Resistência: Maritaca de perna clara voa 3 dias sem parar sobre o mar
Data: 28 de abril de 2015
Fonte: nação ruralista
Link da matéria: http://www.nacaoruralista.com.br/noticia?id=63729
Um dos menores pássaros do mundo, a “Mariquita-de-perna-clara” consegue viajar por três dias seguidos durante a migração, diz estudo. A descoberta ajudará na conservação da espécie.
Ela é uma das menores espécies de pássaro do mundo. Mas não se engane. Esse bichinho, que não chega a pesar 20g, é capaz de empreender uma das viagens mais longas e exaustivas documentadas. Ao migrar da América do Norte para a América do Sul, (VENEZUELA OU COLÔMBIA) a mariquita-de-perna-clara pode voar por três dias sem parar, percorrendo mais de 3 mil quilômetros sobre o Oceano Atlântico.
A constatação é de um estudo encabeçado pela Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, que segundo os autores apresenta “provas irrefutáveis“ da gigantesca façanha dos pequeninos alados. A viagem ocorre sempre que o inverno atinge o Hemisfério Norte. As mariquitas mais leves (cerca de 12g) fazem algumas paradas. Primeiro.
Aterrissam em algum ponto entre Porto Rico, Cuba e Grandes Antilhas.De lá, completam o percurso até Venezuela ou Colômbia. As maiores, no entanto, conseguem completar o caminho sem paradas. “Um pássaro que pesa 16,6g voa uma distância máxima de 3.800 km, conta Bill Deluca, principal autor do estudo.
Os cientistas suspeitavam que o passarinho, também exímio cantor, era capaz de cruzar o Atlântico em dois ou três dias porque, as vezes, aves exaustas eram flagradas pousando em navios a centenas de quilômetros da costa. Agora com o avanço da tecnologia, puderam confirmar a teoria.
Para isso, utilizaram geolocalizadores ultra pequenos, leves o suficiente para serem presos nos animais sem atrapalhar o vôo. Os dispositivos, que pesam 0,5g e têm o tamanho de uma moeda de 10 centavos, foram acoplados como mochilas às costas de 40 exemplares capturados entre maio e agosto de 2013 em Vermont (EUA). Deluca conseguiu, mais tarde, recapturar cinco dos pássaros.
FISIOLOGIA
Esta é a primeira vez, em 50 anos, que os cientistas reúnem dados tão preciosos sobre o itinerário do passarinho. Os detalhes da rota foram publicados na edição mais recente da revista “Biology Letters”. Até pouco tempo atrás, os estudos sobre o vôo das mariquitas eram feitos com a ajuda de radares. Nathália Machado, pesquisadora pós-doutora do Laboratório de Biogeografia da Conservação da Universidade Federal de Goiás (UFG), considera os resultados muito interessantes.
A mariquita-de-perna-clara possui ainda o mérito de fazer reservas energéticas suficiente para garantir a sobrevivência na migração. Com isso, chegam a dobrar de peso. Há ainda o fato de ser uma rota perigosa, “uma das mais audaciosas”, segundo Nathália Machado. Percurso pelo oceano, a ausência de paradas, o tipo de ambiente que a ave habita, são fatores que contam mais contra do que a favor.
Para as pequenas aves canoras, só agora é que começamos a compreender as rotas migratórias que ligam os “habitats” temperados onde se reproduzem com os” habitats” tropicais onde passam o inverno.
Os pesquisadores ainda não sabem por que os passarinhos optam pelo caminho mais difícil e perigoso, mas imaginam que eles assumam o risco em troca de uma viagem mais rápida.
Machado pontua que compreender a migração, descobrir a rota e os pontos de parada, além das condições as quais são expostas.
Por exemplo, alguns animais não conseguem chegar ao peso ideal para a migração e acabam morrendo no percurso pela falta de seu alimento principal, lagartas e insetos, esteja em declínio.