do Procon Goiás. Mas, ainda segundo a Superintendência, mesmo que não seja novidade, a prestação dos serviços – no que diz respeito tanto à parte técnica quanto comercial – é inadequada.

As principais reclamações registradas no órgão de proteção ao consumidor são ligadas à baixa velocidade da internet e à intermitência do sinal, que cai constantemente. Segundo o Procon, as quedas do sinal estão relacionadas “à falta de investimento na infraestrutura de rede e adequada fiscalização por parte da agência reguladora”. No Brasil, a regulamentação e fiscalização da internet, assim como outros serviços de telecomunicações são responsabilidade da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

 

Infraestrutura

Para o professor do Instituto de Informática da Universidade Federal de Goiás (INF/UFG) e presidente do Comitê Gestor da Rede MetroGYN, Celso Camilo, não há duvidas de que os investimentos em infraestrutura são insuficientes. E ele vai além: “Acrescento a falta de gestão das operadoras e controle da Anatel.” Sobre os problemas no setor, Camilo destaca quatro – dos vários, como faz questão de frisar – pontos que merecem atenção. 

O primeiro desses pontos é a ampliação da banda de rede que será multiplexada – dividida entre aqueles que usam a internet simultaneamente. “Em cenários onde a operadora usa a tecnologia ADSL (Asymmetric Digital Subscriber Line), existem inúmeras centrais telefônicas na cidade, sendo que cada uma deveria atender um raio de no máximo 5 km. Dentro dessas centrais, tem o DSLAM (Digital Subscriber Line Access Multiplexer), que divide uma banda de rede para vários clientes simultâneos. Isso faz com que a operadora não entregue o contratado”, afirma e acrescenta que, se a operadora tivesse mais banda para dividir, cada usuário receberia mais.

Outro ponto que deve ter atenção, segundo Camilo, é sobre as operadoras de serviços de internet que usam cabo. Para o professor, deve haver uma modernização da rede atual para fibra óptica até o equipamento do cliente. “Isso permitiria velocidades de Gigabit, como já existe em alguns países”, afirma. Essa velocidade poderia ser até 1.000 vezes maior do que a atual, de acordo com Camilo. Já no caso de operadores de internet móvel, o professor destaca a necessidade do aumento da largura de banda que será dividida entre os clientes e ampliação de torres com equipamentos 4G, evitando as áreas de sombra. Além disso, outro fator importante é o investimento em recursos humanos. “Conversando com alguns funcionários, de diferentes operadoras, percebe-se remuneração inadequada e falta de atualização técnica, principalmente dos terceirizados”, afirma Celso.

De acordo com o professor, quando se trata do serviço de internet, Goiás não enfrenta  problemas muito diferentes da maioria dos Estados brasileiros. “Na verdade, tem Estados que são bem piores, por exemplo, Amazonas”, declara. Ainda segundo Camilo, caso haja uma melhora na infraestrutura do País, haverá, em consequência, melhora no serviço. “Tecnologia não falta. Falta cobrança por parte dos usuários, controle por parte do governo – Anatel – e investimento por parte das operadoras”, dispara e finaliza: “Vale ressaltar que países que têm melhor infraestrutura, têm usuários mais exigentes e, por isso, serviços melhores.”

 

Procon

O Procon explica que se envolve na história realizando o esclarecimento dos direitos dos consumidores e funcionando até mesmo como um mediador. O órgão procura a operadora para tentar resolver a queixa imediatamente e, só em último caso, aplica multa ao fornecedor infringe o direito do consumidor. “Aqui lidamos com queixas como má prestação de serviços (internet com sinal intermitente ou velocidade muito abaixo da contratada), rompimento unilateral de contrato sem aviso prévio ou justificativa e cobranças indevidas”, explica o órgão.

 

Categorias: clipping