Mulheres eram roubadas no grito

Suspeito foi preso ao tentar roubar carro para comemorar aniversário. Ele foi seguido por populares e amarrado. Na delegacia, confessou crime

11 de julho de 2014

 

Na carteira de trabalho a profissão é de conferente de carga e descarga, mas o que garante mesmo a renda mensal de Fabrício Alves Silva é o roubo de carro. Preso ontem, quando completou 24 anos, ele confessou que é ‘especialista’ em roubar mulheres e que faz a própria renda mensal variar entre R$ 8 mil e R$ 16 mil de acordo com o modelo de carro que rouba.

Sem demonstrar arrependimento do que havia feito, gabou-se de não usar arma de fogo para cometer os assaltos. “Roubo no grito”. E gritou para demonstrar. “Passa a chave!”

Segundo ele, o método é infalível. As mulheres se assustam e acabam entregando a chave do carro, que é vendido para uma quadrilha. Ele revelou que age principalmente no Setor Leste Universitário e que rouba apenas carros do ano. “Dependendo do carro eu posso ganhar até R$ 8 mil”, disse. 

ASSALTO

Fabrício disse que escolhe suas vítimas primeiramente pelo modelo e ano do carro. Se a mulher está sozinha e tem aparência frágil é presa fácil para o assaltante.

Ele foi preso ontem de manhã quando abordou uma dona de casa de 49 anos na Rua 223, nas imediações do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG). A mulher mora nos Estados Unidos há 9 anos e está há 9 meses em Goiânia acompanhando o tratamento de saúde da mãe, internada no HC.

Ela contou que estacionou e fechou o carro na Rua 223 porque não havia vaga para estacionar perto do hospital. Ao descer para levar a comida para a mãe e a irmã, o rapaz chegou gritando para ela entregar a chave do carro.

Eu não entendi o que estava acontecendo. Só estranhei de alguém pedir a chave do carro porque eu estava sozinha. Notei que era um assalto quando ele puxou a chave do carro e a minha bolsa. Agarrei a bolsa e ele a jogou em mim”, disse.

Foi ao jogar a bolsa na vítima, que gritava e batia com as mãos no capô do carro, que Fabrício foi notado por pessoas que passavam pelo local, entre eles um lutador de jiu-jitsu. Segundo a vítima, o rapaz estava na garupa de uma motocicleta e apontou algo que estava na mão (parecido com um grampeador ou aparelho para remarcar preços em supermercados) para o assaltante, que saiu do carro correndo.

O lutador de jiu-jitsu, que não foi identificado pela polícia nem pela vítima, desceu da motocicleta e começou a correr atrás do assaltante. Outras pessoas que viram o assalto também correram atrás de Fabrício, o alcançando a dois quarteirões dali, na Rua 231, no Setor Leste Universitário.

ESPANCAMENTO

Fabrício foi espancado pelo grupo e amarrado pelos pés e mãos. “Ele apanhou bastante. Ele só não foi linchado porque chegamos. O encontramos amarrado como a um porco e com várias escoriações”, contou o cabo Costa, da Polícia Militar.

Segundo ele, Fabrício tinha duas passagens por roubo de veículos na Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automotores, um mandado de prisão em aberto por homicídio (ele matou um adolescente no Jardim Curitiba em 2010) e pela tentativa de homicídio da própria sogra.

Não levo nada, nem a bolsa”

Fabrício Alves Silva ganhou um par de algemas no dia do aniversário logo após roubar e não levar o carro de uma dona de casa. Ele foi perseguido, espancado e preso por populares no Setor Leste Universitário

11 de julho de 2014 (sexta-feira)

Você rouba carros apenas de mulheres?

É. Eu prefiro abordar apenas mulheres. Dá menos trabalho.

E não usa arma?

Não gosto de usar arma. Vou no grito mesmo. Chego gritando para ela passar a chave e geralmente isso acontece. Não levo nada, nem a bolsa. Só quero o carro delas.

Como você escolhe a vítima?

Primeiro pelo modelo e ano do carro. Depois eu olho se ela está sozinha e por último, se a mulher tem aparência frágil.

Hoje não deu certo...

Ela reagiu e como eu não ia vender o carro dela resolvi desistir.

Não ia vender?

Não se interessaram pelo modelo do carro. Eu ia vender as rodas e fazer uma compra para casa porque é meu aniversário.

Você quase foi linchado. Se assustou?

Não. Estou com uns arranhões. É um risco que se corre.

Fonte: O Popular

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