Professores votam a favor da greve

56% dos docentes votaram pela paralisação, que deve iniciar na próxima segunda-feira (18)

Cleomar Almeida
14 de junho de 2012 (quinta-feira)

Os professores da Universidade Federal de Goiás (UFG) decidiram em plebiscito nesta quarta-feira (13) entrarem em greve geral a partir da próxima segunda-feira (18). O resultado da votação, realizada durante todo o dia, foi divulgado às 23 horas pela Associação dos Docentes da UFG (Adufg) e teve 56% de votos a favor da greve e 40% contrários. 854 docentes filiados à Adufg participaram da votação.

Os resultados oficiais da votação foram: 486 votos a favor da greve, 343 contra, 13 brancos e 12 nulos.  A Diretoria Executiva da Adufg deve se prnunciar apenas nesta quinta-feira (14), quando se reunirá para definir a condução do movimento grevista. Na terça-feira (12) os servidores técnico-administrativos da universidade tinham decidido entrar em greve. Na semana passada os estudantes também aprovaram paralisação a partir desta semana. Cerca de 50 universidades federais estão em greve em todo o país desde o dia 17 de maio.

Os professores da UFG foram um dos últimos a decidir pelo apoio do movimento nacional de paralisação nas universidades federais espalhadas pelo País. Ao todo, 52, das 59 Instituições federais de Ensino Superior (Ifes) suspenderam as atividades. Entre as principais reivindicações estão a equiparação do piso e do teto salarial da categoria com as carreiras de Ciência e Tecnologia, a reposição de 16% de perdas salariais acumuladas nos últimos três anos e a retirada imediata da alteração dos cálculos de insalubridade e periculosidade. Além disso, os profissionais também cobram melhores condições de trabalho e infraestrutura das instituições de ensino superior vinculadas ao governo federal.

Impasse antes da votação

Dias antes do plebiscito o clima entre os professores era de tensão. Dentro da UFG havia divisão clara entre o grupo favorável e contrário à greve. A briga entre os dois grupos se intensificou na quarta-feira da semana passada, quando uma grande discussão tomou conta do teatro da Escola de Música e Artes Cênicas (Emac) da universidade. No local, foi realizada uma assembleia geral para decidir os rumos do movimento, mas houve brigas e agressões físicas e verbais entre professores vinculados à Adufg e o Comando Local de Greve. Segundo a diretora da Adufg, Rosana Borges, até a polícia foi acionada para registrar boletim de ocorrência.

Mesmo diante desse impasse, o movimento passou a ganhar tom na universidade e, segundo o professor Fernando Lacerda, do comando local de greve, se fortaleceu nos últimos dias. Aderiram ao movimento nacional os câmpus da UFG na Cidade de Goiás, em Catalão e em Jataí. Em Goiânia, contou, seguem na mesma linha as faculdades de Educação, de Educação Física, de Letras e de Artes Visuais, além do Instituto de Química.

Votação eletrônica

A decisão pelo pleito eletrônico foi tomada pela Adufg após a reviravolta no teatro da Emac. o processo foi acompanhado por representantes da secional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO) e do Ministério Público do Trabalho (MPT). o comando de greve, contudo, Acusa da diretoria da Adufg de tentar “dividir o movimento”. Eles “diversos indícios de problemas no processo plebiscitário, como, por exemplo, filiados não recebendo senhas para votar ou recebendo senhas de outros filiados”.

O procurador chefe do MPT, Januário Justino Ferreira, disse, entretanto, que considerou “absolutamente legal e legítima a votação organizada pelo dirigentes da Adufg”. O conselheiro da OAB Alexandre Prudente Marques também afirmou que “aparentemente, não constatou nenhum problema no início dos trabalhos”.

De acordo com Rosana Borges, algumas urnas foram disponibilizadas na sede do sindicato, no Setor Leste Vila Nova, para os professores que tiveram problemas com login e senha ou não receberam os emails com o aviso da realização do plebiscito. Rosana também explicou que o sindicato decidiu pelo plebiscito para “garantir a integridade física dos professores e evitar uma nova confusão”.

Para o Ministério da Educação, a greve dos docentes não tem justificativa. A categoria já recebeu aumento salarial de 4% retroativo a março, além de algumas gratificações incorporadas. A pasta reconheceu, entretanto, que falta a reestruturação da carreira, mas argumentou que há prazo legal para que essa negociação seja concluída, já que o orçamento de 2013, que vai custear as mudanças, só será fechado em 31 de agosto.