Dois músicos de carreiras internacionais - um russo veterano em concertos e um jovem pianista de Anápolis – estrelam a segunda edição do Festival Música no Coração do Brasil, que começa hoje no Teatro Sesi, às 20 horas, com entrada franca. O objetivo do evento é fomentar e discutir a carreira do profissional de música clássica. O concerto que abre nesta noite a programação leva ao palco Diego Caetano juntamente com a Orquestra Sinfônica de Goiânia. A segunda e última apresentação do festival será na quinta-feira, com o russo Dmitri Makhtin em recital de violino solo.

Formado pela UFG, Diego Caetano, tem 23 anos e 11 deles dedicados ao piano. Morando nos Estados Unidos desde 2010, o pianista divide-se entre o curso de doutorado em performance e música contemporânea na Universidade do Colorado – onde tem aulas com mestres como a pianista Tereza Bogarb – e concertos mundo afora, além de se dedicar à função de professor assistente nos Estados Unidos. No primeiro semestre deste ano, Diego Caetano realizou 24 concertos em terras norte-americanas e, nas férias de julho, tocou em salas e teatros do Canadá, de Lisboa e de Portugal.

“Eu sempre sonhei com essa rotina, que cumpro com um prazer enorme, porque sempre sonhei em ser pianista. Pretendo continuar nela, pois quero me apresentar em teatros consagrados onde ainda não toquei, em Amsterdã e na Alemanha”, conta Diego Caetano.

No recital de hoje, que terá duração de 1h30, o programa de obras para piano e orquestra terá o Segundo Concerto nº 2, de Chopin, e uma peça contemporânea. “Junto da orquestra vou executar, além de Chopin, uma peça da Anne Guzzo, compositora dos Estados Unidos e também minha professora. Ela compôs Noturna para Goiás, especialmente para eu estrear”, orgulha-se o pianista. Ele explica que o concerto é didático e que Noturna para Goiás acompanha características da obra de Chopin: é dramática, introvertida, passional e virtuosa.

Mercado

Para Diego Caetano, o mercado para pianistas está em ascensão. “Acho que no Brasil, além de disciplina, falta um maior respeito pelo aluno durante as aulas. Isso quer dizer que o aluno precisa chegar para a aula já com a peça estudada. Nos Estados Unidos e em outros lugares, o professor nem ouve o aluno tocar se sentir que ele não estudou antes”, compara o jovem, que além de inglês estudou outras sete línguas, como espanhol, francês, alemão e japonês.

O goiano, que já ganhou concursos na China e no Japão, contabiliza mais de 35 prêmios dentro e fora do Brasil, como o Concurso Internacional de Piano Lalla Meryam (Marrocos), Concurso Internacional Claudio Arrau (Chile), e, no Brasil, Concurso de Piano Paulo Giovanini, Concurso de Piano Lorenzo Fernandes, Concurso de Piano Orestes Farinello, Concurso de Piano Arnaldo Estrella.

Com sensibilidade e controle técnico apurado, que marcam seu estilo de tocar, Diego Caetano tem encantado por suas performances que englobam compositores de vários períodos como Villa-Lobos, Chopin, Bach, Beethoven, Mozart e Fauré.

“Esta é a primeira vez que a Orquestra Sinfônica vai se apresentar ao lado de Diego Caetano, um jovem talentoso com o qual agendamos há meses esta apresentação”, conta o maestro Joaquim Jayme, que será o regente da apresentação da Orquestra Sinfônica de Goiânia com o pianista goiano. O maestro diz que o Concerto nº 2 será o momento de maior destaque da primeira parte. Depois, a Orquestra executará sozinha Egmont, de Beethoven, e Sinfonia nº 25, de Mozart.

Evento: Festival Música no Coração do Brasil

Concertos: Hoje, Diego Caetano (piano) e Orquestra Sinfônica de Goiânia; quinta-feira, Dmitri Makhtin (violino), sempre às 20 horas

Local: Teatro Sesi (Av. João Leite, nº 1.013, Setor Santa Genoveva)

Informações: 3201-4907

Entrada franca

Esta edição do Festival Música no Coração do Brasil homenageia o Lilian Centro de Música, onde Mirian Camelo Bezerra de Menezes, organizadora do evento, é professora. “A escola funciona há 45 anos e tem fomentado o mercado com vários talentos que se destacam dentro e fora do Estado, como professor ou concertista”, justifica Mirian. Lílian Meire Silva Carneiro de Mendonça, que comanda a escola, ressalta que, mais do que nunca, Goiânia vive uma ótima fase no ensino de música. “A música pode preencher um sentimento de vazio nas novas gerações”, observa Lílian, que começou a estudar piano aos 4 anos, aos 13 já ensinava e se formou na Faculdade de Música da UFG. Lílian lembra que tudo começou com o trabalho pioneiro de Nhanhá do Couto e expandiu-se nas mãos de sua neta Belkiss S. Carneiro de Mendonça, culminando na formação do Instituto de Artes da UFG, hoje EMAC, que engloba a Faculdade de Música e de Artes Visuais.