Jogo da Vida

Data: 2 de julho de 2014

Veículo: Jornal O Popular/Esportes

Jogo da Vida

 

Jogo da vida

Em partidas da copa, 2 torcedores se sentem mal e morrem. Ambos tinham problemas cardíacos. Especialistas recomendam que pessoas façam exames e tenham hábitos saudáveis

Dois brasileiros morreram, nos últimos dias, quando assistiam aos jogos da Copa – o último caso se deu em São Paulo, no jogo Argentina 1 x 0 Suíça, terça-feira, quando o torcedor Antônio Ferreira, de 64 anos, passou mal, foi atendido e morreu no Hospital Santa Marcelina. O outro caso ocorreu em Belo Horizonte, sábado, quando o Brasil venceu o Chile nos pênaltis. Um torcedor de 69 anos teve enfarte e morreu no Hospital Life Center, na capital mineira.

Os dois torcedores tiveram, em comum, problemas cardíacos, se sentiram mal, foram socorridos, mas não resistiram. E isso poderá ocorrer com outras pessoas, até fora do estádio.

O risco de problemas – como arritmias cardíacas e elevação da pressão arterial – se manifestarem durante jogos com alto grau de emotividade é tema de estudos de especialistas. Um deles é Nabil Ghorayeb, doutor em Cardiologia e chefe do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e do Hospital do Coração, em São Paulo.

A partir de estudo feito na Copa da África do Sul (2010) e que continua na Copa no Brasil, ele aponta que há a ampliação do número de atendimentos a pacientes com problemas cardiológicos durante jogos. A pesquisa é feita em nove prontos-socorros do País.

“Geralmente, os casos ocorrem em pessoas com algum tipo de doença coronária. A morte súbita, por exemplo, pode se dar por uma arritmia cardíaca, que leva a um enfarte”, alerta Abrahão Afiúne Neto, cardiologista do Hospital do Coração Anis Rassi e professor da UFG. No jogo tenso, segundo ele, pode haver a descarga de adrenalina, elevando a frequência cardíaca. O coração acelera batimentos e consome mais oxigênio. Para quem tem algum tipo de anomalia, isso é um risco.

Coordenador da clínica Via Médica e cardiologista da Liga de Hipertensão da UFG, Weimar Sebba diz que há casos que ocorrem com quem tem algum tipo de doença cardíaca que, às vezes, desconhece. “A emoção pode ser a gota d’água para o problema cardíaco se manifestar. Mas a emoção não poderá ser vista como um risco. Se fosse só por isso, simplesmente não poderíamos ter emoções”, ressalta o cardiologista. Ele recomenda às pessoas que tenham conhecimento de sua saúde e, a partir disso, tomem cuidados básicos.

 4 torcedores com problema cardíaco foram atendidos em Goiânia, pelo Samu, no jogo Brasil x Chile

Em Goiânia, após os jogos do Brasil, foram registrados casos de pacientes atendidos com algum tipo de problema cardíaco – nenhum era mais grave. O serviço de emergência do Samu, sábado, atendeu um jovem com 30 anos. O Hospital de Urgência de Goiânia (Hugo) registrou vários casos de ferimento em acidentes de trânsito, brigas e homicídios.

O torcedor deve ter cuidados, como se conhecer em termos de saúde (ir ao médico, principalmente). A partir do diagnóstico, terá de obedecer às recomendações caso seja diabético, tenha colesterol alto ou problema de pressão arterial. É preciso tomar medicação receitada, evitar abusos (mistura de bebidas alcoólicas com energéticos e drogas, por exemplo) e ter alimentação leve e saudável.

A prevenção ainda é a principal recomendação dos médicos aos torcedores. A incidência de casos de problemas cardiológicos cresceu 28% na 1ª fase da Copa, segundo a pesquisa de Nabil Ghorayeb. Para ele, pode chegar a 50% nos jogos de mata-mata. O grande vilão dos casos diagnosticados é mistura de cerveja, estresse e comidas gordurosas.  

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